Capítulo 22 - Fodeu.

2.6K 278 14
                                    

Camila puxou o cinto de segurança da barriga e abriu o botão da calça capri.

— Deus, estou tão cheia.

Lauren não respondeu, talvez porque ela estava totalmente focada em puxar o Audi para o tráfego noturno leve.

— A 101 ainda pode estar fechada — disse Camila. — Devíamos pegar a Brand. — Novamente nenhuma resposta de Lauren, mas ela seguiu para o sul na Brand Avenue.

Camila olhou para ela, tentando distinguir suas feições sob as luzes de um carro que se aproximava.

Lauren tinha aquele olhar de terapeuta no rosto, o que Camila sabia agora significava que ela estava segurando suas emoções.

— O que foi? Achei que correu muito bem esta noite. Você não achou?

Para ser honesta, ela não tinha certeza de quão afetada e adequada Lauren se encaixaria com seus amigos mais descontraídos, mas para sua surpresa, Lauren se deu bem com todas. Ela parecia genuinamente interessada nas anedotas de Dinah sobre a vida como dublê e fez todo mundo rir quando contou uma história hilária sobre comprar para o sofá de seu escritório.

— Ah sim. Muito bem. — A voz de Lauren estava cheia de sarcasmo. — Especialmente nas partes em que eu fiz papel de idiota!

Do que diabos ela estava falando?

— Você quer dizer quando você pingou iogurte em cima de mim? Isso não foi grande coisa.

Lauren freou um pouco abruptamente no sinal vermelho, fazendo Camila pressionar a mão contra o painel, e virou a cabeça para encarar Camila.

— Eu não estou falando sobre isso.

— O que então?

— Estou falando sobre quando você de repente ficou toda quieta e pálida e Lena se desculpou por... nem sei o quê!

O sinal ficou verde e Lauren acelerou no cruzamento.

A náusea percorreu a boca do estômago de Camila. Ela agarrou a maçaneta da porta. Lauren estava em alta velocidade ou apenas parecia para ela?

— Isso é bobagem! Ninguém pensou que você pareceu uma idiota.

— Ah não? Eu era a única que não tinha ideia de algo que obviamente te chateava.

— No momento, é você quem está me chateando! — O suor frio pontilhava sua testa. Ela olhou pela janela lateral para os prédios que pareciam voar rápido demais.

— Oh, agora você está chateada quando você era quem me fez parecer idiota na frente de todas as suas amigas? Você não poderia ter pelo menos me falado sobre a EM de Normani ou essa tal de Katrina?

— Você quer dizer tipo a maneira como você me contou tudo sobre Abby e sua separação?

Elas se encararam.

Camila engoliu a bile que subia em sua garganta.

— Você poderia, por favor, manter seus olhos na estrada?

Com um grunhido, Lauren voltou sua atenção para a rua à frente.

— Eu não ter te contando todos os pequenos detalhes sobre Abby... Isso é diferente.

— Ah é? Como?

— É diferente porque... porque... porque sou eu que estou pagando a você, e não o contrário!

As palavras atingiram Camila como um soco no estômago, aumentando sua náusea.

— Oh, uau. Que maneira de me fazer sentir como uma prostituta — ela murmurou.

Lauren não parecia ouvir ou se importar.

— Estou pagando a você para me salvar da humilhação pública, não para me fazer parecer idiota.

— É só com isso que você se preocupa? Como você parece para as outras pessoas? Você quer saber, Lauren? Para uma psicóloga, você com certeza tem muitos traumas!

Lauren estremeceu como se Camila a tivesse esbofeteado.

— Diz aquela que está sentada em um carro, tremendo e se recusando a falar sobre isso! — ela atirou de volta.

— Você adoraria, não é? Para que você pudesse se concentrar no que há de errado comigo, em vez de nos seus próprios problemas.

Lauren deu um nó no volante.

— Isso é um absurdo. Se quero convencer os outros de que sou sua parceira amorosa, preciso saber o que está acontecendo com você. — Sua voz se suavizou quando ela acrescentou: — E eu quero te ajudar.

— Eu não preciso de ajuda e certamente não da sua. Agora dirija mais devagar, caramba, antes de matar nós duas!

— Estou dentro do limite de velocidade — disse Lauren, mas diminuiu o nível do acelerador de qualquer maneira.

Elas passaram o resto da viagem de quarenta minutos em silêncio.

Quando Lauren entrou na garagem, Camila saiu do carro com as pernas trêmulas. Sem esperar por Lauren, ela foi até a porta e colocou o código de segurança no teclado.

Uma luz vermelha piscou no painel. Código errado. Droga.

Lauren passou por ela.

— Deixe-me fazer isso.

Camila cerrou os dentes, odiando a sensação de ficar parada ali como uma criança indefesa que não conseguia nem abrir a porta sozinha. Mas se ela não queria ficar lá metade da noite, ela tinha que se afastar.

Assim que a porta se abriu, as duas avançaram, quase colidindo.

Eles se encararam, então Lauren acenou para que ela entrasse e entrou na casa atrás dela. As portas dos quartos se fecharam atrás delas sem que trocassem outra palavra.

Camila afundou contra a porta. Excelente. E amanhã teremos que convencer meia dúzia de terapeutas de que estamos apaixonadas... Se Lauren não quiser cancelar nosso acordo. Ela tirou a blusa manchada, jogou-a do outro lado do quarto e caiu de cara na cama.

— Fodeu — ela gemeu no travesseiro. 

Opposites Onde histórias criam vida. Descubra agora