Capítulo 45 - Sonho estúpido.

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Um som arrancou Lauren de um sono profundo. Ela piscou sob a luz fraca fornecida pelo Empire State Building e outros arranha-céus próximos ao hotel e tirou uma mão de debaixo das cobertas para enxugar a testa.

Deus, que pesadelo!

Vagamente, ela se lembrou de ter sonhado que ela e Camila haviam se encontrado com a Sra. Huge. Mas, em vez de bater papo e discutir os termos do contrato, a editora de aquisições as interrogou sobre o relacionamento, como se suspeitasse que estavam apenas fingindo ser um casal.

Perguntas intermináveis foram disparadas contra elas: Quando elas se conheceram? Onde estava seu primeiro encontro? Como sua família reagiu ao noivado? Qual era a coisa favorita de fazer na cama?

Lauren revirou os olhos. A Sra. Huge definitivamente não perguntaria isso. Foi um sonho estúpido, nada m...

Um gemido próximo a ela a fez se endireitar.

Camila!

Ela estava enrolada sob as cobertas, gemendo e ofegando. Claramente, ela estava tendo um pesadelo também, mas o dela parecia ser sobre algo muito pior do que perguntas intrusivas sobre sua vida sexual.

Uma sequência constante de gemidos saiu da garganta de Camila, e ela murmurou algo que Lauren não conseguiu entender. Era oh Deus, oh Deus?

O olhar de Lauren disparou ao redor como se procurasse ajuda.

Você é uma psicóloga treinada, pelo amor de Deus! Faça alguma coisa! Mas por mais que tentasse, ela não conseguia se lembrar se você deveria acordar uma pessoa de um pesadelo tão intenso ou não. Quando se tratava de Camila, todo o treinamento dela não valia de nada.

Então Camila respirou fundo, estremecendo, que quase soou como um soluço, e Lauren não aguentou mais.

Gentilmente, ela tocou as pontas dos dedos no ombro de Camila.

— Camila? Acorde. É apenas um sonho.

Camila acordou com um suspiro, como um mergulhador que acabou de chegar à superfície depois de quase se afogar. O branco de seus olhos brilhava na luz de fora enquanto ela olhava ao redor freneticamente, não completamente acordada.

— Está tudo bem — Lauren sussurrou. — Acho que você teve um pesadelo.

Um gemido saiu do peito de Camila. Antes que Lauren pudesse reagir, Camila se jogou em seus braços e enterrou o rosto na curva de seu pescoço.

— Uh. — Lentamente, Lauren ergueu as mãos. Ela hesitou com os dedos pairando sobre as costas de Camila. Todas as suas preocupações — manter uma distância profissional, cumprir os termos do contrato — não eram importantes agora. Camila precisava dela. Ela abaixou as mãos e acariciou suavemente as costas de Camila.

Estremecimentos atormentaram o corpo de Camila. Enquanto Lauren repetia seus toques calmantes uma e outra vez, elas lentamente diminuíram até que Camila ficou imóvel em seus braços e os músculos tensos sob seus dedos relaxaram.

Camila fungou uma vez, depois exalou.

Seu hálito quente causou arrepios na pele de Lauren.

Pare com isso, ela disse a seu corpo rebelde. Camila precisava de um amigo; sua libido estúpida e confusa não tinha lugar nisso.

— Desculpe — Camila murmurou e tentou se afastar.

Lauren não deixou. Ela gentilmente a segurou com um braço enquanto ela levantava a outra mão e afastava uma mecha de cabelo umedecido de suor do rosto de Camila.

— Não se desculpe. Quer me contar sobre isso?

Camila se virou de lado e se aninhou em Lauren como um urso coala gigante.

— Foi o mesmo sonho estúpido.

— Você tem sonhando com o acidente? — Lauren se esforçou para não mudar para o modo de terapeuta, porque ela sabia que Camila se retiraria se ela sentisse isso. Verdade seja dita, com Camila aninhada contra ela, era fácil manter seu terapeuta interno sob controle.

— Sim. É sempre o mesmo. Mas desta vez...

— Desta vez? — Lauren perguntou quando Camila não continuou. Ela abanou os dedos sobre o ombro de Camila. — Não se preocupe. Não estou psicanalisando seus sonhos.

— Eu sei. Não é por isso que eu... — Lana mordiscou o lábio inferior. — Achei que esses pesadelos tivessem parado. Não sei o que os está desencadeando agora.

Lauren passou os dedos suavemente pelas costas de Camila novamente.

— Talvez todo esse estresse. Se você preferir não vir para a entrevista e apenas me encontrar no restaurante onde almoçaremos com a Sra. Huge...

Não seria o ideal. Uma vez que a entrevista estava marcada para durar até as onze e meio-dia era o único momento em que a Sra. Huge poderia se encontrar com as duas, elas teriam que ir da estação de rádio diretamente para a reunião com a editora. Era por isso que ela queria que Camila a acompanhasse à entrevista para que a Sra. Huge os visse chegarem ao restaurante juntos. Isso reforçaria a imagem de Camila como a noiva solidária que ajudaria a promover o livro de Lauren de todas as maneiras que pudesse.

— Não — disse Camila imediatamente. — Eu quero ir. Eu vou ficar bem. Não se preocupe. Eu não vou te decepcionar.

— Não é isso que me preocupa. Estou preocupada com você, não com o contrato do livro. Ok, não só sobre o do livro.

— Eu vou ficar bem — Camila repetiu. — Mesmo. — Ela bocejou amplamente. — Devíamos tentar voltar a dormir, ou não estaremos no nosso melhor amanhã. — Lauren acenou com a cabeça.

Nenhuma delas se soltou ou se afastou.

— Está... está tudo bem se ficarmos assim por mais um pouco? — Camila parecia quase infantil. Ela procurou o rosto de Lauren na semiescuridão. — Talvez... até eu voltar a dormir?

— Certo. — Normalmente, Lauren preferia um pouco de espaço enquanto tentava dormir, mas se um pouco de contato físico acalmasse Camila e a ajudasse a descansar um pouco, seria uma boa coisa para o negócio do livro.

Para ser honesta consigo mesma, essa não foi a única razão pela qual permitiu que Camila continuasse agarrada a ela. Ter o corpo quente e curvilíneo de Camila perto foi tão sensual e relaxante quanto um banho de espuma.

Pelo menos por enquanto, a estranha tensão entre elas parecia ter diminuído.

— Durma bem — Lauren sussurrou. — E se você tiver outro pesadelo, me acorde.

Camila deu uma risadinha.

— Se eu tiver outro pesadelo, estarei dormindo e não poderei acordar você.

— Verdade. Então é melhor você não ter outro pesadelo.

Camila encostou a bochecha no ombro de Lauren.

— Eu não acho que vou ter. — Ela balançou os dedos dos pés contra os pés de Lauren e bocejou. Logo, sua respiração ficou mais profunda.

Lauren a observou por um tempo, ficando quase vesga porque Camila estava muito perto. Segurando-a enquanto ela dormia, protegendo-a, enchia-a de uma sensação calorosa que ela não queria examinar muito de perto.

Para seu próprio espanto, não demorou muito até que ela começou a cair no sono também.

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