Capítulo 28 - Provador.

3.2K 300 42
                                    

Às vezes, a personalidade de seguir as regras de Lauren era uma coisa boa, Camila decidiu enquanto Lauren guiava o Audi pelo tráfego de para-choque a para-choque, avançando lentamente em direção a Santa Monica. Lauren nunca violava as leis de trânsito ou tentava manobras arriscadas para chegar a onde estava indo mais rápido, então Camila se sentia segura no banco do passageiro — ou tão segura quanto ela jamais se sentiria em um carro.

Camila acariciou o painel com os dedos.

— Então, eu acho que você não nomeou o seu?

— Meu o quê? — Lauren perguntou sem desviar o olhar da rua.

— Seu carro, é claro. Ela precisa de um nome.

— Por que seria ela?

Camila deu uma risadinha.

— Meu primeiro padrasto, o pai de Megan, sempre disse que qualquer coisa que custe muito dinheiro e leve tanto tempo para manter é claramente mulher.

Lauren arqueou as sobrancelhas.

— O que sua mãe dizia sobre comentários como esse?

— Não muito. Na verdade, ele não era um cara mau. Os que vieram antes dele eram os idiotas. — Mas ela não queria entrar nesse tópico com Lauren, então ela perguntou: — E quanto a Sophia ou Blanche? Como um nome para o seu carro, quero dizer.

O motorista atrás delas buzinou quando Lauren freou em um sinal que tinha acabado de ficar vermelho ao invés de tentar atravessar o cruzamento. Lauren o ignorou e se virou para Camila.

— Deixe-me adivinhar. Você gosta das Golden Girls.

— Certo. O que há para não gostar?

Uma nova música começou na estação antiga que Lauren havia sintonizado.

Camila reconheceu imediatamente. Era "Good Vibrations", dos Beach Boys. Oh, por favor, não. Essa música não. O suor frio estourou por todo o corpo e escorreu entre as omoplatas. Ela queria estender a mão para desligar o rádio ou mudar para outra estação, mas não conseguia se mover. A buzina de um carro soou atrás dela, fazendo o mundo ao seu redor ficar confuso.

Pare! Faça parar!

O medo afundou as garras afiadas em seu peito, tirando o ar de seus pulmões.

Não consigo... respirar!

Seu coração batia tão rápido que parecia que ia desistir a qualquer momento.

Tudo girava em torno dela como um carrossel, mas ela ainda podia ver cada detalhe com clareza cristalina enquanto um punhado de segundos parecia se estender por uma eternidade: o rosto de olhos arregalados do motorista no carro que se aproximava, o airbag explodindo em sua direção, o capô de seu carro amassado, vidro se espatifando.

Piores do que aquelas luzes foram os sons. Os freios guincharam, as buzinas soaram, o metal foi triturado. Alguém gritou. Pode ter sido Camila.

Cada músculo de seu corpo enrijeceu, preparado para a dor do metal cortando dentro dela.

O cinto de segurança se esticou, prendendo-a no lugar.

Esmagada! Ela seria esmagada viva.

A dor percorreu seu braço, sua perna, por toda parte.

Então veio aquele silêncio terrível, pior ainda do que os sons. A única coisa que ela podia ouvir era o assobio de óleo derramando sobre um motor quente e gotejamento, gotejamento, gotejamento de sangue espirrando no tapete.

Opposites Where stories live. Discover now