Capítulo 33 - Voz sexy.

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O desejo de correr atrás de Abby quase oprimiu Lauren. Mas agir por impulso nunca foi sua praia. Além disso, era isso que ela queria, não era? Que Abby acreditasse que estava feliz com outra pessoa.

Então por que aquele nó em sua garganta não se dissolvia?

Camila deslizou a mão da barriga de Lauren e afrouxou o aperto em sua cintura.

— Eu exagerei? Quando eu toquei em você...

Esse toque tinha sido um pouco demais, mas não do jeito que Camila estava pensando. Aparentemente, sua libido muito confusa não havia recebido a mensagem de que tudo isso era uma farsa. Pensar naquele lento deslizar do dedo de Camila em sua cintura fez uma nova onda de arrepios se espalhar pela pele de Lauren.

Ela suspirou.

— Não sei. Acho que não há manual para uma situação como esta.

Uma sugestão de sorriso dançou nos cantos da boca de Camila.

— Talvez você devesse escrever um.

— Não, obrigada — Lauren murmurou. Tão baixo que ela nem tinha certeza de que Camila podia ouvi-la, ela acrescentou: — Estou começando a duvidar de que pretendo escrever sobre relacionamentos — Camila olhou para ela.

— Vamos — Lauren disse. — Vamos sair daqui.

Enquanto esperavam que o manobrista trouxesse o carro, Camila disse:

— Sabe, não esperava que Abby fosse assim.

— Assim como? — Lauren perguntou.

— Tão legal. Bem, além daquele pequeno tiro de despedida.

— Ela só ficou magoada porque pensou que eu deixaria você ler o manuscrito.

Espere um segundo... Por que ela estava defendendo sua ex-noiva?

Camila se virou para ela e a estudou.

— Você nunca a deixou ler?

Lauren balançou a cabeça.

— Por quê?

— Renata e um dos meus outros colegas leram e me deram tanto feedback que não achei necessário deixar Abby ler. Ter muitos cozinheiros na cozinha estraga o caldo, sabe? — Parecia uma desculpa fraca, até para ela mesma. Honestamente, ela nunca tinha realmente pensado sobre por que ela não tinha deixado Abby ler.

Então por que você não pensa nisso agora?

Aquela vozinha em sua cabeça parecia muito com a dela quando estava conversando com um cliente. Droga, Camila está certa. Essa voz de encolher é irritante.

Camila ainda olhava para ela, esperando pacientemente.

O manobrista chegou com o carro, dando a Lauren um pequeno adiamento.

Ela deu uma gorjeta para ele e abriu a porta do passageiro para Camila. Engraçado como aquele gesto foi natural, como se elas estivessem namorando de verdade.

Ela as conduziu pelas ruas do centro de Los Angeles por um ou dois minutos antes de dizer:

— Talvez em algum nível, eu já tivesse percebido que havia rachaduras em nosso relacionamento e não queria que Abby começasse a vê-los também depois de ler o livro. Ou talvez eu não estivesse pronta para compartilhar essas partes de mim com ela. Um livro é uma coisa muito pessoal, sabe?

— Você estava pronta para compartilhar o resto de sua vida com Abby, mas não essas partes de você?

Lauren fez uma careta. Falando assim, parecia muito ruim.

— Agora quem está parecendo uma psiquiatra?

— Agora quem está desviando?

Lauren não conseguiu evitar o riso e, ao mesmo tempo, ficou maravilhada com a capacidade de Camila de fazê-la rir quando estava se sentindo tão deprimida. Ela parou em um sinal vermelho e ficou séria.

— Talvez eu deva pedir ao editor mais tempo para revisar o livro antes de enviá-lo novamente. Eu claramente não sou tão boa em relacionamentos quanto pensava.

— Talvez o que seus leitores precisem não seja de uma especialista sabe-tudo que tem um relacionamento perfeito — disse Camila. — Talvez elas pudessem aprender muito mais com alguém que cometeu os mesmos erros. — Parecia quase razoável.

O sinal ficou verde e Lauren acelerou suavemente no cruzamento.

— Não — ela disse depois de pensar sobre isso por vários segundos. — Eu vi isso na minha prática. As pessoas querem que alguém lhes dê orientação que saiba o que está fazendo. Caso contrário, elas podem perguntar para a próxima pessoa na rua.

Ela virou à direita na rampa de acesso I-10.

Depois que ela entrou na pista, Camila perguntou:

— Você ainda a ama?

Lauren tentou se lembrar da emoção exata que sentiu quando viu Abby do outro lado da sala, parada ali com Camila. Principalmente, ela se sentiu impotente e desconfortável porque não havia maneira de saber ou controlar o que elas estavam falando.

— Não sei.

Se Camila suspeitou que estava desviando novamente, ela não disse nada.

— O que ela disse a você antes de eu me juntar a você? — Lauren perguntou.

— Ela me avisou que seus hábitos workaholic partiriam meu coração.

Isso não foi exatamente inesperado.

— O que você disse?

Camila deu uma risadinha.

— Eu disse a ela que tinha maneiras de tirar você do computador rapidinho.

Suas palavras, emparelhadas com sua voz baixa e sexy, quase fizeram Lauren desviar para a outra pista. Sele agarrou o volante com mais força.

— Jesus, não diga coisas assim quando estou dirigindo.

Ao lado dela, Camila estava respirando muito rápido e com os nós dos dedos brancos no console do meio.

— Vou calar a boca agora.

— Não, não, você pode falar, só não...

Não o quê? Não use essa voz sexy?

Talvez não falar realmente fosse uma boa ideia. Ela precisava se concentrar e colocar suas emoções caóticas de volta em alguma aparência de ordem e não apenas no que dizia respeito a Abby.

Feliz Natal, babys. 🎄💞

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