Capítulo 59 - Karma.

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Camila não esperava ver a família de Lauren uma segunda vez, mas aqui estava ela. Realmente se passou apenas uma semana desde que ela os conheceu? Ela não conseguia acreditar no quanto havia mudado nesses sete dias.

Naquela época, entrar em casa segurando a mão de Lauren não era grande coisa. Estranhamente, pequenos gestos íntimos como aquele estavam ficando mais difíceis em vez de mais fáceis. O toque da mão de Lauren contra a dela a fez estremecer, lembrando-a de que, embora seu relacionamento fosse falso, seus sentimentos não eram mais. Ela quase ficou feliz quando Lauren se soltou para abraçar seus pais.

— Parabéns pelo seu livro, querida! — A mãe de Lauren a abraçou, enquanto seu pai deu um tapinha nas costas dela e acrescentou: — Estamos muito orgulhosos de você. — Lauren visivelmente brilhou sob o elogio deles.

Então os Jauregui's se viraram para Camila e a cumprimentaram com um calor que a fez se sentir culpada. Eles ficariam tristes quando Lauren dissesse que elas haviam terminado?

— Taylor está lá fora, cuidando do churrasco, como ela insiste em chamá-lo. — Sua mãe cutucou Lauren. — Vá dizer olá para sua irmã enquanto Camila me dá uma mão na cozinha.

Lauren a olhou com uma ruga entre as sobrancelhas.

— Isso vai se tornar um hábito? Você vai roubar Camila do meu lado assim que chegarmos? — Então ela apertou os lábios e ficou em silêncio, provavelmente porque ela se lembrou que esta seria a última vez que visitariam seus pais juntas.

— É uma possibilidade distinta — respondeu a mãe de Lauren com um sorriso. Ela enganchou o braço no de Camila e a puxou em direção à cozinha.

Camila estava com um pouco de medo do tipo de comida saudável vegana que encontraria ali, mas não pôde evitar ser tocada pela maneira como Clara a tratou. Sua própria mãe lutou para aceitar a orientação sexual de Camila e nunca recebeu nenhuma de suas namoradas de braços abertos.

Tigelas de salada de espinafre e salada de couve estavam na bancada da cozinha, com o molho já derramado sobre elas, pronto para ser servido.

Camila se virou para Clara.

— Com o que você precisa de ajuda?

— Nada. Para ser honesta, eu só queria um momento a sós com você. — Camila engoliu em seco.

— Não me olhe assim. — Clara deu uma risadinha. — Pensei muito na nossa conversa desde a última vez que nos vimos e acho que devo desculpas a você.

— Uh, um pedido de desculpas? — Clara não estava falando sobre a comida que ela serviu, estava?

— Ainda acho que você e Lauren estão se movendo um pouco rápido, mas Taylor ressaltou que eu estava agindo como minha própria mãe quando Mick pediu minha mão em casamento aos meus pais. — Um sorriso triste apareceu no rosto de Clara. — elas pensavam que ele era um hippie atrás do meu dinheiro e queriam que eu me casasse com alguém mais respeitável.

Mick era um hippie? Camila não conseguia ver isso.

— Isso não poderia estar mais longe da verdade — continuou Clara. — Mick e eu tínhamos algo muito especial desde o início. Quando acabei de ver você e Lauren saírem do carro e caminharem até a casa... Parece que há algo especial entre vocês duas também. Eu nunca vi Lauren segurar a mão de ninguém do jeito que ela agarrou a sua — como se ela nunca quisesse soltar. Posso dizer que ela realmente ama você e que você a ama também.

Um nó se alojou na garganta de Camila, tornando impossível dizer uma única palavra, mesmo que ela soubesse o que dizer.

— Então, se você realmente quer pedir minha filha em casamento, não vou ficar no seu caminho.

Camila ficou boquiaberta. A mãe de Lauren estava dando sua bênção a elas. Se ela soubesse que elas estavam prestes a se separar. Caramba. Vocês não estão prestes a terminar! Em primeiro lugar, vocês nunca foram realmente um casal.

— Hum, eu... — Camila pigarreou, mas não conseguiu se livrar do caroço. — Hum, obrigada. Eu não sei o que dizer.

— Você não precisa me agradecer ou dizer nada.

Lauren apareceu na porta e olhou de sua mãe para Camila.

— Agradecer por quê?

Clara compartilhou um olhar conspiratório com Lana.

— Pela comida.

— Você terminou de interrogar Camila? — Lauren perguntou. — Taylor diz que a berinjela vai ficar amarga se não comermos logo.

Camila pegou a tigela de salada de couve e foi até ela. Lauren passou o braço em volta dela aparentemente sem pensar muito. Parecia tão natural que Camila teve que ficar se lembrando de que não era real. Ou era? Ela não se afastou enquanto Lauren a guiava para fora, onde uma longa mesa havia sido colocada sob a pérgula.

— Ei, Camila. Feliz Quatro de Julho — disse Taylor da grelha a gás, onde virava os bifes, enquanto o pai ficava de olho nos vegetais e hambúrgueres que provavelmente eram feitos de tofu.

— Oi, Taylor — Camila respondeu. — Feliz Quatro de Julho.

Lauren puxou uma cadeira para ela e se sentou ao lado dela.

— O que minha mãe disse para você? — ela sussurrou perto do ouvido de Camila. A sensação de sua respiração roçando a orelha de Camila nunca deixava de enviar arrepios por todo o corpo. Ela teve que se concentrar conscientemente nas palavras antes que pudesse sussurrar de volta:

— Ela deu sua bênção para eu te pedir em casamento.

— O quê? — Lauren bateu com o joelho na mesa e então se abaixou, segurando-o com um gemido. Instintivamente, Camila estendeu a mão e tocou para aliviar a dor.

— Ei, vocês duas pombinhas — Taylor chamou. — Deixem a fricção e os gemidos em casa.

— Taylor! — O pai delas a ameaçou com um par de pinças de churrasco.

Camila tirou a mão do joelho de Lauren. Deus, seria um longo dia. Em vez de se lembrar de tocar em Lauren para fazer todos acreditarem que elas eram um casal, ela teria que se concentrar em não a tocar muito, não importa o quanto se sentisse atraída por ela. Isso é o que você ganha por mentir.

Karma é uma merda.

perdoem a mudança de diagramação nos últimos capítulos, revisar capítulo pelo celular é complicado.

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