Capítulo 2 – Fantasmas de Beverly Hills.
As calçadas eram largas e se seguiam enormes gramados entremeados aqui ou ali por pequenos jardins floridos de azaleias. Aquele bairro lembraria facilmente algum conjunto residencial na América do Norte. Logo ao longe sua casa assomava imponente, não era um castelo. Para o desapontamento de Rachel, a avó da adolescente recusara-se a adquirir um. Após uma longa carreira cinematográfica na Califórnia, a mesma quisera construir algo que lhe tornasse a mente lembranças de sua saudosa mansão em Beverly Hills e de seu passado glamoroso. Mas agora já estava livre das enormes palmeiras imperiais, das largas calçadas, do sol vívido e da imprensa voraz de outros tempos, raramente voltava à mídia. Lembranças do dia daquele acidente terrível, voltavam vira e volta em sua mente, amortalhando suas esperanças, tingindo de cinza aquela paisagem de primavera que se projetava diante das enormes janelas de vidro.
Pensava em sua decadência, nas clínicas de reabilitação e se culpava mentalmente pela sua própria fraqueza, por seu despreparo psicológico. Observava de um sofá feito sob encomenda, que custara pelo menos o preço de um pequeno apartamento, Rachel chegando emburrada na porta principal, sua pele frágil e seus cabelos negros, tão pesados quanto à áurea de luto que cobria a jovem, caíam sob seus olhos castanhos, marcados por profundas olheiras. Seus lábios delicados pronunciavam rapidamente lamentos para o seu pai falecido. Do segundo andar, a avó de Rachel retirava cuidadosamente seu antidepressivo da cartela, após conferir o relógio.
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Os Novos Estrangeiros
Science FictionRachel Aroeut não é apenas uma adolescente rica, órfã, depressiva, que fala com os mortos e é apaixonada por seu psicólogo. Ela é mais do que isso: ela também frequenta aulas de voo comercial. Em uma vida marcada por lutos e pelo tédio, Rachel se to...
