Capítulo 68 - O peso dos lutos.

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Após mais uma semana de isolamento, Rachel escutava o grupo discutir na lateral de um roçado de milho ao lado da aldeia:

__Sim, eu modifiquei os algoritmos, dentro das nossas possibilidades...

__Mas, Biko, não adianta nada, ela está muito triste e vai embaralhar tudo isso. Não vai surtir efeito por muito tempo...

__Certo, Laurent, mas o que você que eu faça?

__Faça com que ela fique feliz?

Biko suspirou tenso:

__Você fala assim como se a felicidade fosse algo concreto, que você pega aqui e entrega para tal pessoa!

Louise então propôs após se inteirar da discussão entre os dois:

__Ela está sempre cheia de lutos, que tal o psicodrama? Funcionou para mim...

Disse isso e piscou para Laurent, que concordou maravilhado:

__Sim, ela precisava superar esses lutos... Por que eu não pensei nisso antes...

__Poderemos ajudar a fazê-la interpretar essas situações conflitivas...

Propôs Louise, Laurent concordou:

__Concordo, ela está muito abatida ultimamente, precisa de ajuda...

Rachel continuou isolada pelo resto do dia, sentia-se novamente uma alienígena em seu planeta e agora diante de sua própria espécie. Horas mais tarde levantou de sua rede, calçou seus chinelos de dedo sujos e velhos e foi até a rede de Biko, sacudiu aquele homem até que ele despertasse:

__Rachel?

__Sim, Henri, por favor, levante-se preciso de sua ajuda...

__Mas, não pode ser de manhã?

Ela se aproximou dele e sussurrou:

__Você não quer me fazer feliz?

Rachel segurou seu pulso, suas mãos eram quentes e macias, e o conduziu até o lado de fora da aldeia e já chegando à plantação de milho, disse virando-se para ele:

__Pronto! Preciso te pedir uma coisa.

Henri continuava confuso, tentando entender o comportamento enigmático de Rachel, que tirou um papel do bolso e o iluminou com uma lanterna, enquanto ele se aproximava pra lê-lo, após algum tempo de reflexão, Henri constatou:

__Mas, isso é suicídio?

__Não, é um renascimento.

Ele franziu a testa e seu rosto transparecia hesitação, ela prosseguiu enquanto a meia luz iluminava seus olhos castanhos e revelava um olhar suplicante:

__Sempre houve essa sombra em minha vida, agora estou disposta a me decidir, a superar tudo isso...

__Sim, tudo bem, Rachel. Ele vai sair essa hora aqui...

Disse ele apontando para o papel, Rachel concordou enquanto ele emendava:

__Mando pelo celular o horário exato da partida, nenhum segundo a mais ou a menos...

Ela assentiu enquanto ele concluía:

__Vou para o Canadá agora.

Rachel precipitou-se abraçando fortemente Henri.

Instantes depois uma nave descia no Canadá, Henri entre coníferas, invadia a Rede de Controle e programava um algoritmo para confundir as rotas aéreas das naves no mundo, gerando uma convergência em um local próximo às Ilhas Canárias.

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Os Novos EstrangeirosWhere stories live. Discover now