Após mais uma semana de isolamento, Rachel escutava o grupo discutir na lateral de um roçado de milho ao lado da aldeia:
__Sim, eu modifiquei os algoritmos, dentro das nossas possibilidades...
__Mas, Biko, não adianta nada, ela está muito triste e vai embaralhar tudo isso. Não vai surtir efeito por muito tempo...
__Certo, Laurent, mas o que você que eu faça?
__Faça com que ela fique feliz?
Biko suspirou tenso:
__Você fala assim como se a felicidade fosse algo concreto, que você pega aqui e entrega para tal pessoa!
Louise então propôs após se inteirar da discussão entre os dois:
__Ela está sempre cheia de lutos, que tal o psicodrama? Funcionou para mim...
Disse isso e piscou para Laurent, que concordou maravilhado:
__Sim, ela precisava superar esses lutos... Por que eu não pensei nisso antes...
__Poderemos ajudar a fazê-la interpretar essas situações conflitivas...
Propôs Louise, Laurent concordou:
__Concordo, ela está muito abatida ultimamente, precisa de ajuda...
Rachel continuou isolada pelo resto do dia, sentia-se novamente uma alienígena em seu planeta e agora diante de sua própria espécie. Horas mais tarde levantou de sua rede, calçou seus chinelos de dedo sujos e velhos e foi até a rede de Biko, sacudiu aquele homem até que ele despertasse:
__Rachel?
__Sim, Henri, por favor, levante-se preciso de sua ajuda...
__Mas, não pode ser de manhã?
Ela se aproximou dele e sussurrou:
__Você não quer me fazer feliz?
Rachel segurou seu pulso, suas mãos eram quentes e macias, e o conduziu até o lado de fora da aldeia e já chegando à plantação de milho, disse virando-se para ele:
__Pronto! Preciso te pedir uma coisa.
Henri continuava confuso, tentando entender o comportamento enigmático de Rachel, que tirou um papel do bolso e o iluminou com uma lanterna, enquanto ele se aproximava pra lê-lo, após algum tempo de reflexão, Henri constatou:
__Mas, isso é suicídio?
__Não, é um renascimento.
Ele franziu a testa e seu rosto transparecia hesitação, ela prosseguiu enquanto a meia luz iluminava seus olhos castanhos e revelava um olhar suplicante:
__Sempre houve essa sombra em minha vida, agora estou disposta a me decidir, a superar tudo isso...
__Sim, tudo bem, Rachel. Ele vai sair essa hora aqui...
Disse ele apontando para o papel, Rachel concordou enquanto ele emendava:
__Mando pelo celular o horário exato da partida, nenhum segundo a mais ou a menos...
Ela assentiu enquanto ele concluía:
__Vou para o Canadá agora.
Rachel precipitou-se abraçando fortemente Henri.
Instantes depois uma nave descia no Canadá, Henri entre coníferas, invadia a Rede de Controle e programava um algoritmo para confundir as rotas aéreas das naves no mundo, gerando uma convergência em um local próximo às Ilhas Canárias.
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Os Novos Estrangeiros
Science FictionRachel Aroeut não é apenas uma adolescente rica, órfã, depressiva, que fala com os mortos e é apaixonada por seu psicólogo. Ela é mais do que isso: ela também frequenta aulas de voo comercial. Em uma vida marcada por lutos e pelo tédio, Rachel se to...