Capítulo 41 - "__Nossas ações valem mais do que nossas ideias."

61 41 5
                                    

Talvez o fato de os Novos Estrangeiros serem contrários à mídia convencional, a maneira na qual as ações deles eram divulgadas tendia sempre, estranhamente, a ser atrelada ao vandalismo. No entanto, enquanto a mídia convencional divulgava um perfil vândalo ao grupo, os Novos Estrangeiros estavam, juntamente os estrangeiros, promovendo uma verdadeira revolução social não apenas no Velho Continente, mas em todo o mundo livre. Cresciam os grupos simpatizantes dos Novos Estrangeiros nas Nações não Livres, muitos deles eram acusados de terrorismo e alguns dos membros do movimento eram condenados à morte principalmente na China, Federação Russa, Irã e EUA, mas isso contrariamente ao esperado causava maior mobilização social, algumas celebridades de Hollywood já haviam revelado publicamente serem simpatizantes do grupo.

Escolas com o método de ensino estrangeiro se espalhavam pelo mundo, inicialmente eram matriculados nelas os filhos dos integrantes do movimento que se recusavam a matricular seus filhos em escolas tradicionais. Um ano mais tarde os Novos estrangeiros já ameaçavam o governo e as instituições da França. Haviam encontrado apoio entre o movimento sindicalista francês e já eram capazes de paralisar todos os setores econômicos, a repressão violenta empregada pelo governo surtia pouco efeito, armas travavam, bombas simplesmente não explodiam. Aparentemente os estrangeiros apoiavam o movimento.

Rachel assistia chocada em casa o risco iminente de uma nova revolução social que sacudia a França, maio se aproximava e os rebeldes diziam que seria um mês equiparado ao maio de 1968, no qual greves gerais e protestos mobilizaram todo o país. Os mais extremistas chamavam a rebelião em curso de a "Nova Revolução Francesa". Os Novos estrangeiros vestiam-se de verde, tal cor era a que representava a esperança, mas ao mesmo tempo era a cor na qual inicialmente os alienígenas eram representados, antes de Hollywood colori-los de cinza ou bege. Lotavam as ruas e praças da capital francesa, armados unicamente com palavras, cartazes e vídeos em telas finas de O-LED.

O pelotão de choque munido com armas de efeito "moral", balas de borracha e alguns mesmo com armas de verdade tentavam desobstruir o entorno do Arco do Triunfo, a mídia mais vez "coincidentemente" filmava os gritos dos Novos Estrangeiros, apesar de não conseguirem captar nenhuma ação violenta por parte deles, uma pedra jogada já teria sido um ótimo símbolo da revolução para alertar a elite conservadora da França, que assistia aterrorizada a ocupação das áreas públicas que já estendia de Lille à Marselha.

Os policiais iam empurrando os manifestantes que não impunham resistência, mas o líder da multidão John Biko tentava se manter estático e outras pessoas repetiram o ato, resistiam bravamente aos empurrões e pancadas dadas por meio de cassetetes, as bombas de gás lacrimogênio jaziam no chão sem estourarem.

Biko usava sua guerra de palavras e bradava, o suor escorria de sua testa naquele maio ensolarado:

__Pelo que você está lutando? Pela França?

O policial de choque se mantinha calado, Biko prosseguia:

__O que é a França, senão uma ideia?

Ele prosseguia empurrando o manifestante cumprindo a ordem de desobstruir o entorno do Arco do Triunfo, Biko insistia:

__Nossas ações valem mais do que nossas ideias.

Após pisar em um desnível e seu corpo se sobressaltar contra o policial um tiro foi ouvido. Biko cambaleou e foi amparado por outros manifestantes, o policial obstinado por seguir as instruções que havia recebido de seus comandantes prosseguia tentando se manter firme.

Os Novos EstrangeirosWhere stories live. Discover now