Capítulo 6 – Para qualquer lugar?
Rachel arrancava no sentido oposto ao da sua casa, diante do ar surpreso e levemente preocupado que surgiu no semblante de seu A.T., a jovem ironizava:
__Você me disse que iria para qualquer lugar...
Ettiénne concordou começando a demonstrar preocupação, enquanto ela emendou quebrando a calma da paisagem que se desfocava pela velocidade do veículo:
__E para o inferno?
Ettiénne vendo o velocímetro marcar o dobro da velocidade permitida e aumentando progressivamente, empalideceu e disse em tom de conselho:
__Rachel é melhor você desacelerar...
Ela deu de ombros, o A.T. pensou em tomar a direção, mas poderia ser fatal. Olhou para a porta do carro e imaginou saltar, mas a perspectiva brusca de um choque lateral e suas costelas perfurando seu pulmão ou de um choque frontal e um traumatismo craniano rapidamente lhe afastou essa possibilidade.
Ele agora suava frio, enquanto a jovem mantinha sua frieza mecânica, e disse gaguejando:
__Sim, você é livre, mas tudo na vida tem consequências...
__Interessante, mas para quê pensar nisso se vamos morrer...
Ettiénne tomava o fôlego enquanto via uma placa à frente indicando o cruzamento com uma autopista. Alguma coisa lhe fazia pressentir que Rachel iria jogar o carro na contra mão, respirou fundo e disse rapidamente:
__Sim, mas nós ainda podemos fazer muitas coisas, somos seres em construção...
Ela se mantinha olhando fixa para frente imaginando aquele carro se chocando com um caminhão e os escombros sendo umidificados com o seu sangue, suas vísceras espalhadas em uma mistura de pele, ossos, gordura e fios de cabelo. O mostrador já apontava para 360 quilômetros por hora e ela ultrapassava o único carro que seguia no sentido oposto à cidade. E então disse subitamente:
__Você já não é congruente? Já não atingiu seu self ideal? – E emendou quase gritando - O que mais lhe resta nessa vida?
Ettiénne paralisado de medo tentou falar, subitamente pensou em jogar seu pé esquerdo sobre o freio, quando já via ao longe o cruzamento e seu coração parecia chacoalhar suas costelas:
__É que...
Rachel berrou irritada:
__Fale logo!
Ele então disse tomando o ar e se assustando com sua própria confissão:
__Eu não queria ser psicólogo. – E com a voz trêmula – Queria entrar na força aérea...
Ao ouvir Rachel pisou com força no freio, em instantes o carro parava e o Air Bag se expandia bruscamente sobre ambos.
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Os Novos Estrangeiros
Science FictionRachel Aroeut não é apenas uma adolescente rica, órfã, depressiva, que fala com os mortos e é apaixonada por seu psicólogo. Ela é mais do que isso: ela também frequenta aulas de voo comercial. Em uma vida marcada por lutos e pelo tédio, Rachel se to...