Capítulo 27 - O "sim" da Grécia

82 46 2
                                    


No dia seguinte ao pronunciamento do Presidente dos EUA, as notícias de Pequim também apontavam para o fechamento de fronteiras às operações dos estrangeiros, aparentemente a decisão do comitê executivo do Partido Comunista da República Popular da China fora tomada após rumores na internet de que os monges tibetanos iriam pedir apoio para a causa de libertação do Tibet, além disso, operários de montadoras de computadores de Tianjin haviam mencionado seus desejos por redução de jornada de trabalho e melhores salários. Decisões semelhantes haviam sido tomadas pelo governo vietnamita, por Israel e pela Federação Russa.

Os índices de mortalidade voltavam a subir nesses países uma semana mais tarde e intensa propaganda nacionalista parecia não acalmar os ânimos de alguns grupos locais que pediam uma legislação mais branda para as ações dos estrangeiros.

Mas, algo estava mudando no mundo, exemplos de sucesso vinham da Europa, de alguns países do continente africano e do Canadá. Os estrangeiros decidiram por aceitar o pedido de ajuda feito pelo governo da Grécia, que passava por sérios problemas fiscais, especialmente devido às dívidas com os credores alemães. O primeiro ministro grego fora acordado às pressas, era em plena madrugada, horário de Atenas, e havia um homem muito estranho querendo falar com ele. Apesar de estar fora do expediente, os seguranças cederam a seu pedido, pareciam hipnotizados e ele aguardava o primeiro ministro em uma das salas do palácio, após meia hora o líder dos gregos assomou assustado na sala, o homem trajava-se com um terno branco, portava um chapéu panamá e parecia um tanto fora de moda, seus traços se tornavam progressivamente mais humanizados, mas seus olhos eram inexpressivos, destituídos de vida, sua voz repentinamente já era parecida com a voz do falecido pai do político:

__Recebemos seu pedido no final da tarde e depositaremos parte da quantia solicitada no Banco Central de seu país. Devido às diretrizes do nosso estatuto, buscamos não intervir na soberania das regiões ajudadas, então não emitimos papel moeda, o que também seria inútil do ponto de vista econômico, já que esse dinheiro viria sem um rastro financeiro, o que implicaria em um aumento súbito da inflação. Calculamos a quantia ideal, a que resultaria em um melhor impacto sobre a economia local e regional em um período de cinco anos.

O primeiro ministro ainda com sono se beliscava em sua poltrona para ver se estava delirando, a criatura prosseguia:

__Utilizamos um recurso que alguns planetas do tipo III valorizam como parâmetro financeiro, o ouro, não encontramos legislações que nos impedissem de fabricá-lo, utilizamos algumas das séries de nucleossíntese transformando Ca, Si e Fe que extraímos da planície abissal do oceano desse planeta, ou oceanos como vocês os separaram, esse material não havia sido reclamado por nenhum país.

Ao seguir com o estrangeiro até o lado de fora do palácio, o primeiro ministro arregalou os olhos, seus cabelos brancos reluziam um brilho dourado, nunca havia visto tantas barras de ouro reunidas em um só local, o estrangeiro pouco expressivo indagou olhando para o político:

__Vocês desejam que depositemos esse carregamento no banco central?

Ele disse com uma voz enguiçada e humilde:

__Sim, meu caro, se não lhes for incomodar.

Instantaneamente o carregamento e o estrangeiro desapareceram da visão do político que ainda atônito indagava para um dos seus seguranças particulares:

__Você também viu isso?

__Sim, senhor.

Os Novos EstrangeirosWhere stories live. Discover now