Dias depois, não se sentiam mais tão tristes e à noite se reuniam em torno da fogueira e, tal como faziam os índios em tempos imemoriais, dividiam suas experiências adquiridas durante o dia. Nicolas contava sobre suas descobertas obtidas através do cultivo da terra, Louise narrou sua experiência em uma pescaria e como conseguira puxar sozinha um pirarucu para dentro do barco, Laurent descrevia suas experiências de caça e Henri mostrava flores que havia colhido na floresta juntamente com Jacqueline e sobre como encontrara cada uma. Os índios que se juntaram a roda narraram o trabalho que realizaram na trilha, sobre um contato com um uirapuru.
Dormiram em paz e acordaram felizes para voltar ao trabalho e sempre encontravam novas histórias, já que se revezavam nos trabalhos diários, novas perspectivas surgiam de terrenos pisados, batidos pelos velhos passos humanos. Um novo olhar sobre o rio surgia a cada novo contato, o mesmo se daria sobre a lida com a horta, com a casa, com a própria mata e o compartilhamento dessas perspectivas levava ao surgimento de novas. Meses passaram e quando pareciam entediados encenavam uma vida diferente e ao regressarem para a rotina, nela apareciam novos detalhes, novas histórias ocultas sob as folhas, sob o solo, no fundo barrento do rio.
Quando as espigas de milho já estavam maduras no pé, os presentes começaram a colheita, havia um significado especial em cada grão. Respiraram o ar fresco da manhã e iniciavam o trabalho de processar as espigas, de guardar parte da colheita para novamente semear o campo. Outra parte para estocarem para o futuro incerto e o que restasse da dedicação ao porvir, seria dedicado ao hoje, ao presente.
E preparam mingau, bolos e coisas que nem sabiam que eram capazes de fazer, então, ao término dos trabalhos, comeram certamente a melhor refeição que já haviam preparado na vida. Não mataram apenas a fome física, mas boa parte de suas ânsias mentais. Depois dançaram sob a luz da Lua e o trepidar da fogueira e novamente se reuniram em círculo de mãos dadas para narrarem as suas experiências de longo prazo, já não mais se preocupavam em ser felizes e nesse descuido, acabavam por ser.
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Os Novos Estrangeiros
Science FictionRachel Aroeut não é apenas uma adolescente rica, órfã, depressiva, que fala com os mortos e é apaixonada por seu psicólogo. Ela é mais do que isso: ela também frequenta aulas de voo comercial. Em uma vida marcada por lutos e pelo tédio, Rachel se to...