Capítulo 38 - Henri.

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Henri recentemente formado em Engenharia de Softwares na Sourbone era mais um desses jovens que quando adolescentes participaram de greves gerais e protestaram contra os cortes nos investimentos públicos promovidos durante os tempos sombrios da crise financeira que sacudira a Europa no início do século. Mas agora sentia um novo clima na França, algo distante do estresse dos problemas financeiros, do excesso de cobrança que acometera a geração de seus pais que vivenciaram o avanço do Neoliberalismo e a época das grandes privatizações. Trabalhava juntamente com imigrantes da Argélia e alguns da Costa do Marfim nos últimos meses, ninguém sequer se importava com o nome dos colaboradores, podiam se referir um ao outro por apelidos ou códigos inventados, tal como os estrangeiros faziam entre eles.

Ainda morava na casa de seus pais, pois os estrangeiros não atenderam seu pedido de um novo apartamento, no entanto, isso não afetava seus planos para divulgar as ações daquelas criaturas e angariar apoio para os mutirões entre membros de sua própria espécie. Os grupos de trabalho coletivo estavam reconstruindo velhos prédios ocupados por imigrantes ilegais na periferia de Paris, naturalmente os estrangeiros poderiam reformar a cidade inteira em questão de semanas, contudo, pareciam se sentir mais felizes e fortalecidos ao realizar um trabalho mais lento, com maior número de pessoas, Henri sabia disso, era um ótimo observador de seus hábitos e os via brilhar rapidamente em tons mais vivos quando estavam nesses grandes mutirões. Gostava daquelas criaturas, eram discretas, amáveis e muito solícitas. Percebia que muitas vezes faziam o que não gostavam apenas para agradá-lo, por exemplo, quando convidava um grupo delas para jogar futebol em alguns dias da semana pelo entardecer.


Os Novos EstrangeirosWhere stories live. Discover now