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Porto Seguro/Ba

Borges

Vesti a camisa ajeitando no corpo. Olhei pra frente vendo o agente penitenciário me esperando, e meu advogado logo atrás dele.

Rodrigues: Vai me deixar aqui mesmo negão?- Sorriu me entregando meus pertences.

No geral ali só tinha minha carteira com documentos. O restante das coisas que estavam comigo no dia da prisão eles confiscaram.

Eu: Finalmente.- Toquei em seu ombro.- Valeu ai.- Sorri fraco.

Rodrigues me fornecia cigarro e outras coisas aqui dentro, um dos poucos que ajudava os detentos.

Dr Thiago: Ta pronto?- Assenti e ele abriu a porta me guiando pelos corredores da prisão.

Caminhei olhando pro chão. Meu coração aumentava as batidas a cada passo que eu dava.

Foram 5 anos aqui dentro, cinco anos que minha vida virou um verdadeiro inferno. Aguentei coisa demais dos outros detentos. Demorei pra aprender a ficar na minha, e só assim eu consegui minha liberdade.

Rodrigues: Boa sorte ai fora.- Fez toque comigo logo após abrir o portão da penitenciária.

Sai de la sem nem olhar pra trás. O sol do meio dia queima minha pele, me fazendo forçar as vistas.

Olhei pra pista mais a frente vendo poucos carros passando em alta velocidade.

Cinco anos sem ver minha família, meus amigos e os chegados lá de Porto. Fiz questão do advogado que cuidou do meu caso não deixar ninguém vir me visitar, não queria minha vó se humilhando dentro de cadeia.

O presídio era no meio do nada, logo a frente tinha uma mata fechada, e a pista cortando no meio.

Dr Thiago: Vamos logo. Tenho uma reunião dentro de duas horas.- Falou calmo indo até seu carro parado no meio da terra.

Entrei no banco do carona respirando fundo. Só quem viveu sabe o quanto é duro passar dias ali dentro, meses viram anos, e os anos parecem eternidades. Ainda mais quando não se pode confiar em ninguém.

Senti uma alívio enorme quando o carro começou a se movimentar, me levando pra longe daquele lugar imundo.

Dr Thiago: Você precisa se manter na linha.- Falou sem tirar os olhos da estrada.- Dá próxima pode não ser tão fácil sair.

Soltei uma risada nasal fazendo com que ele olhasse pra mim.

Eu: Fácil?- Perguntei irônico.- Fiquei 5 anos naquele inferno, e você acha que foi fácil?

Dr Thiago: Acredite em mim, poderia ter sido pior.- Balancei a cabeça negando.

Estava feliz demais pra iniciar uma discussão com esse engomadinho, então me mantive calado.

Nem sei quanto tempo passou, só me dei conta de que havia entrado em Porto quando vi o mar.

Desde de moleque eu me amarro nas praias, passava horas com os cara jogando bola na praia.

Ele seguiu reto no sentido da orla, virando à esquerda subindo a ladeira que dava acesso ao complexo do baianão.

Dr Thiago: Só posso vir até aqui.- Parou o carro no canto da rua.

Olhei pra fora vendo as lojas abertas e o grande movimento de pessoas.

Eu: Valeu Doutor.- Sorri fraco cumprimentado ele com um aperto de mão.

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