• Quarenta e Quatro •

129 11 0
                                    

Borges

Acendi um baseado me sentando na parte de fora da casa. Não dá pra acreditar que esse cara ta dando um perdido danado na gente.

Mais de uma semana na caça do cara que resolveu tentar roubar o comando do Fernandinho. Eu já to ligado que tem gente maior por trás disso, e eu vou atrás até o final.

Sinto meu celular vibrar no bolso da bermuda e troco o baseado de mão para pegar o aparelho.

Eu: O que tu manda?- Digo ao ver o contato de Rogério brilhando na tela.

Rogerinho: Valeska sumiu.- Encaro o nada tentar assimilar o que acabou de falar.

Eu: Sumiu? Como assim sumiu?- Me levanto vendo Th ajeitando o fuzil próximo do portão.

Rogerinho: Na certa pegaram ela.- Balanço a cabeça.- Vocês nunca esconderam o lance de vocês.

Eu: Vem pra ca agora, e hoje que vamos achar essa desgraça.- Digo cerrando o punho.

Rogerinho: Vou descer pra ai agora.- Desliga a ligação.

Caminho até o Th que me olha curioso. O cara consegue falar mais pelos olhos do que pela boca, é impressionante. 

Eu: Pegaram minha...- Não completo a frase passando a mão no rosto.- A mina que eu ficava.

Pica-Pau: A Valeska?- Aparece atrás de mim.- Puta que pariu!

Eu: Tu não faz ideia de quem está por trás disso?- Pergunto Th que respira fundo antes de responder.

Th: Ouvi alguns boatos.- Cruzo os braços dando permissão pra ele continuar.- Tem alguém no meio de nós envolvido nisso, ele sabe bem como funciona todos nossos esquemas.- Me viro olhando pro Ryan que ta viajando na dele.

Eu: Nome?- Th me olha passando a mão no rosto.

Th: Não posso afirmar uma parada dessa não chefe.- Me olha nos olhos.

Eu: Não vou cair pra cima sem ter certeza de nada não, nos sempre agiu pelo certo.- Encaro ele que olha pra baixo e volta olhar no meu olho.

Th: Caju.- Solto a respiração que eu nem sabia que estava prendendo.- Foram apenas coisas que escutei por ai, pode não ter fundamento nenhum.

Eu: Relaxa, vou pelo certo.- Aperto seu ombro e saio de perto parando na entrada de casa.- Bora Ryan!- Grito vendo que ele ta olhando pro nada.- Que porra.

Pica-Pau: Será que eu devia ligar pra ela?- Vem andando na minha direção.

Eu: Ela quem?

Pica-Pau: A Vanessa po.- Bate na minha cabeça.

Eu: Tomar no cu Ryan.- Devolvo o tapa.- Não faz isso, se ela souber que irmã sumiu vai gerar alarde.- Ele balança a cabeça em positivo.

Não demora muito Rogério entra na casa acompanhado da Tamara.

Eu: Caralho Rogério, por que trouxe ela?- Pergunto indo em sua direção.

Tamara: Eu vim porque quis.- Fala me encarando.- Quero saber que merda vocês arrumaram que minha amiga sumiu.

Eu: Baixa a bola ai na moral.- Passo a mão no rosto.- Vou resolver isso, só não se mete no meio.

Rogerinho: Ta pensando em fazer o que?- Me puxa pro canto.

Eu: Quero confirmar uma história que ouvi agora a pouco.- Ele balança a cabeça.- Vamos pra rua nove.- Me aproximo do Th.- Fica de olho nela.- Peço olhando pra Tamara- Os dois vem comigo.

Entramos no carro do Rogério e em menos de dez minutos ele estacionou próximo a entrada da rua nove.

Pica-Pau: Qual o plano?- Pergunta se inclinando entre os bancos da frente.

Eu: Não tem plano.- Balanço a cabeça olhando pra rua mais a frente.- Vamos.- Ajeito a pistola na cintura e saio do carro.

2P: Boa noite chefe.- Me cumprimenta logo na entrada.- Aconteceu alguma coisa?

Eu: Caju ta ai?- Encaro ele que encolhe o seco e demora alguns segundos para me responder.

2P: Não vi ele hoje não.- Abaixa a cabeça evitando o contato visual.

Eu: Eu não te conheço, mas tenho certeza de que já ouviu falar um pouco de mim.- Digo pegando a pistola na cintura.- Vou perguntar só mais uma vez.- Ele me olha assustado.- Você viu o Caju?

2P: Não chefe.- Balança a cabeça.- Não o vejo desde ontem.- Recua um pouco.

Encaro ele por algum tempo e na sequencia caminho para dentro do beco.

Rogerinho: Serião que tua desconfiança é em cima do Caju?- Caminha do meu lado.- O cara fecha com Fernandinho desde o início.

Eu: Traição vem de quem se menos espera.- Entro na casinha no final do beco.- Boa noite.- Falo alto chamando a atenção de quem estava na sala.

Xxx: A que devemos a honra da sua presença?- Um cara no canto diz ao soltar a fumaça do cigarro.

Andei até o final da sala e encostei na cabeça.

Eu: A primeira vez que me envolvi em um assalto eu lembro bem do que os caras da minha rua me falaram.- Encaro cada cabeça naquela sala, totalizando cinco sem contar com Rogério logo na entrada.- Pode roubar, na pista, dos zé ruela por aí.- Faço uma pausa.- Mas aqui.- Aponto pro chão com a pistola.- Roubar dos nossos você não dura nem meia hora.

Xxx: Quer chegar a onde com isso chefinho?- Encaro ele que solta um sorrisinho.- Ninguém que ta aqui roubou de ninguém não.- Abre os braços.

Eu: Tem semanas com um assunto rolando por ai de que tem alguém tentando tomar a área.- Olho para eles e vejo um sentado no canto engolir o seco e olhar o celular.- Ta atrasado pra alguma coisa porra?- Pergunto encarando ele.

Xxx2: Não, não.- Balança a cabeça assustado.

Eu: Chegou pra mim uma informação.- Vejo eles me olharem atento.- To ligado que a maioria aqui passa a porra do dia inteiro nessa sala.- Observo ele olhar pro celular novamente.- Qual foi?- Pego o celular da mão dele vendo o mesmo desbloqueado.

Xxx2: Oh qual foi porra? Já viu meter a mão em celular de bandido?- Solto uma risada nasal.

Eu: Tava nessa vida quando tu tava saindo das fraldas, quer falar bosta comigo uma hora dessas?- Ele engole o seco olhando pro celular em minha mão.

Encaro a tela vendo uma conversa aberta no whatassap.

"Borges ta aqui porra, pra onde tu foi?"

Sinto o sangue correr mais forte em minhas veias.

....




ValeskaWhere stories live. Discover now