• Dezoito •

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Valeska

Levou alguns minutos até que eu conseguisse me controlar e parar de chorar.

Borges permaneceu calado, só me observando sem saber o que fazer. Eu entendo ele, a gente se conhece só faz alguns dias e ele me encontra assim andando por ai sem rumo.

Eu: Desculpa.- Digo limpando o rosto e forço um sorriso.

Borges: Relaxa princesa.- Fala tranquilo e num gesto rápido me puxa pra uma abraço.- Quer me falar o que aconteceu?- Pergunta olhando nos meus olhos.

Respiro fundo tentando encontrar as palavras certas.

Eu: Briguei com meu padrasto.- Olho pra ele que arqueia a sobrancelha ficando ainda mais charmoso.

Borges: Ele fez alguma coisa contigo?- Pergunta sério.

Eu: Não, não.- Digo me lembrando da cena.- Mas eu cortei ele com uma faca.- Solto um sorriso nervosa com a situação 

Borges: Puta merda, sabia que era brava.- Diz em tom de brincadeira me fazendo rir.- Relaxa, logo vocês se resolvem.

Eu: Não sei se isso vai acontecer.- Abaixo a cabeça ele fica em silêncio.- Obrigada por me ouvir.- Sorrio fraco e destravo a porta.

Antes que eu possa sair ele segura meu braço.

Borges: Tem onde ficar esse noite?- Me olha nos olhos. Não sei porque ele faz isso, mas me sinto bem.

Eu: A minha amiga mora bem...- Nem termino a frase vendo Tamara sair da casa e entrar no carro que acabou de parar em frente a sua casa.- Droga.

Borges: Acho que ela vai estar bem ocupada essa noite.- Diz olhando pra ela.

Por que ela não me falou nada? Meu celular!

Passo as mãos onde deveria existir bolso, mas ai me lembro que estou de pijama. Fico envergonhada. 

Borges: Se quiser pode ir pra minha casa.- Olho pra ele pensando em recusar a proposta.- Minha vó nem vai ligar.- Me sinto mais confortável ao ouvir isso.

Eu: Se não for te incomodar.- Sorrio fraco e ele liga o carro.

Borges: Ta tranquilo.- Segue em direção a rua da Fabiana.- Aliás, gostei do visual.- Olha pro meu corpo.

Eu: Última tendência em Paris.- Brinco e vejo ele sorrir.

De cara fechado é lindo, mas sorrindo é  maravilhoso.

Em poucos minutos estávamos em frente a sua casa, a mesma da primeira vez que ficamos.

Ele desce indo abrir o portão  de grade e volta pra colocar o carro na garagem. Finalmente desço.

Eu: Espera!- Chamo sua atenção antes dele entrar.- Sua vó vai estranhar se eu aparecer assim.- Aponto para minha roupa.- Não acha?

Borges: Talvez.- Dá de ombros e abre a porta de trás do carro pegando um moletom preto e me entrega.- Veste isso.

Visto vendo que ele ficou igual a uma vestido em mim, quase chegando no joelho. Dou risada e ele pega minha mão  me levando pra dentro da casa.

Assim que entramos na sala dou de cara com uma senhora negra sentada no sofá.

Borges: Boa noite coroa.- Dá um beijo em sua testa e logo seus olhos se voltam para mim.- Essa é  a Valeska, e Valeska essa é a dona Mercedes.

Mercedes: Para de me chamar de dona.- Dá um tapa na mão dele.- Boa noite querida.

Eu: Boa noite.- Me inclino cumprimentando ela com beijo no rosto.

Borges: Eu vou tomar um banho, fica a vontade ai.- Fala baixo perto de mim e eu concordo.

Mercedes: Senta menina, não vai crescer mais não.- Dou um sorriso vendo a quem ele puxou as piadas ruins.

Me sento ao seu lado olhando pra televisão que exibia a novela das oito.

Mercedes: Essa novela é  sensacional.- Concordo mesmo nunca tendo visto nem um capítulo dela.

Fico ali conversando com ela sobre a novela, após ela me dar um resumo completo.

Não demora Borges aparece na sala só de bermuda.

Mercedes: Vai vestir uma camisa filho, cadê o respeito com a moça.- Fala séria com ele que ri.

Fico toda envergonhada e nem sei direito o porquê. Ah se ela soubesse que já vi o neto dela sem nada.

Borges: Tem rango ai?- Pergunta e automaticamente sinto meu estômago reclamar.

Mercedes: Tem sim, a salada ta na geladeira.- Ele se vira.- Leva a moça pra comer Darlysson!.- Grita com ele que volta.

Dou risada e me levanto indo seguir ele. Melhor obedecer dona Mercedes.

Eu: Então quer dizer que seu nome é Darlysson.- De tudo que nos conversamos ele nem se quer tocou em nome real. Estava começando a acreditar  que era Borges mesmo.

Borges: Sim.- Fala abrindo a geladeira.- Borges é sobrenome, mas é como me conhecem por aqui.- Completa.- Preparada para comer o melhor rango da sua vida?

Assinto. Ele me serve e se serve em seguida. Nós sentamos a mesa que tinha no canto da cozinha.

Eu: Sua avó é super tranquila, nem quis saber o que faço aqui.- Digo dando uma garfada na comida sentindo um sabor maravilhoso.- Isso aqui ta muito bom.

Borges: Eu disse que era o melhor.- Sorrio continuando a comer.- Ela quer saber o porque, mas não vai perguntar na sua frente.

Olho pra ele por uns instantes, mas decido não comentar.

Conversamos sobre outras coisas e eu faço questão  de lavar os pratos.

Seco as mãos no pano vendo ele escorado no balcão me olhando.

Borges: Pode ficar no meu quarto, e se quiser eu durmo na sala.- Fala caminhando pelo corredor.

Vejo que a televisão está desligada e a sala vazia.

Eu: Acho que podemos dividir a cama, se não for te incomodar.- Entro no quarto sentindo cheiro forte do seu perfume.

Borges: Desde quando dormir com uma gata dessas é  incomodo?- Dou risada e ele me puxa pela cintura me dando um beijo lento.- Vamos dormir, você deve estar cansada.

Tiro o moletom deixando sobre uma cadeira e deito na cama pensando em como a minha mãe e a Vanessa está. Ainda bem que amanhã não tenho trabalho, só umas fotos pra uma lojinha que vou fazer pela tarde.

Vejo ele fechar a porta e apagar a luz, logo sinto o colchão afundar e ele solta um suspiro de alívio.

Que merda eu to fazendo? Dormindo com ficante Valeska?

....

ValeskaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang