• Dezessete •

175 14 0
                                    

Valeska

Chego em casa acompanhada da minha irmã, que ainda comenta sobre tudo que disse a ela. Claro que omiti algumas partes, que julguei ser desnecessária ela saber. Inclusive a parte da foda.

Solange: O almoço ta pronto.- Vem da cozinha secando as mãos no pano de prato.

Sigo pro banheiro pra lavar as mãos  vou almoçar com minha família. Sem a presença horripilante do Sérgio. Nem fiz questão de perguntar por onde está.

Minha mãe parecia até outra pessoa quando estava longe daquele traste. Almoçamos, conversamos e demos risadas de algumas coisas absurdas que Vanessa contava. Quase que minha irmãzinha contou sobre o encontro de ontem.

Ajudei a arrumar a cozinha, o que me deixou com mais calor do que estava. Vou até o quarto pegando uma roupa confortável e sigo pro banheiro afim de tomar um banho frio.

Termino me ajeitando. Levo a toalha pro varal no quintal e volto pro quarto.

Vanessa: Mana.- Entra no quarto e se joga na cama.- A gente pode conversar?- Assinto e me levanto para fechar a porta.

Eu: O que aconteceu?- Pergunto me sentando do seu lado.

Vanessa: Quando foi que você perdeu a virgindade?- Arregalo os olhos surpresa.

Solto uma risada nasal.

Eu: Por que precisa saber disso?- Indago já imaginando o que viria a seguir.

Vanessa: Todas minhas amigas perderam. Eu já vou fazer 17 anos e mal dei uns beijos na boca.- Acabo dando risada da maneira que ela falou, a mesma me olha fazendo careta.

Eu: Essas coisas tem hora diferente pra cada uma, não pode fazer alguma coisa só porque suas amigas também estão fazendo.- Digo calma vendo ela se vira e sentar cruzando as pernas.- Nunca foi maria vai com as outras, o que aconteceu?

Vanessa: Nada, só que elas comentam o tempo inteiro.- Diz fazendo gestos e se levanta.- Obrigada mana.- Me abraça.

Eu: Sabe que pode falar sobre qualquer coisa comigo né?- Ela assente fazendo um joinha com o polegar e abre a porta para sair.- E respondendo a sua pergunta, foi com 18 anos.- Ela olha pra trás dando um sorriso fraco e sai do quarto fechando a porta.

Por um momento me lembro da minha primeira vez, de toda a insegurança que senti naquele dia. Sem contar que não gostei nem um pouco, sei que não podemos esperar muita da primeira transa, mas tinha que ter algo parte boa. O que não foi o caso.

Sinto meu celular vibrar em cima da cama, me tirando dos meus pensamentos. Pego o aparelho o desbloqueando.

Vejo que tem algumas mensagens do grupo do trabalho, e pelo visto já adicionaram o tal Luan ao grupo. Logo abaixo tinha uma mensagem dele no privado dizendo "Boa tarde" apenas. 

Dou atenção somente ao grupo, respondendo algumas coisas. Em seguida entro no instagram vendo alguns stories de pessoas que sigo, e alguns novos seguidores. Inclusive o perfil do Luan. Já estou vendo que terei problemas com esse cara.

Deixo o celular de lado e vou até  o notebook afinal de ver algumas coisas sobre o curso que quero fazer. Sento esperando o mesmo ligar. 

Passo horas na frente do computador vendo sobre várias coisas. Nem percebendo que já havia anoitecido e que eu estava apenas coma luz do notebook no rosto.

Escuto um barulho de vidro quebrando e logo em seguida uma gritaria vindo da cozinha.

Mãe!

Saio do quarto correndo e vou até a cozinha vendo Sérgio falando aos montes e sem coerência nenhuma.

Eu: Sai daqui.- Grito com ele apontando para a porta.- Sai daqui antes que eu não responda por mim.- Enfrento ele que começa a rir feito maníaco.

Sérgio: Você acha que é quem? Essa casa não é sua, nunca vai ser.- Se aproxima de mim em passos lentos.

Sinto meu coração acelerar e olho lado vendo uma faca sobre a mesa. Não pensei duas vezes antes de pegar.

Eu: Não chega perto.- Aponto a faca na sua direção. Meu coração parece que vai saltar da boca a qualquer momento.

Ele dá risada e continua vindo na minha direção.

Sérgio: Você ta mesmo me ameaçando?- Chega perto e aperta meu pulso.- Ta vendo a cobra que você criou?- Se vira para minha mãe que só sabe chorar, assim como minha irmã.

Eu: Me solta.- Falo sentindo o sangue quente correndo nas minhas veias.- Me solta Sérgio!

Sérgio: Vai fazer o que?- Olho em teus olhos e sem pensar pressiono a faca no seu braço. Superficial, mas o suficiente para fazer sangrar.

Finalmente ele me solta gritando de dor e olho pro lado vendo minha mãe com olhar de brava. Antes que ela pudesse pensar em reagir, eu solto a faca no chão e saio correndo pra fora da casa.

Começo a andar depressa sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto. Seco o rosto com as costas da mão e abraço meu corpo sentindo o vento frio bater contra minha pele.

Sigo em direção a casa da Tamara, na tentativa de conseguir abrigo por esta noite.

Algumas pessoas me olhavam, mas nem se quer se aproximavam para ajuda. Acho melhor assim, não quero dar explicações a ninguém. Sinto que estou sendo seguida, olho pro lado e vejo o carro branco e logo reconheço quem está no volante.

Borges: Valeska?- Indaga com um cara de surpreso.- Entra no carro.- Penso em recusar, já que a casa da Tamara está próxima. Mas decido aceitar.

Entro no carro secando minhas lágrimas, mas não consigo parar de chorar.

...

ValeskaWhere stories live. Discover now