• Dezesseis •

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Borges 

Levo o copo de café até a boca, sentindo o líquido quente descer minha garganta. Minha mente ainda se encontrava na noite de ontem. A pele macia dela tocando a minha, quase que consigo sentir seu calor novamente.

Mercedes: Darlysson?- Balança a mão na minha frente.- To falando com você menino!- Coloca as mãos na cintura me encarando séria.

Eu: O que foi minha rainha?- Pergunto rindo da sua expressão séria.

Mercedes: Ta felizinho demais, só espero que não seja nada errado.- Sai da minha frente indo lavar a louça na pia.

Eu: Qual foi coroa? Não quer ver seu filho feliz não?- Chego do lado dela passando o braço por cima de seus ombros.

Mercedes: Claro que quero.- Pega o copo vazio da minha mão.- Mas só dessa vez, tenta fazer as coisas certas?- Pede com os olhos marejados.

Eu: Relaxa coroa.- Respiro fundo.- Não to afim de voltar pra aquele inferno não.- Lhe dou um beijo na cabeça e me afasto.- Vou dar uma volta pra resolver umas coisas, mais tarde to volta.

Ela apenas assente ficando calada, e sem olhar pra mim. Já fiz ela passar por tanta coisa. Fiz ela chorar tantas vezes, perto disso a cadeia é o menor dos meus problemas. 

Sigo até o quarto pegando uma camisa qualquer no guarda roupas, jogo no ombro e pego minha carteira e as chaves do carro.

Mandou mensagem pro Rogério avisando que estou saindo de casa.

Em poucos minutos me encontro parado em frente ao seu portão. Ele abre me dando visão do pitbull amarelo que brinca com ele querendo sair pra rua.

Rogerinho: Vai deitar Hulk!- Grita com o cachorro, o mesmo vai para trás se deitando no chão e fica quieto.- Papai já volta.- Manda beijo pro pitbull me fazendo rir.

Espero ele entrar no carro pra dar partida.

Eu: Bom dia.- Digo voltando a ficar sério e segui caminho pra casa do Ryan.

Rogerinho: Bom dia o caralho.- Fala puto me fazendo encarar ele por meros segundos.

Eu: Ela te largou de novo?- Pergunto já sabendo a resposta.

Rogerinho: Dessa vez eu não fiz nada.- Ele troca a música no painel.- Garota cheia de paranoia.

Eu: Já falei pra tu não se envolver com menina nova.- Bato os dedos no volante no ritmo da música que toca. Não conhecia, mas faz meu estilo.

Rogerinho: Como se a que tu pegou ontem fosse velha.- Joga no ar, encaro ele sério e solto um sorriso depois.- Iih, esse sorrisinho ai? Ta emocionado é?

Meto o tapa na cabeça dele, parando o carro em frente a casa do Ryan que estava sentado no portão mexendo no celular.

Pica-Pau:- Coe.- Entra fazendo toque comigo e com Rogério.- Ai preciso de um favor seu.- Olha pra mim. 

Estalo a língua no céu da boca já esperando merda.

Eu: Solta o verbo.- Olho ele pelo retrovisor.

Pica-Pau: Só pegar um parada.- Dá de ombros e Rogério se vira olhando pra ele.- Quieta o cu ai também.- Recebe um dedo do meio do cara.- Ta ligado aquela quadra que a gente jogava bola. segue pra la.

Assinto passando a mão no rosto. Sigo o caminho calado, enquanto os dois discutem sobre algo que nem dou atenção.

Paro o caro bem ao lado da tal quadra, impressionante como pode passar o tempo mas ainda sei as ruas daqui de cabeça.

Rogerinho: Desce ai viado.- Diz após sair do carro e parar ao lado Ryan.

Respiro fundo e desço do carro. Mesmo sabendo que o que viemos fazer aqui vai contra o que minha avó me pediu hoje cedo.

Tranco o carro colocando a chave no bolso e sigo os dois.

Escuto um som vindo da quadra e por reflexo olho pra la e meus olhos batem na Valeska dançando  enquanto todos a sua volta observavam. Ela parou assim me me viu ali observando.

Um dos cara fala algo pra ela, que se vira pra ele.

Rogerinho: Vai ficar ai babando porra?- Me chama la na frente.

Volto a caminhar e entramos em rua estreita e sem saída. Fomos até o final dando acesso a uma casa sem terminar, só no tijolo.

Ryan da três batidas na porta de ferro que logo se abre revelando um homem alto, magro e cheio de tatuagens nos braços e no pescoço.

Pica- Pau: E ai Caju.- Faz toque de mão, assim como Rogério.

Permaneci na minha calado. Entramos na casa e não tinha nada de casa la dentro.

Só drogas jogadas no numa mesa no canto, assim como alguns cadernos.

Caju: Quem é?- Aponta pra mim acendendo um cigarro.

Rogerinho: Esse ai é o Borges, aquele amigo nosso.

Caju: Aah, então quer dizer que lili cantou?- Estende a mão pra mim, aperto balançando a cabeça em positivo.- Finalmente to conhecendo o cabeça de vocês. - Me encara por um tempo.- Mas deixa o papo pra outra hora, preciso que leve isso aqui.- Pega quatro barras de cocaína.- E leva la pro Renan.

Rogerinho: La naquele fim de mundo?- Arregala os olhos fazendo o homem olhar sério pra ele.- Laranjada isso ai.

Caju: Se vira, Fernandinho quer isso la hoje.- Fala apontando pra droga.

Observo tudo sem dar palpite algum.

Vejo Ryan pegar as barras e colocar dentro da mochila preta que o cara arrumou pra ele.

Caju: Ai!- Chama minha atenção.- É Borges né? - Assinto.- Satisfação te conhecer, fica na ativa ai.

Não digo nada, apenas vou com os dois até o carro.

Eu: Vou deixar tu em casa e de la tu se vira com esse b.o ai.- Falo entrando no carro.

Pica-Pau: Po mano, minha moto ta no conserto, tava contando com tu hoje.- Coça a cabeça fazendo cara de preocupado.

Eu: Porra, vocês me metem em cada uma.- Passo a mão  no rosto girando a chave na ignição. - Aonde esse maluco fica?

Vejo um sorriso brotar no rosto do Rogério que falta pouco pular no meu colo.

Rogerinho: Esperei tanto pra ver esse momento.- Faz uma voz fina fingindo choro.- Os três juntos novamente.

Eu: Mas é só dessa vez.- Digo sério. Espero que isso não chegue nos ouvidos da minha vó.

Pica-Pau: Valeu meu mano.- Da um tapa nas minhas costas.- Fica pra la de Cabrália.

Balanço a cabeça seguindo caminho.

A ida e a volta foram tranquilo. Passamos por algumas viaturas. Mas nem se quer eles imaginavam o que estávamos transportando aqui dentro, quatro quilos de cocaína pura.

...

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