• Seis •

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Valeska

Assim que André anunciou a pausa eu desci atrás da Tamara que foi correndo pra cozinha.

Uma das vantagens desse trabalhoé a comida maravilhosa desse lugar, sem contar que pra nós em horário de serviço era de graça.

Entrei na cozinha sentindo o cheiro gostoso de peixe frito, peguei o prato mas fui interrompida pela celular tocando na lateral do meu short.

Sai atendendo o mesmo. Fiquei puta ao ver que era apenas propraganda da operadora.

Senti alguém tocar meu braço me fazendo afastar no susto. Olhei pra trás vendo o mesmo preto que tava me secando la no palco.

Se apresentou como Borges, fez uma piada que apesar de ridícula eu achei engraçada. Olhei pro lado vendo Tamara me chamar com a mão e falar algo sem emitir som.

Larguei ele lá e fui até a minha amiga que estava com um prato cheio de comida.

Eu: Quem olha pensa que passa fome.- Ela fecha a cara me fazendo rir.

Voltamos pra cozinha e eu preparo um prato no capricho pra mim e a gente sai se sentando em uma mesa vazia proxima a cozinha.

Tamara: Quem era?- Perguntei se referindo ao homem.

Eu: Não sei.- Dei de ombros dando outra garfada na comida.- Veio falar comigo, se apresentou como Borges.

Tamara: Iih.- Fez careta.- Não confio nesses caras que são conhecidos pelo sobrenome não.- Levantou o dedo indicador usando ele pra reprovação.

Eu: Deixa isso pra la.- Falei calma.- Vamos terminar, que já já André chama nós.- Ela concordou e terminamos o almoço voltando a reunir com as meninas perto do palco.

Dentro de alguns minutos André subiu no palco chamando novamente a gente, mas dessa vez sem apresentações.

Dessa vez, ficamos bem mais tempo no palco. Estava toda suada já, o calor também não ajudava.

Quando foi por volta de umas três da tarde encerramos a apresentação. Desci do palco indo tomar água, praticamente tomei uma garrafinha toda.

Tamara: Esse calor ainda vai me matar.- Disse limpando o suor da testa.- Vai pra casa agora?

Eu: To querendo viu, to mortinha.- Abri o armário pegando minha bolsa. Tirei a camiseta preta secando meu rosto.

Me sentei pra poder tirar o tênis e calcei meu chinelo sentindo um alívio enorme nos pés.

Eu: Vamos?- Perguntei e ela assentiu colocando a bolsa no ombro.- Tchau meninas.- Acenei pras duas que conversavam no canto.

Tamara: Olha la o tal Borges.- Apontou com a cabeça.

Avistei o preto conversando com os amigos encostado em um carro branco. Só agora pude reparar o quanto ele era bonito.

Alto, boca carnuda, cavanhaque, todo robusto e uma cara de quem não vale o prato que come.

Tamara: Vai babar ai.- Falou me tirando dos meus pensamentos.

Eu: Vai ver se eu estou na esquina Tamara!- Falei brava e ela deu risada.

Atravessamos a rua para poder ir até o ponto. Novamente sentir meu corpo queimar e automaticamente olhei pro lado vendo o Borges me observando com a cara fechada e os braços cruzados.

Tamara: Um sorvete agora cairia bem demais.- Comentou se sentando no banco do ponto.

Eu: Não engordar de ruim, toda hora pensando em comida.- Me sentei do seu lado.

Ficamos conversando e logo a nossa condução apareceu. Entrei cumprimentando o motorista como sempre, andei até o meio desta vez e me sentei no canto da janela.

Levou quase uma hora pra chegarmos no ponto da gente. Ainda bem que não fiquei enrolando la na barraca, se não iria chegar tarde.

Fui andando com Tamara até um certo ponto, me despedi dela virando a rua e ela seguiu reto.

Dentro de minutos entrei em casa vendo minha mãe assistindo televisão.

Eu: Boa tarde.- Dei um beijo em sua bochecha e fui até meu quarto pegando uma roupa confortável e segui de volta pro banheiro.

Tomei um banho tirando todo aquele suor que estava fazendo minha pele ficar pegajosa. Me sequei e passei hidratante, vesti a roupa e sai do banheiro indo estender a toalha no varal de fora.

Segui até a sala escutando meu padrasto e minha mãe discutindo alguma coisa.

Dona solange mandou ele calar a boca assim que me viu. Ele passou por mim bufando de raiva e foi pra cozinha.

Eu: O que ele queria?- Pergunteicruzando os braços.

Pra minha não tinha essa de ficar escondendo as coisas não, quer falar? Fala na cara. Caso contrário, nem comenta.

Solange: Você tem demorado muito nesses banhos seu.- Falei rápido.

Eu: E por acaso eu não ajudo com as contas de casa não?- Perguntei sentindo meu sangue ferver.- Ele é quem deveria demorar menos, já que as contas aqui quem paga sou eu e você.- Apontei o dedo pra ela.

Solange: Abaixa o tom Valeska.- Me repreendeu com o olhar.

Abaixei meu dedo e soltei o ar tentando me acalmar. Segui até o quarto passando por minha irmã que tava indo pra sala.

Vanessa: O que foi?- Perguntou assustada.

Eu: Esse teu pai me tira do sério.- Entrei no meu quarto batendo a porta e a trancando em seguida.

Aqui em casa sempre foi eu e minha mãe pra arcar com todas as despesas, inclusive a dele. Não consegueparar em nenhum emprego, e todo dinheiro que pega torra por ai e nunca trás nada pra ajudar.

Eu juro que não sei o que a minha mãe faz com esse cara ainda. Tudo bem que ele é o pai da minha irmã, mas nem ser pai, ele sabe ser.

Deito na cama pegando meu celular e vou mexer nas redes sociais.

ValeskaWhere stories live. Discover now