• Sessenta e Um •

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Valeska

Fiquei estática olhando fixamente pra rua.

Tamara: Amiga?- Estalou os dedos na minha frente.- Você ta bem?

Eu: O que foi que aconteceu? Quem entrou la?- Olhei pro Falcão que mantinha o olhar atento na estrada.

Maldita hora que fui me envolver nisso tudo, será que nunca mais vou ter um dia de paz?

Falcão: Não sabemos quem foi.- Diz sério.

Passo as mãos no cabelo e minha irmã se inclina me abraçando.

Vanessa: Vai ficar tudo bem irmã.- Me solta olhando em meus olhos.

Eu: Não... Isso não ta certo.- Nego com a cabeça.- Não é essa vida que eu queria pra nós.

Tamara: É só uma fase amiga.- Ela se vira alcançando minha mão repousada sobre minha perna.- Eu to ligada que ta com medo, eu também to.

Eu: Não é uma fase Tamara, isso é constante na vida deles.- Digo séria.- Não é Falcão?- Ele me olha pelo retrovisor, desvia o olhar e confirma com a cabeça.- Ta vendo? Para de romantizar essa vida.

Me jogo pra trás sentindo o macio do estofado nas minhas costas. O silêncio se instalou dentro do carro. 

Os minutos se passaram como se fossem horas, pelo menos para mim. Ele estacionou e só então me inclinei olhando pela janela e vendo a casa grande com um muro alto.

Vanessa: Vamos irmã.- Chamou minha atenção abrindo a porta pra mim.

Peguei as sacolas do meu lado e desci.

Eu: Quero saber de tudo o que aconteceu lá.- Digo pro Falcão que assente.

O silêncio dele mata qualquer um, parece que a mente dele sempre está tentando juntar todas as peças para fechar o quebra-cabeça. E não tem como ninguém invadir isso.

O portão pequeno foi destravada e ele indicou para que a gente entrasse. La dentro tinha dois dos seguranças que eu já conhecia bem.

Th: Ligação pra tu.- Me estendeu um celular pequeno, daqueles de botão.

Peguei levando até a orelha e caminhei em direção aos fundos da casa.

Eu: Oi.- Minha voz saiu falha.

Borges: Como você ta?- Sinto um certo alívio em ouvir a voz dele.

Eu: Como você acha? Já pensou se a gente estivesse lá? Não dá Darlysson, essa vida não é pra mim.- Desabafo sentando em um canteiro.

Borges: Não ia acontecer nada, Falcão iria ta la.- Solta um suspiro.

Eu: Falcão é só um, até parecer alguém pra ajudar ele já era.

Borges: Só confia em mim.- Ele desliga a chamada.

Dei a volta entrando na casa pela porta da frente. As meninas estavam sentadas no sofá lado a lado,  enquanto Th, Lipão e Falcão estavam de pé formando um espécie de circulo, onde eles discutiam algo.

Tamara: O que ele falou?- Indagou assim que me viu.

Eu: Pra eu confiar nele.- Solto um suspiro fraco e me sento no espaço indicado por ela.- Já pensou se a gente tivesse la?- Soltei encostando a cabeça em seu ombro.

Tamara: Eu também to com medo amiga, mas eles vão fazer o que for preciso para isso não afetar a gente.- Passa o braço pela minha cintura acariciando a mesma.

Observo os três conversando baixo, só pela expressão que cada um faz eu vejo que não é coisa boa.

Me levanto indo até eles.

Eu: O que realmente tá acontecendo?- Pergunto cruzando os braços.

Eles se entreolham, Lipão abre a boca algumas vezes mas não diz nada.

Eu: Quero saber de tudo. - Encaro eles. - Se a minha vida e a delas tá em risco, eu quero saber de tudo mesmo.- Vejo TH passar a mão no rosto respirando fundo.

Th: Descobrimos quem está atrás dele.- Olho pra ele incentivando a falar mais. - Estão tentando um plano pra acabar com isso.

Falcão: O melhor é vocês ficarem aqui na casa.- Solto uma risada nasal. - Faz uma lista de tudo que vocês vão precisar pra uns cinco dias.

Balanço a cabeça em afirmativa e me afasto deles indo até às meninas novamente.

Me jogo no sofá. Não demora muito o meu celular vibra no bolso.

Pego o mesmo vendo uma mensagem da dona Joana.

Joana: Filha, precisamos conversar.

Respiro fundo já sabendo o que ela vai dizer.

Me levanto e sigo até a parte de trás da casa. O sol já estava começando a se pôr.

Clico no contato dela inciando a chamada. No segundo toque ela atende.

Joana: Graças a Deus que você está bem!

Eu: Foi só um susto.- Digo com a voz fraca.

Joana: Eles entraram e reviraram tudo mais uma vez. Ao que me parece não levaram nada.- Ela solta um suspiro.- Conheço você desde pequena menina, sei que tem coração bom, que é honesta com suas coisas, mas...

Eu: Precisa que eu saia, não é mesmo? - Interrompo sua fala, ela respira fundo antes de responder.

Joana: Os vizinhos estão reclamando, já foi a segunda vez que seu apartamento é invadido. - Olho pro céu sentindo as lágrimas vindo mas seguro.- Sem conta com o fato de ter sempre uma rapaz armado parado do outro lado da rua.- Continua ela.- Aqui não é o bairro mais civilizado da cidade, mas nunca aconteceu casos como esse aqui.

Eu: Entendo dona Joana, e quero te pedir desculpas pelo ocorrido.

Joana: Sinto muito minha menina, vou te dar alguns dias para retirar suas coisas.

Eu: Hoje mesmo eu peço os meninos para buscar minhas coisas e te entregar as chaves.- Falo passando a mão na cabeça. - Se a senhora poder ajudar eles a separar as minhas coisas, não vou poder ir aí.

Joana: Sem problemas. Não sei o que está passando na sua vida, mas quero que você tenha fé.

Eu: Obrigada Joana. - Desligo a chamada.

Me viro rapidamente para voltar pra dentro da casa e me bato de frente com Falcão.

Eu: Preciso que busque todas as minhas coisas lá no apartamento.- Ele franze o cenho.- A dona não quer que eu fique mais lá, gerou muita confusão com os outros inquilinos.- Passo a mão no cabelo juntando em um coque rápido.

Ele assente mas não diz nada, sobe na moto que tava parada mais ao canto. Vejo Th lá d porta abrindo o portão no controle.

Cruzo os braços respirando fundo. Ainda sem acreditar em tudo que está acontecendo.

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