• Quarenta e Oito •

126 11 0
                                    

Valeska

Dias Depois...

Acordei com um peso sobre mim, abri os olhos no susto e acabei jogando Tamara no chão.

Tamara: Ai amiga.- Senta no chão rindo.- Pra que tanta agressão?

Depois do que aconteceu, Joana fez questão de dar uma cópia da chave para Tamara entrar quando quiser. E ela tem feito muito isso.

Eu: Você que chega assustando os outros.- Sento na cama passando a mão no rosto.- Ta fazendo o que aqui?

Tamara: Vim te buscar pro trabalho.- Levanta colocando as mãos na cintura fazendo pose.

Eu: Não to afim não.- Me joguei na cama novamente.

Se passaram apenas quatro dias após meu sequestro. Nesse meio tempo, só teve um ensaio do grupo, que eu fingi estar doente para não precisar ir. Ninguém sabia o real motivo pra eu ter sumido.

Tamara: Você sabe que ficar presa aqui não vai adiantar nada, né?- Balanço a cabeça.- E essa história de doente não vai colar mais.- Cruza os braços.- Vamos vagabunda!- Me puxou pelo braço me jogando no chão.

Eu: Ai!- Dou risada.- Melhor você correr.- Me levantei vendo ela já na porta e fui atrás arremessando a almofada que estava jogada no chão perto da cama.

Tamara: Ai vagabunda!- Grita se jogando no sofá.

Eu: Vou tomar banho.- Peguei minha toalha e entrei no banheiro tirando o pijama.

Meu corpo ainda relutava contra o movimento, algo dentro de mim dizia que ao passar por aquela porta iria reviver tudo de alguma forma. Mas eu sabia que se ficasse aqui iria viver no medo e ver a vida passar batida.

Tomei um banho rápido pra não dá espaço pra preguiça. Sai enrolada na toalha e fui pro quarto. 

Tamara: Vanessa tá ligando ai.- Me estendeu o celular.

Eu: Fala doida.- Abro o guarda roupa procurando meus shorts de malha.

Vanessa: Que história é essa que você foi sequestrada Valeska?- Engoli o seco sentindo um aperto no peito.

Eu: Quem te falou isso?- Fui até a porta olhando pra Tamara que cantava baixo olhando o celular.

Vanessa: Isso não importa. Por que você não me contou?

Eu: Vanessa pelo amor de Deus, não me diga que você ta saindo com o platinado.- Tamara arregala os olhos. A linha fica em silêncio.- Vanessa? Você tem ideia do que eles são?

Vanessa: Isso não importa agora.- Desliga a ligação.

Eu: Puta que pariu.- Aperto o celular.

Volto pro quarto indo me trocar.

Tamara: Ele contou pra ela o que aconteceu?- Assinto e vejo ela se jogar na cama.

Eu: Preciso conversar com ela pessoalmente.- Pego a bolsa checando.

Tamara: A essa hora ela ta indo pra escola Valeska.- Olho pra ela concordando.

Me sento na cama passando a mão no rosto.

Eu: Não acredito que isso ta acontecendo.- Sinto vontade de chorar.- Onde foi que eu me meti.

Tamara: Relaxa amiga, vamos dar um jeito nisso.- Passa a mão na minha coxa me confortando.- Mas agora vamos, porque dinheiro não cai do céu. 

Eu: Mas problemas, pelo visto sim.- Damos risada.

Vou até a cozinha fazendo um lanche rápido com bolo e suco de laranja.

Respirei fundo quando tranquei a porta de casa e comecei a descer a escada. Desde aquele dia eu não sai nem na varanda do quarto.

Tamara: To aqui com você.- Estendeu a mão pra mim a uns lances de escada abaixo, segurei sua mão e sorri descendo a escada.

Joana: Bom dia meninas.- Olho pro lado vendo ela regar as plantas da fachada.

Eu: Bom dia Do.. Joana.- Corrijo vendo ela fazer careta.

Aceno saindo com Tamara e travando o porta. Respirei fundo e comecei a andar até o ponto de ônibus.

Tamara: Você acredita que André ta cogitando a ideia de deixar o Luan fixo no grupo?

Eu: Luan é um ótimo dançarino e coreografo, seria uma boa.- Ela para me encarando.- O que foi?

Tamara: Quem é você e o que fizeram com minha amiga?- Diz cruzando os braços.

Eu: To só falando a verdade.- Dou de ombros e volto a caminhar.

Tamara: Ta bom.- Me acompanha.- Mas só acha que André esta querendo nos abandonar, vive falando que está com saudades da filha que foi morar em São Paulo.

Eu: Se isso acontecer estaremos em boas mãos, vejo o lado bom.- Paramos no ponto.

Vejo ela ficar calada olhando pra frente e olho na mesma direção, minha amiga nunca soube disfarçar.

Vejo Borges e o platinado conversando encostado no golf branco, eles estão de costas para nós duas. 

Sem pensar muito atravesso a rua na frente dos carros, de longe escuto Tamara me gritando, mas ela não vem atrás.

Eu: Vou falar uma única vez e quero que escute bem.- Cheguei apontando dedo na cara do platinado.- Se eu souber que você chegou perto ou até mesmo que olhou pra minha irmã eu arranco sua cabeça sem pensar duas vezes.

Pica-Pau: Você tem ideia de com quem ta falando?- Solta uma risada nasal.

Eu: To pouco me fudendo de quem você é, ou quem vocês são.- Aponto para os dois.- Só quero que fique longe dela.

Dou uma última encarada nele e me viro para poder voltar para perto da Tamara. Mas antes que eu pense em atravessar a rua sou impedida por uma mão grande e sinto meu corpo se arrepiar por inteiro.

Borges: Espera.- Olho para ele que está com o semblante abatido.

Eu: Me solta.- Olho pra sua mão envolta do meu braço e vejo ele soltar e colocar as mãos no bolso, me olhando nos olhos.

Borges: Só um minuto, me escuta.- Solto um suspiro e olho pra Tamara assustada do outro lado.- Como você tá?

Eu: Como você acha que eu deveria estar? Por sua causa eu passei as piores horas da minha vida no meio do nada.- Jogo na cara e vejo ele abaixar a cabeça.

Borges: Eu não tinha como saber que ela iria justo atrás de você.- Encaro ele.- Me perdoa?

Eu: Tivesse pensado nisso antes e me contado sobre quem você realmente era.- Atravesso a rua sem olhar para trás e no mesmo instante nossa condução chega e entramos indo até o fundo.

Escutava Tamara falar monte de coisa sentada ao meu lado, mas minha cabeça estava tão dispersa que não conseguia entender absolutamente nada.

...





ValeskaOnde histórias criam vida. Descubra agora