• Trinta e Sete •

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Valeska

Acordei sentindo meu braço doendo, abri os olhos vendo que estava deitada em cima do Borges que dormia sem se importar.

Me levantei e mexi com ele que acordou assustado e se sentou no sofá passando a mão no rosto.

Borges: Já amanheceu?- Pego o celular dele na mesinha e olho as horas.

Eu: Duas e pouco da madruga.- Faço careta ainda com o celular em mãos, o mesmo acende a tela indicando uma nova mensagem, por impulso eu acabo lendo.

"Borges, ta rolando uma treta na boca da rua nove, perto de onde tu ta."

Olho pro Borges bocejando e em seguida ele faz uma careta e pega o celular da minha mão lendo a mensagem e me olha de novo.

Borges: Preciso ir. - Se levanta.

Eu: Darlysson... - Olho em teus olhos escuros.- O que significa essa mensangem?

Borges: Nada demais, uns amigos pedindo ajuda.- Ele da de ombros.

Eu: Ajuda com o que? No meio da madrugada em um boca?- Olho pra ele incrédula.- Me fala a verdade Borges.- Peço e vejo ele suspirar fundo.- Por que você sumiu? Onde você estava no últimos anos?- Todas as perguntas que rondam minha cabeça saem até mesmo sem minha permissão.

Ele permanace calado e se senta novamente.

Borges: Tu vai se afastar eu sei, mas melhor ouvir a verdade da minha boca do que da de terceiros.- Me sento na mesinha sabendo que vem coisa por ai.- Passei os últimos cinco anos na prisão, por roubo a mão armada e porte ilegal de arma.- Arregalo os olhos sem acreditar nas palavrad que saem de sua boca.

Eu: Então.... Você... Eu não acredito.- Me levanto mas sinto minha pressão abaixar.

Borges: Não disse nada antes porquê eu achei que iria ser só um lance passageiro, mas eu fui me envolvendo contigo e contar só faria você se afastar.- Fala olhando em meus olhos.

Abaixo a cabeça e sinto tudo a minha volta rodar, me levanto indo até a cozinha e encho um copo com água.

Eu: Não disse porque sumiu.- Digo olhando pra ele que agora estava de cabeça baixa.

Borges: Eu sou envolvido.- Diz sem remorso.

Fico um tempo calada tentando processar tudo que ele me disse, e outra pergunta acaba rondando minha cabeça.

Eu: Seus amigos também?- Pergunto pensando em como a Tamara se sentiria ouvindo isso. Vejo ele assentir e se levantar.

Borges: Eu juro que se a gente fosse se envolver sério eu te contaria. - Percebo a sinceridade nas palavras dele.

Eu: Deveria ter contado no início.- Digo triste.- Agradeço por ter me ajudado, mas preciso de espaço.

Caminho até a porta e a abro dando espaço pra ele sair.

Borges: Minha intenção nunca foi te machucar.- Olha pra mim antes de sair.- Se cuida.- Assinto e fecho a porta me deslizando atrás dela.

Não é possível que isso ta acontecendo!

Fico um tempo pensando em tudo que acabei de ouvir. Sinto o sono tomar conta de mim e eme levanto indo pro quarto e me jogo na cama apagando em poucos minutos.

...

Acordo sentindo o sol no meu rosto w agradeço por não ter que trabalhar hoje. Chorei tanto que minha cabeça parece que vai explodir.

Me levanto e vou até o banheiro fazendo minhas necessidades.

Sigo pra cozinha pra poder preparar meu café e escuto a campainha.

Eu: Oi, quem é? - Pergunto com receo de ser ele.

Tamara: Abre pra mim vagabunda.- Fala rindo.

Destravo o portão e em alguns minutos Tamara passa pela porta dançando.

Eu: Posso saber o motivo de tanta animação?- Digo sorrindo.

Tamara: Não posso acordar animada não?- Se joga no sofá, encaro ela tentando decifrar toda essa felicidade.- Tava com Rogério.- Sorri e sinto um pontada de tristeza em mim.- O que foi? Você ta bem?- Se levanta e vem até mim.

Eu: Amiga... Preciso de contar uma coisa.- Digo baixo e ela me olha triste.- Borges esteve aqui ontem e...- Olho em teus olhos e vejo ela levar a unha até a boca mordendo.

Tamara: Fala mulher.- Da um tapa na minha coxa.

Eu: Ele me contou toda a verdade.- Ela me encara arqueando a sobrancelha.- Eles são envolvidos Tamara.- Vejo a mesma arregalar os olhos e engasgar com a própria saliva.

Tamara: Envolvidos de... Com...- Tenta falar mas nada sai.

Eu: Tráfico.- Ela se senta no sofá e abaixa a cabeça.- Nunca vimos ele antes porque ele estava preso, por cinco anos.- Levanta o olhar e nega con a cabeça.

Tamara: Não acredito... Não pode ser.- Passa as mãos no cabelo.- Isso explica muita coisa.- Assinto.- Não acredito que me envolvi com alguém assim Valeska.- Ela ri de nervoso.

Eu: Nem eu.- Nego me levantando para poder passar o café.

Tamara: Estava com ele essa noite, a gente saiu se divertiu.- Se levanta e vem sentar em uma das banquetas do balcão da cozinha.- Eles não tem cara de que mexem com algo ilícito.

Eu: E gente assim vem com estrela na testa desde quando?- Pergunto e ela me encara assintindo.

Tamara: To passada.- Dou um sorriso fraco e termino de passar o café colocando na mesa.- Será que eles são daqueles possessivos.

Eu: Deus queira que não, to muito nova pra morrer.- Digo pegando uma xicara pra mim e outra pra ela.

Coloco na mesa também o bolo que comprei ontem.

Tomamos nosso café conversando sobre as mais diversas coisas, inclusive no nosso assunto principal desta manhã.

Minha ficha está longe cair de que eu cheguei a estar no mesmo lugar que un cara como ele, pior que eu dei para ele.

...

ValeskaWhere stories live. Discover now