• Sessenta e Dois •

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Borges

Coloco o celular em cima da mesinha de centro. Respiro fundo e me levanto indo até a cozinha, onde Ryan e Rogério discutem sobre algo.

Pica-Pau: Qual foi?- Pergunta apontando para mim com a cabeça.

Eu: Vamos iniciar um plano hoje ainda. - Me encosto no balcão cruzando os braços. - O apartamento da Valeska foi invadido. - Rogério engasga com a cerveja que tomava. - Nenhuma das três estava lá.

Rogerinho: Caralho! Vou ligar pra Tamara agora.- Se levanta e sai da cozinha.

Eu: Falcão levou elas pra nova base.- Ele balança a cabeça colocando-a entre as mãos.

Pica-Pau: Me sinto um merda com essa situação.- Encaro ele sem entender. - Porra, tô me envolvendo com uma menina cara, um menina! E olha onde tô metendo ela.

Antes mesmo que eu pudesse formular uma resposta, Rogério apareceu com meu celular que tocava baixo.

Vi o contato do Th e atendi na hora.

Th: Rastreamos quem tá por trás de tudo. Tenente Coimbra, da polícia militar.

Solto uma risada nasal.

Eu: Como descobriram? - Indago desconfiado.

Th: Coloquei os cabeça pra desbloquear o celular do Caju, tinha vários registro de ligação com o mesmo número. Pedi pra rastrearem a quem pertencia, cheguei até a esposa dele. O resto, a internet fez por mim.

Eu: Isso explica os dois polícias na casa da senhora. Me conta mais

Th: Ele mora na orla, tem duas filhas adolescentes...

Eu: Onde elas estudam? - Pergunto interrompendo ele.

Th: Colégio Matter, na entrada do mundai.- Sorrio pensando que talvez mais fácil do que imagino.

Eu: Algo mais?

Th: Por enquanto só isso.... E não se preocupe não, as meninas estão seguras.

Eu: Valeu aí.- Desligo.

Assim que abaixo o celular vejo os dois me encarando curiosos.

Eu: Bora colocar a cabeça pra funcionar.- Me sento à mesa. Conto as informações que Th me passou.

Rogerinho: Se não me engano Fernandinho tem um filho que estuda na mesma escola.- Fala se jogando para trás na cadeira.

Várias coisas passam pela minha cabeça, tudo que pode dar certo e o que pode dar errado também.

Pego o celular e ligo pro Fernandinho que não demora para atender.

Fernandinho: Solta o verbo meu bom.

Eu: Boas notícias.- Escuto sua risada.- Tenente Coimbra, conhece?

Fernandinho: O nome não me é estranho não... Mas qual foi?

Eu: Ele é quem está por trás de tudo.- Ele ri novamente.

Fernandinho: Depois esses filhos da puta se dizem honestos e defensores da lei. - Bato o dedo na mesa, sentindo o nervosismo correr por minhas veias. - O que você precisa?

Eu: Ele tem duas filhas, estudam no Matter...

Fernandinho: Meu filho estuda lá.- Era tudo que eu precisava ouvir. - Me dê o nome das duas, vejo o que consigo com ele.

Eu: Isso não vai complicar pro moloque depois? - Pergunto passando mão no rosto.

Fernandinho: Igor vai para o Estados Unidos na próxima semana, se for preciso adianto a viagem dele.

Eu: Vou pedir pro Th te enviar o nome das meninas.

Fernandinho: Tô confiando em você.- Desliga a chamada.

....

A missão era simples. Então quem iria executar ela não seria nós, e sim o Lipão.

Parecia que tudo estava ao nosso favor, as meninas são da mesma turma que o tal Igor.
Fernandinho deu todo o passe para ele. Amanhã após a aula, ele vai convidar elas para tomar um açaí ou algo do tipo. E quem vai estar na direção do carro vai ser o Lipão.

Vão direto para o fim do parque ecológico, em um casa comum.

Até o anoitecer alguém terá dando falta das duas meninas e virão atrás. Vão estar mais alguns dos nossos dentro da casa, dando cobertura para que nada fuja do controle.

A princípio vamos dizer que queremos resgate, um valor em dinheiro limpo e que precisa ser entregue pelo pai das meninas. Michele e Eduarda.

Eu: Tô ligado como as coisas são, mas nada pode fugir do controle.- Digo em chamada com o Lipão.- Não quero saber de ninguém encostando um dedo nas duas.

Lipão: Pode deixar patrão, tá tudo nos conformes.

Eu: Tô confiando em ti, não me decepciona cara.

Lipão: Não vamos falhar.- Desligo a chamada colocando o celular no bolso.

Olho para a porta dos fundos que dá acesso a cozinha daqui a área externa. Rogério me encara de braços cruzados.

Rogerinho: Tu tá ligado que se isso der errado vamos ser procurados pelo país inteiro.- Afirma se aproximando.

Eu: E tu entrou nessa sabendo que uma hora o outra isso iria acontecer.- Retruco pegando um baseado em cima da mesinha.

Rogerinho: Porra Negão, eu só queria tá com a minha marrentinha.- Se senta do meu lado.

Solto um risada nasal.

Eu: Tá amarradão nela mesmo né?- Digo sorrindo.- Até esqueceu da loirinha lá.

Rogerinho: Priscila é passado, problema demais.- Sorrio e passo o baseado para ele que aceita sem hesitar.- E tu...- Solta a fumaça.- Nunca imaginei você na cola só de uma não.

Eu: Tempo passa, tudo muda.- Pego o baseado dando uma tragada.

Rogerinho: Te entendo... Ryan que tá surtando com isso.- Continuou ele.- Tá pagando língua ali.- Cai na risada.- Ficava debochando quando que pegava umas novinhas, agora tá nessa.- Continua rindo.

Pica-Pau: Tá rindo de mim, né filha da puta!- Grita lá da porta com uma lata de cerveja na mão.

Rogerinho: Vai se foder.- Diz ainda se acabando de rir.

Pica-Pau: Pega tu falando mal de mim, tu me paga.- Manda dedo do meio.- Conseguiu resolver a parada lá?- Pergunta direcionando para mim.

Eu: Agora é só esperar.- Digo dando outra tragada no baseado.

Minha cabeça tá em uma única coisa no momento, na Valeska. Perdi 5anos da minha liberdade, e agora que tenho ela, não quero ir em cana mais não.

ValeskaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora