• Quarenta e Sete •

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Valeska

Ele foi praticamente me arrastando para dentro da mata escura. Meu coração parecia que queria sair pela boca, não tinha mais controle da minha própria respiração.

Foram alguns minutos cortando caminho por dentro do mato que tava em fazendo querer coçar meus braços e minhas pernas até arrancar a pele.

Eu: Para onde você ta me levando?- Pergunto assustada.

Xxx: Fica calada porra.- Sussurra de volta.

Fomos até um certo ponto e paramos ali. Senti meu corpo tremendo e percebi que estava tendo mais um ataque de ansiedade, minha respiração acelerou mais.

Xxx: Shiu.- Aperta meu braço com mais força.

Tento controlar minha respiração engolindo o seco.

Borges: Acabou o jogo!- Meu corpo todo se arrepia ao escutar sua voz.

Xxx: Mais um passo e eu estouro a cabeça dela aqui na sua frente.- Diz frio apontando o revolver pra minha cabeça.

Me mantive paralisada, não sabia qual seria a reação de ambos. Não ver o semblante de Borges me causava desespero, não saber o que ele esta pensando em fazer me fazia querer chorar.

Por um instante escutei apenas um disparo e fechei os olhos forçando minha pálpebras. Na sequencia senti o corpo do homem ao meu lado ir ao chão.

Borges: Porra Ryan.- Escuto um risada e me viro olhando pros dois, vendo o Ryan rir com o revolver apontado para baixo. 

Pica-Pau: Era esses cara mesmo que queriam pegar o comando?- O mesmo levou um tapa na cabeça do amigo.- Qual foi?

Vejo ele se aproximando de mim e por impulso acabo recuando para trás.

Borges: Relaxa, ta tudo bem agora.- Guarda a pistola na cintura e levanta as mãos.- Vamos pra casa.

Eu: Não encosta em mim.- Levanto a mão.

Ele assente e começa a fazer o caminho pela trilha recém formada no meio do mato. Segui os dois até conseguir ver a casa que passei as últimas horas.

Rogerinho: Nem morrendo esse merda quer calar a boca.- Vejo Rogério encostado no carro com a porta de trás aberta com o tal Caju agonizando com a perna ensanguentada.

Borges: Pega o carro dele e leva ela pra casa.- Vejo ele tirar as chaves do bolso de Caju e passar pro amigo.

Ele me dá uma ultima olhada antes de entrar no carro e sair levantando poeira.

Rogerinho: Acho melhor a gente sair daqui.- Diz me trazendo de volta a realidade.

Sigo ele até o carro que me trouxe pra esse lugar, adentro no banco do carona vendo ele dar partida e seguir estrada.

Eu: Minha casa fica...-Me interrompeu.

Rogerinho: Temos que buscar uma pessoa primeiro.- Olhei para ele sem entender, mas permaneci calada.

Dentro de alguns minutos ele parou o carro em frente a uma casa afastada. Desceu do carro cumprimentando um cara que carregava  um fuzil,  depois entrou na casa voltando minutos depois acompanhado da Tamara que veio correndo ao me ver dentro do carro.

Tamara: Amiga!- Abriu a porta me abraçando desajeitada.- Me desculpa amiga, devia ter te acompanhado até em casa.

Eu: Não tinha como saber Mara.- Aperto ela em meus braços.- Vamos embora?

Tamara: Vamos, você ta precisando de um banho.- Faz careta e eu dou risada vendo ela entrar no banco de trás.

Ela passou as instruções da minha casa e em minutos ele parou em frente ao prédio.

Abri a porta do carro e antes de sair olhei pra ele que mantinha o foco mais a frente.

Eu: Obrigada.- Ele me olhou e sorriu.

Descemos do carro e por algum motivo dona Joana estava parada na escada que dava acesso a meu apartamento.

Joana: Oh minha menina.- Me abraçou assim que abriu o portão.- Que susto que você deu na gente.- Você ta bem?

Eu: Agora sim, estou bem.- Sorrio abraçando ela.

Joana: Vamos subir, você precisa de um banho.- Dou risada olhando pra Tamara que faz careta.

Subimos e eu fui direto pro banheiro tomando um banho quente e demorada. Lavei meu cabelo, esfreguei meu corpo várias e várias e vezes e só depois de realmente me sentir limpa que sai enrolada na toalha e fui até o quarto.

Por um instante me lembrei do momento em que ele adentrou minha casa e me levou sem que ninguém daqui notasse.

Até agora não caiu a ficha de que realmente isso acontecer, como eu fui tão burra de não perceber a onde eu estava me metendo quando me envolvi com Borges.

Balancei a cabeça expulsando os pensamento negativos e peguei uma roupa confortável me vestindo.

Fui até a sala vendo Tamara jogada no sofá quase dormindo.

Eu: Ta com uma cara péssima amiga.- Ela desperta e taca uma almofada em mim.

Tamara: Posso tomar banho aqui?- Assinto.

Eu: Deve ter roupa ai que te serve.- Ela se levanta indo até o banheiro.

Olho para cozinha e vejo dona Joana preparando um lanche com misto quente e café.

Eu: Você é um anjo em minha vida sabia?- Me sento na bancada vendo ela me servir com uma xicara de café.

Joana: Fiquei tão preocupada.- Se senta do meu lado.- Até pensei em chamar a polícia ou ligar pra sua mãe.

Eu: Nesse caso era melhor chamar a polícia, minha mãe pouco iria se importar.- Dou de ombros e mordo um pedaço do misto quente.- Isto ta muito bom.- Elogio.- Obrigada.

Não demora muito para Tamara se juntar a nos duas e me encher de pergunta sobre o que aconteceu durante esse tempo que estive presa.

Contei tudo do inicio ao fim, e senti vontade de vomitar ao lembrar do cara que me levou morto do meu lado, e do Caju sendo todo cheio de sangue sendo levado pra morte.

Dona Joana foi embora pouco tempo depois e Tamara resolveu dormir por aqui. Agradeci mentalmente por isso, já que as imagens desse dia insistiam em permanecer na minha cabeça. O olhar frio do Borges só me confirmou de que ele não é, e nunca foi uma boa pessoa.

....

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