• Vinte e Dois •

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Valeska 

Acordo com o sol batendo em meu rosto, sento na cama forçando as vistas. Me levanto indo fechar a cortina que por algum motivo esquecemos de fechar. Tamara dormia toda largada na cama. Peguei o celular tirando uma foto e mandei pro contato dela com um emoji.

Abri a mala pegando uma calça jeans e uma blusa branca. Segui pro banheiro onde fiz minhas higienes matinais e me troquei. Voltei pro quarto e ela ainda estava apagada. Fiz uma maquiagem básica, apenas para disfarçar a cara de choro.

Peguei minha bolsa colocando algumas coisas e deixei uma mensagem no celular dela avisando que iria sair.

Sai do quarto seguindo pra cozinha.

Alberto: Bom dia menina.- Sorri fraco.- Café acabou de sair.

Eu: Bom dia.- Pego um copo no escorredor ao lado da pia.- Vou tomar só uma água agora.- Ele assente e continua tomando seu café da manhã.

Bebo água e saio da casa travando o portão de fora. Caminho pelas ruas de cabeça erguida. Posso até chorar uma vez por alguma coisa, mas depois eu sempre me levanto com pensamento positivo.

Caminho até um conjunto de quatro apartamentos. Morei aqui até os meus seis anos de idade, ainda me lembro da dona, que sempre me cumprimenta quando me ver na rua. 

Toco a campainha. Sempre ganhei o suficiente pra pagar um canto só pra mim, mas nunca quis deixar Vanessa e minha mãe com aquele vagabundo. Agora não tenho mais escolhas, na casa da Tamara não posso ficar e nem quero.

O portão faz um barulho indicando que havia sido destravado, empurro e entro  vendo o hall que dava acesso aos dois apartamentos de baixo. No total são quatro apartamentos, todos do mesmo jeito. Sala junto com a cozinha, um quarto e o banheiro. Os dois de cima ainda tem uma varandinha saindo do quarto.

Eu: Bom dia dona Joana.- Cumprimento a senhora de meia idade vestida em uma vestido azul.

Joana: Bom dia querida.- Me abraça.- O que te trouxe aqui a essa hora?- Ela olha no relógio preso em seu pulso.

Eu: Sai de casa e quis vir ver se a senhora tem algum apartamento liberado.- Ela sorri.

Joana: Me chame apenas de Joana menina.- Me repreende.- E você está com sorte, acabou de ficar um vago.- Bato palmas dando uns pulos de felicidade.- Vem comigo.

Sigo ela até a escada que fica na lateral, deixando os apartamentos com entradas bem distantes. Subimos e ela abre a porta me dando acesso.

Joana: Como você sabe aqui é todo mobiliado.- Assinto olhando cada canto.- Só não tem muitos utensílios de cozinha. A última moradora trouxe os dela e eu acabei me desfazendo dos antigos.

Eu: Não tem problema.- Sorrio.

Ela me mostra tudo e tratamos sobre os valores, como era cobrado as contas e tudo mais. Acertei tudo sentindo um alívio em saber que vou ter meu cantinho.

Eu: Muito obrigada!- Abraço ela.- Irei me mudar hoje mesmo, la pela tarde.

Joana: Eu quem agradeço.- Sorri segurando minhas mãos.- Essas são suas chaves.- Me entrega duas chaves presas a um chaveiro cor de rosa. Achei uma graça.- Até mais.

Aceno pra ela e sigo meu caminho até  a casa da Tamara. No caminho ja envio mensagem pra Vanessa avisando eu vou buscar minhas coisas.

Tamara: Tava onde doida?- Abre o portão com o cabelo todo bagunçado e a cara de quem acabou de acordar.

Eu: Você ta péssima amiga.- Dou risada e ela me bate.- Consegui um ap.- Digo pulando e ela me olha surpresa.

Tamara: Achei que iria me fazer companhia por alguns dias.- Faz carinha triste.- Parabéns minha gata.- Vem me abraçar sorrindo.

Eu: Vou levar minhas coisas pra la hoje.- Sigo pra cozinha e pego um pouco de café me sentando a mesa.- Será que teu pai me ajuda?

Tamara: Vou mandar mensagem pra ele.- Assinto.- Pego um pedaço do bol de laranja e tomo meu café na companhia dela.

Esperei Tamara se arrumar pra descermos pra minha antiga casa. O pai dela nos encontraria la.

Consegui algumas caixas no mercado aqui perto. Não tinha muitas coisas pra levar. Apenas minha roupas e alguns itens pessoais.

Vanessa me avisou que só estaria ela em casa a essa hora. Melhor assim, não  quero nem ver a cara daqueles dois.

Chego na casa indo direto pro quarto. Pego as roupas ja dobradas.

Eu: Ta querendo mesmo me ver longe daqui né Vanessa!- Grito e ela da risada.

Vanessa: Vou ir dormir na sua casa todo fim de semana.- Fala fazendo biquinho.

Tamara: E eu vou junto, vai ser a noite das meninas.- Olho pra elas que se abraçam sorrindo.

Se a situação não fosse tão trágica, até  seria um momento memorável.

Termino de guardar tudo nas caixas e seu Alberto chega pra me ajudar a colocar tudo no carro.

Olho pro quarto vazio. Abro o guarda roupa verificando tudo. Olho cada canto do quarto. Não quero precisar voltar aqui para pegar nada.

Saio da casa e me despeço de minha irmã que começa a querer chorar, mas logo corta sorrindo.

Seguimos caminho até a minha nova moradia. Seu Alberto já havia pegado a minha mala em sua casa.

Eles me ajudaram a levar tudo pra dentro.

Eu: Essa foi a última.- Digo colocando uma caixa sobre a mesinha de centro do sala.- Vou pegar um dinheiro pra você.

Alberto: Que isso filha! Não precisa.- Me impede de chegar até  minha bolsa.

Eu: Nem pensar, te fiz perder uma tarde de serviço.- Ele sorri.

Alberto: Foi de coração querida.-

Eu: Muito obrigada.- Abraço ele que me aperta forte.

Ele vai embora me deixando ali com Tamara que ta jogada no sofá.

Eu: Me ajuda querida.- Bato palmas e ela faz careta.

Tamara: Sou visita.- Arruma a postura.- Te ajudo se você for num rolê comigo.- Abre um sorriso de orelha a orelha.

Encaro ela e respiro fundo.

Tamara: Você precisa se distrair amiga.- Se levanta vindo na minha direção.- E a festinha vai ser só  no sábado.

Eu: Preciso arrumar essa bagunça.- Bato em minha testa. Ela fica me olhando com o olhar fofo do gato de botas.- Ta bom Tamara!.

Ela comemora me abraçando e vem ajudar a guardar as coisas.

...



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