• Vinte e Um •

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Valeska

Meus olhos marejam mas respiro fundo segurando o choro.

Solange: Você já é independente, sabe se virar.- Continuo calada.- Essas brigas de vocês vão acabar levando a algo mais grave.

Eu: Você ta mesmo expulsando a sua filha.- Aponto pra mim mesma.- Sua filha, sangue do seu sangue. Ta me falando pra ir embora?- Passo a mão no rosto segurando a raiva que to sentindo.- Tudo por causa de um bêbado que não  vale o prato que come.- Cuspo as palavras olhando pra ele que mantem um sorriso escancarado no rosto.

Solange: Enquanto estiver debaixo do meu teto, você não tem o direito de falar com ele dessa forma.- Aponta o dedo na minha cara.

Sinto uma lágrima descer do meu rosto e a limpo rapidamente.

Eu: Quer saber.- Olho em seus olhos.- Quem não faz questão  de ficar mais nenhum dia nessa casa sou eu.- Bato a mão no peito.- E não venha me chamar de filha, pra mim você morreu.

Saio batendo os pés e vou até meu quarto batendo forte a porta. Mando mensagem pra Tamara, digo o básico que ela precisa saber.

Começo a arrumar a minha mala com o necessário pra alguns dias. Depois eu dou um jeito de buscar tudo que ficar pra trás.

Vanessa: Você vai embora?- Entra no quarto chorando.- Não me deixa aqui não.- Abraço ela apertando em meus braços.

Eu: Vou estar sempre por perto irmã.- Seco suas lágrimas.- E qualquer coisa e só me ligar, ta bom?

Vanessa: Ta bom.- Me abraça chorando mais ainda.

Eu: Agora eu tenho que ir.- Ela assente.- Cuida das minha coisas, quando der eu venho buscar tudo.- Entrego a chave do quarto pra ela.

Vanessa: Pode deixar.- Abraço ela mais uma vez e pego a mala saindo da casa.

Chamo por um uber e não leva muito tempo pra chegar. A casa da Tamara é perto, mas eu que não iria sair por ai arrastando essa mala enorme.

Chego vendo ela no portão andando de um lado pro outro.

Tamara: Ai amiga.- Corre me abraçando.- Vem.- Me puxa pela mão pra dentro de casa.

Eu: Boa tarde dona Helena.- Cumprimento a mãe dela que está no sofá assistindo televisão.

Helena: Boa tarde menina...- Se vira pra olhar pra mim e levanta vindo até  mim.- O que foi que aconteceu filha?- Não aguento e volto a chorar novamente.

Explico tudo desde o início para elas e para o pai de Tamara que chegou logo em seguida.

Alberto: Não acredito!- Bate a mão  na mesinha de centro.- Esse cara merece ser é  preso, está  manipulando sua mãe.

Tamara: Eu também acho viu.- Fala olhando pras unhas.

Eu: Não tem nem motivo pra abrir um processo contra ele.- Passo as mãos na cabeça- E eu nem quero.- Olho pra dona Helena e depois pro seu Alberto.- Se não me quiserem aqui pode falar, não quero trazer problemas pra casa de vocês.

Helena: Oh minha filha, que isso.- Me abraça de lado.- Pode ficar o tempo que precisar.

Eu: Obrigada.- Abraço ela e em seguida o pai da minha amiga.

Tamara: Vem que você precisa de um banho.- Sigo ela até o quarto no final do corredor.

Coloco minha mala aberta no chão procurando por uma roupa confortável.

Tomo um banho frio mesmo que era pra ver se passava toda essa tensão.

Não acredito que minha... Que Solange teve coragem de fazer isso comigo.

Termino o banho e me arrumo no banheiro mesmo. Entro no quarto vendo Tamara conversar ao telefone cheia de sorrisos. Me sento na cama e logo ela desliga a chamada.

Eu: Não vai mesmo me contar quem é o sortudo?- Ela vem sorrindo e pula em cima de mim me deixando sem ar.- Para com isso dia doida.

Tamara: Me chamou pra sair amanhã.- Se levanta fazendo uma dancinha.- Então amiga...- Encaro ela esperando a bomba.- Você já viu ele algumas vezes sabe.

Eu: Não voltou pro seu ex não  né?- Ela faz sinal da cruz.

Tamara: Ta repreendido Valeska.- Se joga do meu lado.- Ele é amigo do seu boy.

Eu: Que boy? Tenho nenhum não.-  Faz careta e eu dou risada.- O platinado que veio com gente?

Tamara: Não menina.- Me dá um tapinha no braço.- O outro, Rogério.

Olho pra parede tentando me lembrar de outro que ande com Borges.

Eu: E como tu conheceu ele?- Pergunto curiosa.

Tamara: Ele começou a me seguir no Instagram, acho que pediu pro Borges procurar pelo seu perfil.- Dou risada.

Eu: Eles são piores do que gente amiga.- Ela ri se jogando pra trás.

Tamara: Ele parece ser um cara legal.- Me levanto indo pegar meu celular na mesinha.

Eu: Espero que sim, se não eu vou arrancar o que tem no meio das pernas.- Ameaço e vejo ela cair na risada.

Desbloqueio o celular vendo algumas mensagens da minha irmã. Respondo todas tentando tranquilizar ela. Não queria que as coisas fossem dessa forma.

Mas também já  estava na hora de eu ter meu próprio rumo na vida.

Entro em uma conversa aleatória com Tamara.

Iremos dividir a cama, já que é  de casal e tem espaço suficiente para nos duas.

Já dormi aqui algumas vezes, mas dessa vez está me dando uma agonia em saber que amanhã eu vou acordar e não  vou voltar pra casa. Mas vida que segue.

....

ValeskaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon