• Quarenta e Cinco •

120 13 0
                                    

Valeska 

Assim que entrei no carro ele amarrou um pano nos meus olhos. 

Senti meu coração acelerando e nesse momento eu só conseguia pensar na Vanessa e minha mãe. Pensar que hoje pode ser meu último dia e eu vou partir sem me acertar com quem me colocou no mundo.

Eu: Por favor.... Eu não fiz nada.- Digo baixinho e um deles da uma risada.

Xxx2: Caladinha ai minha flor, nossa treta não é com você não.- Sinto um lagrima escorrer pelo meu olho.

Como assim não é comigo?

Não sei quando tempo se passou quando senti o carro parar e ele desligar o motor.

Xxx: Colabora com a gente que você sai ilesa dessa.- Ele me ajuda a sair do carro.

Me guiou por alguns passos a frente, escutei uma porta se aberta e ele me empurrou para frente.

Eu: O que vocês querem de mim?- Perguntei segurando a vontade de chorar.

Xxx: Já ja você vai saber, agora fica quietinha ai.- Tirou o pano do meu rosto me dando visão de uma sala com um mesa no canto e algumas cadeiras espalhadas.

Ele saiu trancando a porta. Olhei a minha volta e tinha uma janela pequena no alto da parede com grades, mesmo que não tivesse com certeza não iria conseguir passar por ali.

Respirei fundo e fui até uma das cadeiras tirando o pó e me sentei. Meu corpo pesado de cansaço. 

Mexia as pernas sem parar, o que estava começando a irritar a mim mesma. O cansaço foi chegando no ápice.

...

Acordei com um fresta de sol entrando pela janela e batendo bem na minha cara. Pressionei meus olhos que ainda estavam pesados.

Levantei me alongando, caminhei pela sala pensando no que realmente possa estar acontecendo.

Nada me tira da cabeça que tudo isso é coisa do Borges, quando eu estiver frente a frente com ele vou acertar minhas contas.

Escuto a porta destravar e nos próximos segundos entrar os dois que me trouxeram até aqui.

Xxx: Bom dia boneca.- O tatuado para na minha frente com os braços cruzados.

Eu: O que vocês querem comigo? Eu não tenho nada de valor.- Me sento soltando o ar.

Xxx: Realmente.- Caminhei pela sala e puxa uma cadeira se sentando ao canto.- Mas se valer alguma coisa pra ele, vai valer pra mim também.

Minha cabeça viaja no que ele acabou de falar, não foi difícil assimilar as conversas deles e me ligar que estou apenas servindo de isca.

Solto um risada chamando atenção dos dois.

Xxx2: Ih... De qual foi doida?- Respiro fundo segurando o riso.

Eu: Vocês acham mesmo que ele vai vir atrás de mim?- Pergunto rindo novamente.- Que tipo de bandidos são vocês? Deviam ter ido atrás de alguém mais importante pra ele.- Me levanto.

Xxx: Sa porra não mede as palavras não.- Olho pra ele balançando a cabeça.

Eu: Uma que até alguém sentir a minha falta vai demorar viu.- Falo olhando minhas unhas.

Xxx2: Cala boca porra.- Grita me assustando.

Volto a me sentar e observo os dois pensativos. Muito bom colocar bandido pra pensar, se minha mãe estivesse aqui com toda certeza iria me obrigar a ficar quieta.

Xxx2: Será que ela tem razão Caju?- Ele fala baixo pro outro, mas esquece que a sala estava em completo silencio.

Caju: De qual foi?- Me encara ao notar que estou prestando atenção na conversa.

Eu: Nada.- Balança a cabeça voltando a olhar pra baixo.

Caju: Bora conversa la fora.- Chama o parceiro.- Tu fique bem quietinha ai.- Aponta pra mim e eu sorrio.

Observo eles saírem e solto um suspiro jogando minha cabeça para trás.

Não acredito que isso ta acontecendo comigo. Será que eu deveria começar puxar a ficha criminal dos caras com quem fico? Com toda certeza, sim.

Levanto a cabeça me lembrando que hoje tinha apresentação, com certeza Tamara vai me procurar depois do expediente. Mas talvez ela nem ligue os pontos de que pode ter dedo do Borges no meu sumiço.

Sinto minha barriga doer, já faz horas que comi alguma coisa.

Me aproximo da porta e encosto o ouvido nela na tentativa de escutar alguma coisa. No mesmo instante a porta é aberta.

Xxx2: Toma.- Me entrega um sanduiche e uma garrafinha com suco.- Se tu morrer não serve de nada.- Me encara sorrindo de canto.

Sinto meu corpo paralisar de vez, automaticamente vem na minha cabeça a imagem do meu padrasto.

Xxx2: Qual foi doida?- Se afasta de mim.

Balanço a cabeça várias vezes tentando recuperar.

Eu: Nada.- Me afasto e vou até a cadeira me sentando e começo a comer.

Ele saiu da sala em seguida, terminei de comer sentindo um alívio.

...

Pela janela pequena vi a noite cair. Depois que ele me trouxe o lanche ninguém mais voltou aqui, nem se quer escutei alguma coisa vindo la de fora. O tédio tomou conta de mim o dia inteiro.

Me levantei fazendo um alongamento. Não aguento mais ficar sentada nessa cadeira desconfortável, sem contar que dormi nela.

Puxei a cadeira até a janela e subi olhando pela fresta. Perto do carro estava os dois que me trouxeram e um outro que não sei quem é. 

Olhei para os lados e tudo que se via era mato. Por um instante passou novamente a possibilidade de eu não sair viva dessa, balancei a cabeça afastando esse pensamento. Voltei a olhar pra eles e quase cai da cadeira quando escutei dois disparos.

Desci rapidamente me jogando no chão.

Eu: Meu Deus!- Sussurrei colocando as mãos na cabeça.

Foram vários disparos na sequencia. Quanto mais eu rezava para aquilo acabar, mais disparos eu escutava.

Xxx2: Vamos levanta daí!- Gritou me puxando pra cima.

Saiu me puxando e foi me guiando por entre o mato.

Eu: O que você ta fazendo?- Perguntei até sem perceber.

Xxx2: Cala a boca porra.- Continuou me puxando pelo braço.

Tudo que me restava nesse momento era continuar rezando pra isso acabar.

...

ValeskaWhere stories live. Discover now