• Cinquenta •

127 10 9
                                    

Borges

Encaro os dois sentados logo a minha frente e na sequencia olho pro Fernandinho sentado do meu lado degustando seu whisky.

Fernandinho: Ouvi apenas boatos.- Deixa o copo na mesa e me olha.- Quero a tua história.

Conto tudo o que aconteceu, como a gente descobriu e como foi que resolvemos. Ele escutava tudo atentamente sem sequer falar uma palavra.

Fernandinho: É por coisas assim que eu mantenho minhas meninas longe de b.o.- Me olha e depois desvia tomando sua bebida.- Tu fez o que tinha que fazer.- Faz uma pausa.- Vocês fizeram.- Aponta pro Ryan e Rogério sentados no lado oposto a nós.- Mas não quero saber de b.o desse nível mais, qualquer parada torta é pra resolver antes que o caos toma conta.

Entramos em outros assunto sobre a minha gerência e outras coisas do complexo.

Ficamos ali até tarde, só quando o sol começou a ir embora que fomos pra casa.

....

Entrei no carro, fechei a porta olhando pro Fernandinho que nos observava com a loira em seu colo.

Rogerinho: Eu to ligado que você ta pensando naquela parada de mais cedo.- Diz assim que dá partida.

Eu: Precisamos correr atrás disso ai.- Pego meu celular mandando mensagem pro Th. O mesmo já havia ido pra casa e deixado Lipão em seu lugar.- Depois daquilo recebi uma ligação me ameaçando.

Rogerinho: Se ta ligado que não era so Caju que estava nesse esquema.- Me olha rapidamente voltando a atenção pra estrada.- O cara que viram rodando o bairro não era nenhum dos quatro que matamos.

Estalo a língua no céu da boca e Ryan bota a cara entre nos dois.

Pica-Pau: De que porra vocês estão falando?- Olho pra ele serinho e o mesmo recua encostando no banco la atrás.- Mau humor do caralho, isso ai é falta de buceta.- Olho pra ele pelo retrovisor.

Eu: Responde uma parada aqui Ryan.- Chamo ele com a mão.- Tu não continuo saindo com a irmã da Valeska?

Vejo ele travar o maxilar e balançar a cabeça jogando o corpo pra trás novamente.

Eu: Já fica avisado que se isso der b.o, tu ta sozinho.- Digo sério e escuto a risada do Rogério.

Rogerinho: Com toda certeza isso vai dar b.o.- O silêncio se instala dentro do carro.

O resto do caminho foi assim. Na minha cabeça so passava a imagem de cada um que ta no esquema junto com a gente. Qualquer um deles pode estar no erro, até quem a gente menos espera.

A volta foi bem mais tranquila que a ida.

Abro o portão no controle e reparo no Lipão parado em frente a casa. Espero Rogério estacionar e desço indo pra fora.

Eu: Boa noite.- Faço toque com ele.

Lipão: Boa noite chefe.- Balança a cabeça.- Th passou a visão dos cana na casa a frente.

Eu: Alguma novidade?- Pergunto acendendo o baseado que tava no meu bolso.

Lipão: Já tão ligado na casa a algum tempo, mas por enquanto eles não vão fazer nada.- Passo a mão no rosto.

Eu: Quero você e os meninos bem atentos, ainda mais durante a noite.- Faço gestos e ele assente.- Vou resolver isso.- Faço toque com ele e entro fechando o portão.

Entro na casa vendo Ryan jogado no sofá e Rogério próximo a porta mexendo no celular, ao notar minha presença ele guarda o aparelho.

Rogerinho: Qual foi negão? - Pergunta me olhando.

Eu: Vamos ter que mudar a base pra outro lugar.- Ryan se levanta e vem na nossa direção.- A polícia ja sabe da casa, pra eles tentar entrar aqui não vai demorar nadinha.

Pica-Pau: E como vamos levar tudo daqui sem eles saberem para onde?

Eu: Ainda não sei.- Balanço a cabeça.- Vou resolver essa parada ainda hoje.

Rogerinho: Vou subir pra casa, mas qualquer coisa é só chamar.- Bate a mão no meu ombro e sai.

Pica-Pau: Se ta ligado que se eles sabem da casa, sabem de cada carro que entrou aqui.- Faz gestos e eu assinto seguindo pra sala onde ficam as cameras.- O que você ta pensando em fazer?

Olho para os galões no canto da sala.

Pica-Pau: Se fuder cara.- Passa a mão na cabeça.- Fernandinho vai surtar com isso.

Eu: É a única saída que eu to vendo.- Ele me olha surpreso.

Pica-Pau: Tu voltou com uns dez parafusos a menos.- Vejo ele sair da sala.- Vou fazer minhas malas- Grita da sala.

Me sento na cadeira e observo cada canto através das câmeras. Nada disso aqui vai servir pra algo. Se a casa pegar fogo a atenção da polícia vai ser toda pra ca. A cabeça deles vai a milhão ao saber que vão ter acesso a tudo que tem aqui dentro. To ligado que vai gerar mo notícia, mas realmente não tem outra saída.

Jogo o corpo para trás e pego outro baseado acendendo. Desbloqueio o celular indo até os contatos. O número dela ainda está la mesmo sabendo que to bloqueado em todo canto.

Passei cinco anos vendo meus colegas de sala saindo uma vez por mês pra ter direito a visita íntima.

Minha intenção ao sair de la era aproveitar o máximo, já vim sabendo que várias iriam render. Mas quando  vi aquela preta toda posturada, parece que todas as outras evaporaram da minha mente e da minha frente.

Balanço a cabeça afastando esses pensamentos e subo para poder juntar todas minhas coisas novamente.

....

ValeskaWhere stories live. Discover now