• Quarenta e Nove •

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Borges 

Depois do que aconteceu não consegui pregar os olhos nem por um minuto. 

A história toda chegou igual trem bala no ouvido do Fernandinho, no mesmo instante ele me chamou convocando pra uma reunião. E eu nem sequer tinha digerido tudo que rolou em menos de vinte e quatro horas.

Já era quase impossível Valeska confiar em mim, agora e quase certeza de que não vai nunca mais olhar na minha cara. O foda é que aquela desgramada não sai da minha cabeça.

Acendi meu segundo baseado, observando a rua da sacada do quarto.

Rogerinho: E ai negão!- Aparece do meu lado, olho pra ele soltando a fumaça pra cima na sequencia.- Cara... Você ta horrível.- Encaro ele e não respondo.

Volto o olhar pra frente e vejo Th atravessar a rua com o fuzil atravessado na bandolera.

Eu: Pega ai.- Passo o baseado pro Rogério que dá de ombro pegando o baseado.

Entro no quarto pegando a camisa do flamengo em cima da cama e jogo no ombro, saio do quarto descendo as escadas rapidamente.

Pica-Pau: Fernandinho vai estar esperando em Taipe .- Faço um joinha com o polegar pra ele e passo direto indo pra fora da casa.

Th: Bom dia.- Diz sério.

Eu: Por que não falou sobre o que sabia antes?- Seguro ele pela gola da camisa.

Th: Vai com calma ai chefe.- Me encara, solto ele passando a mão no rosto.- To ligado que você ta a mo tempão nessa vida, sabe que não posso sair apontando as parada que não tenho certeza.

Eu: Mas porra...- Sinto meu sangue correr rápido por minhas veias.- Podia ter confiado em mim caralho.

Th: Não tinha como saber que ele ia querer te atacar dessa forma.- Assinto olhando pra ele.

Eu: A partir de hoje, qualquer fita, qualquer neurose que tu tiver ou escutar por ai.- Aponto dedo pra ele.- Quero que venha falar comigo.

Th: Pode deixar.- Balança a cabeça.

Entro novamente na casa e vou até a cozinha pegando um copo com água.

Pica-Pau: Cara tu precisa dormir.- Olho sério pra ele.- To falando, ta igual um zumbi ai.

Eu: Tomar no cu pra la Ryan.- Vejo ele sorrir.- Fernandinho vai pra la qual horário.

Pica-Pau: Papo de umas dez da manhã.- Olha pro relógio no pulso.- Dá pra você tirar uma soneca.

Mando dedo do meio pra ele que cai na risada.

Subo de volta indo pro quarto e Rogério ainda estava na sacada olhando pra rua.

Eu: Qual foi? Tem  casa não porra?- Me aproximo dele que não desviou o olhar da rua.- Ta olhando o que?

Ele aponta pra uma casa na rua de trás, tinha dois caras parado na janela de la olhando exatamente para ca.

Rogerinho: Os dois tem porte de policial.- Forço a vista tentando identificar algo mais.

ValeskaWhere stories live. Discover now