Capítulo 15 | Refúgio

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Notas:
Olá! Nunca tinha realmente escrito nada assim antes. Nunca tinha tirado tempo para realmente interagir com os leitores deste livro, mas percebi que era talvez algo que faltava aqui. É uma forma de eu poder perceber as vossas opiniões sobre a história e a minha escrita. Aqui vai...
Queria primeiro de tudo pedir desculpa pela demora a publicar um capítulo novamente. Escola, avaliações...não me deixa muito tempo para me dedicar á escrita, ainda que seja uma coisa de que goste bastante.
Outro aspeto que queria ressaltar era a leitura dos capítulos em si...alguns de vocês não lêem o capítulo até ao fim, o que me entristece um pouco, confesso.
Agradeço a todos os que lêem, ainda que poucos. Deixo também o meu agradecimento aos que votam nos capítulos, significa mesmo imenso para mim. É uma grande motivação, por isso muito obrigada!
Se quiserem ou puderem, comentem, digam-me o que estão a achar, deixem sugestões ou até mesmo críticas nos comentários, pois seria outra coisa a ajudar-me e motivar-me a postar.
Beijinhos e boa leitura <3

***
Durante a viagem de carro poucas palavras foram proferidas. A música tomou conta do ambiente, por isso não foi assim tão mau. Distraída com a melodia, não percebi para onde ele me estava a levar.
O som das ondas fez-me sentir instantaneamente relaxada. Até aí, nenhuma palavra. Dentro de mim crescia a necessidade de saber o porquê da escolha daquele destino, que era algo escondido. Não senti medo em momento algum, confiava nele. Tinha a certeza de que ele não me magoaria desde que me defendeu perante o Pedro, pondo em causa a própria profissão. Meras palavras do loiro e ele podia dizer adeus ao emprego. Não que tivéssemos algum tipo de relação, não uma amorosa. Nutríamos um carinho especial um pelo outro, apenas isso. É...complicado.
Caminhamos lado a lado pelo areal, até perto do mar mas não demasiado, afinal não queríamos tomar um banho inesperado. Reparei como ele estava confortável ali.
_ Então, gostaste? - perguntou finalmente. Com tanto pensamento e dúvida nem havia reparado corretamente na beleza daquele lugar, ainda não me tinha permitido apreciá-lo verdadeiramente. O mar calmo mas com ondulação, a areia clara e lisa e a paisagem ao fundo faziam aquele lugar digno de uma pintura. Sim, definitivamente um dos lugares mais bonitos que alguma vez vi.
_ Adorei, é lindo. - respondi maravilhada com tudo aquilo. Ele sorriu, satisfeito. - Como descobriste este lugar? - questionei. Não era minha intenção invadir o espaço dele ou ser inconveniente, mas a curiosidade falava mais alto. Era simplesmente mais forte do que eu.
_ A minha mãe é a causa de tudo, na verdade. - suspirou antes de continuar, como se lhe custasse falar sobre isso. Limitei-me a ouvi-lo, não era um momento de diálogo. - Desde pequeno venho aqui. Aliás, posso dizer que cresci neste sítio. A minha mãe sempre teve uma forte ligação com o mar, então era uma espécie de hábito dela vir aqui, simplesmente escutar o som das ondas. Isso acalmava-a, e ela acabou por me ensinar isso. Sempre que o mundo parece estar a cair e é difícil manter a cabeça erguida, venho aqui. Tem um efeito raro, é...pura terapia. - obriga-se a parar, para olhar para mim. - É o meu refúgio, desde sempre.
Tais palavras tiraram-me o fôlego. A intensidade com que me olhava era sufocante.
_ Tenho de agradecer à tua mãe, então. Isto é lindíssimo! - disse-lhe. O seu olhar tornou-se mais escuro e triste. Tudo o que eu via era um mar revolto. Assim, o arrependimento atingiu-me como um soco no estômago.
_ Ela faleceu. - disse, quase num sussurro. Os seus olhos marejaram, e vê-lo tentar prender as lágrimas partiu-me o coração. A minha boca secou e dei por mim paralisada, por uns segundos.
_ Eu sinto muito...eu...desculpa. - levei a minha mão para junto da sua e segurei-a, reconfortando-o. Deus! Tenho de aprender a manter a boca fechada. Assim que nos tocamos ele foi abaixo. Fiquei dividida entre abraçá-lo e manter-me quieta, apenas com as nossas mãos unidas.
Optei pela primeira opção, como todas as vezes que ele me ajudou. Como todas as vezes em que a situação era inversa. Com a mão que tinha livre, segurei-lhe o rosto, limpando as suas lágrimas. Depois aproximei-me e coloquei os braços á sua volta, deixando que, em oposição ao que havia acabado de fazer, ele chorasse. Permiti-lhe respirar e perceber se queria falar ou não.
Eu conheço a dor da perda, tenho plena consciência de que não é fácil suportá-la nos primeiros tempos e posteriormente recordá-la. A memória é uma péssima aliada do amor nestas circunstâncias.
Dizem que recordar é viver, pois bem, é muito mais que isso. Recordar é também sofrer.

***
Filipe
Abraçado a ela, permiti-me chorar um pouco. "Fazer luto", digamos. Faz algum tempo desde a morte da minha mãe, mas faz também algum tempo desde que eu falei sobre isso, ou que o contei a alguém. Não gostava de fazê-lo, porque sabia onde a conversa levaria. Sabia a reação das pessoas, nenhuma sabia bem o que dizer e era criado um ambiente de desconforto e contrangimento, portanto, nenhuma me sabia reconfortar por mais que sentisse pena.
Nenhuma pessoa o soube fazer até agora. Mesmo em choque, mesmo hesitante, ela abraçou-me. Não foi um abraço forçado, como muitos que recebi em tempos, muito pelo contrário. Foi talvez o mais sincero que já recebi, e foi o gesto que mais me falou. Com um abraço, um simples abraço, ela disse tudo.
_ Obrigado. - proferi. Conhecia-a demasiado bem para saber que neste momento estava confusa e envergonhada. Intensifiquei o abraço e respirei fundo.
O meu refúgio estava a ganhar um elemento: ela.

Meu Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora