Capítulo 19 | I Love Her

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Gostava que muita gente tivesse a sensação que eu tenho quando a abraço. É como se realmente o mundo parasse e fôssemos só nós dois, não importa o lugar. Sei que pode soar piroso, e é. Mas é verdade, é o que eu sinto, o que espero que ela sinta e é o mais puro que já senti em toda a vida.
Olhei-a, simplesmente para...admirar a sua beleza. Ainda me surpreendia com ela, os olhos sempre meigos e com um brilho especial, com um fogo que se acendia quando encontravam os meus. As maçãs do rosto, que encaixavam perfeitamente nas minhas mãos, desenhadas perfeitamente para isso, e que se ruborizavam ao som da minha voz quando lhe dizia que era linda ou o quanto a admirava. Os lábios, rosados e macios, motivo dos meus suspiros e pensamentos, motivo do aceleramento dos meus batimentos cardíacos, especialmente quando encontravam os meus.
_ O que foi? - perguntou, olhando-me com um certo divertimento. Beijei-a em resposta. Depois, acariciei com o polegar o seu lábio inferior, com um meio sorriso. Fui surpreendido quando ela me fez o mesmo, provocando-me arrepios. Este era um jogo que sabíamos jogar. Ainda agora tinha começado.
_ Já te disse o quanto és linda hoje? - questionei, desviando-lhe os fios que caíam sobre o seu rosto, deixando depois a minha mão repousar no seu pescoço. Desta vez, ela arrepiou-se.
_ Hum...hoje não. - respondeu depois de suspirar - Mas ainda são quatro da tarde, tens tempo.
_ Ah é? E podes ficar assim comigo mais um bocado? - ela anuiu enquanto sorria - Então eu posso começar a explicar-te o quanto és linda, - beijei-lhe o rosto - e especial, - desci os lábios para o canto dos seus lábios - e o quanto eu te admiro? Posso?
Vi o fogo nos seus olhos, o rubor no seu rosto e o sorriso trêmulo e sem jeito e senti-me um adolescente novamente. Foi como apaixonar-me novamente por ela.
_ Podes, podes...dizer-me. Por favor, faz isso mais vezes. - sussurrou-me a última parte ao ouvido e rimos os dois. Ajeitou-se no meu colo e mordeu o lábio - Na verdade podes dizer-me isso com mais calma e menos pessoas em minha casa...ainda preciso de devolver-te o casaco.
_ A tua mãe não vai achar um bocado estranho levares um professor a casa? - questionei estranhando a calma com que fez a proposta.
_ Não. Ela está a viajar...volta daqui a duas semanas. Se estivesse cá iria passar-se, claro. Ela não sabe de...
_ Nós. Podes dizê-lo, deves dizê-lo. - assegurei. Não era porque não tínhamos oficializado nada que não era real. Não devia ser um anel a definir uma relação, não quando há amor e confiança.
_ Nós... - disse, sorrindo-me.
***
_ Bem vindo, professor. - disse-me, muito formalmente, convidando-me a entrar em sua casa. Prendi o sorriso para entrar no novo jogo.
_ Muito obrigado, senhora Beatriz. Tem uma casa muito bonita. Quase tão bonita quanto você.
_ Professor! Está atrevido hoje. - repreendeu-me.
_ Nada disso, senhora. Estou apenas a cumprir...uma tarefa que me foi dada mais cedo. Não se lembra? - segui-a escadas acima. Parecia que estava a levar-me direta ao ponto. Boa. Entramos no seu quarto e ela soltou um risinho - O que foi?
_ Dejá vu.
_ Como? Eu nunca estive aqui...- olhei-a, divertido. Isto estava a ser muito melhor que eu pensava - Explique-se, por favor.
_ Meu Deus! - escondeu o rosto, rindo. Depois de respirar fundo, olhou para mim - Lembras...Lembra-se de eu lhe ter dito que já tinha sonhado com as palavras que mudaram tudo? - anuí. Isso foi quando me declarei abertamente pela primeira vez - Pronto...no meu sonho, estávamos aqui. E agora estamos aqui, então é como reviver tudo.
_ Posso tornar a experiência mais verdadeira? - aproximei-me e ela anuiu - Tu és a melhor coisa que já me aconteceu, inspiras-me todos os dias e eu realmente tenho uma grande admiração por ti. És uma pessoa bonita, Beatriz e eu não podia ter mais orgulho em ti. Nunca, nunca te esqueças disso. - os seus olhos estavam marejados e ela envolveu-me num abraço. Senti-me em casa. Olhei em frente e pude ver que ao lado da sua cama, num cabide, estava o meu casaco - Posso ver que o meu casaco está a ser muito bem tratado, até dá pena levá-lo.
_ Não, tu tens de o levar. Eu preciso de ver-te com ele vestido, fazes ideia do quão bonito ficas quando o usas? - ela perguntou, segurando-me o rosto entre as mãos com uma expressão que me deu vontade de enchê-la de beijos. Nada me impede, certo?
Rindo, beijei-lhe a testa. O sol começou a pôr-se e o quarto ganhou um tom amarelado. Aposto que o paraíso é assim, a companhia dela num final de tarde, num lugar muito nosso, talvez a praia. Isso e a presença da minha mãe. O meu é assim, tenho a certeza. Cada um tem o seu ideal de paraíso, e acho, acredito verdadeiramente que isto não deve ser generalizado ou padronizado.
É uma das coisas mais bonitas da vida, isto de estar apaixonado. Devido a ela, olho para o mundo de forma diferente, olho para o mundo como ela olha, como a minha mãe olhava. Outra coisa que pode soar pirosa, tomem. É outro dos efeitos do amor sobre mim. É um dos efeitos que ela tem.
_ Por acaso até achava que ele me dava algum estilo, mas agora...fico muito bonito, é?
_ Filipe... não me faças falar! - disse-me, cruzando os braços.
_ Porque havia de fazer isso se gosto tanto do som da tua voz, meu amor?
Ela revirou os olhos.
_ És um chato, sabias?
_ Sabia. Sou um chato que tu adoras.
E eu amava-a a ela.

Meu Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora