Capítulo 20 | Almost

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Perante a minha afirmação, ela revirou os olhos. Não foi um revirar de olhos com o sentido de um, não completamente. Sei que ela o fez com ironia, dado o meu convencimento. Principalmente, sei que o fez para me provocar. Comecei a rir me enquanto abanava a cabeça, ela estava literalmente a levar-me á loucura. Tal ação fê-la ficar confusa.
_ O que foi? - perguntou, ao ver-me já pressionar a língua contra a bochecha. Surpreendendo-a, levantei-a de modo a que ficasse com as pernas entrelaçadas nas minhas.
_ És tu. - respondi. Ela levantou a sobrancelha, ajeitando os braços sobre os meus ombros.
_ Eu? - voltou a questionar. Parecia realmente perdida, mais um aspeto que me deu a volta á cabeça.
_ Sim, Beatriz. Tu. Os teus olhos, o teu cabelo, o teu rosto, a tua boca...- baixei os olhos para esse sítio - Tudo o que fazes. Quando me sorris, quando reviras os olhos devido a algo que eu disse, até quando reclamas comigo. Tudo me leva á loucura, principalmente o facto de nem teres ideia dos...efeitos daquilo que fazes. - ela encosta a testa á minha e sorri, fechando os olhos. Depois, levou a boca ao pé do meu ouvido e deu uma gargalhada fraca. Beatriz...brincas com fogo.
_ E quem disse que eu não fazia ideia? - sussurrou, tudo o que eu menos esperava naquele momento. Surpreendi-me, confesso. Uma surpresa muito, muito boa. Soltei uma risada nasal e ela voltou rapidamente a olhar-me, piscando-me o olho.
_ Sua...- consegui dizer antes de atacá-la com cócegas. Apenas fiz isto porque sabia que se esta brincadeira continuasse, íamos acabar os dois queimados. E, bem, eu tinha outros planos para quando isso acontecesse.
Ela contorceu-se nos meus braços, e entre gargalhadas e pedidos para que eu parasse, caímos na cama dela.
_ Filipe...- conseguiu dizer, ofegante. A forma como o meu nome saiu da sua boca fez-me parar e olhar para ela, fez-me perceber a situação em que estávamos. Uma vontade avassaladora de beijá-la assolou-me. Não gosto de negar-me os simples prazeres da vida, nunca gostei.
Tomei os seus lábios e ela tomou os meus, no mesmo segundo. O encaixe perfeito, o beijo perfeito, a sensação...per-fei-ta. Isto de beijá-la estava a tornar-se um vício, eram dos melhores segundos da minha vida. A sua mão subiu até ao meu pescoço e arranhou-me a região, provocando-me os arrepios que só ela sabia provocar, pressionando todos os meus botões. Intensifiquei o beijo e ela não se retraiu, bom saber. Apoiei as suas costas com uma mão e enfiei a outra entre o seu cabelo, enquanto ela usou a sua mão livre para me segurar o rosto. Separei-me dela para recuperar o fôlego e ela mordeu o lábio inferior, fazendo-me acariciá-lo com o polegar. Desci os meus beijos para o seu pescoço e tracei um caminho até ao canto dos seus lábios e a cada beijo ela suspirava. Quando parei, no canto da sua boca, ela olhou-me indignada. Olhou-me como quem tinha necessidade daquilo e eu percebi porque a olhava da mesma forma. Tinha necessidade dela.
A morena puxou-me para si e voltou a beijar-me, fazendo-me cair na tentação...complicando a minha situação. É, essa situação.
_ Beatriz... - chamei-a, entre beijos. Ela ignorou. - Meu...amor. - consegui levantar o rosto, apenas uns centímetros. Com um sorriso ladino, acariciei-lhe a face e depositei um último beijo nos seus lábios - Temos de parar. - disse-lhe, com dificuldade. Eu não queria parar, de todo. Mas tinha de o fazer, por ela.
_ Por-Porquê? - perguntou confusa, sentando-se. Suspirei e olhei para ela e depois para baixo - Filipe, fala. O que...Ahh. - a sua reação fez-me rir e eliminou parte do constrangimento. Ela tapou a cara, para esconder a intensa vermelhidão das suas bochechas. Puxei-me para trás, de modo a ficar encostado á cabeceira da cama e permiti-me rir perante a situação.
_ Beatriz...vem cá. - chamei-a, puxando o seu braço. Ela veio até mim a medo, com a cara ainda tapada - Minha querida...- segurei as suas mãos e descobri o seu rosto, olhando agora uma Beatriz diferente. Ela estava embaraçada, mas tinha ainda aquele fogo no olhar. Puxei-a para o meu colo e beijei-lhe a testa, acariciando a sua face.
_ Eu não devia...- começou a desviar-se, ato que eu impedi segurando-a com firmeza na cintura.
_ Está tudo bem. Eu não teria feito isto se ainda não estivesse. - disse, ainda divertido. O dia tinha ido de oito a oitenta rápido demais, isso era facto - Está...tudo bem? Contigo? - perguntei.
_ Se está tudo...sim, está tudo bem. Está...muito bem. - respondeu, desorientada. A sua resposta fez-me rir - Só não esperava que...tu sabes, tu...
_ Ahm...é normal ter esse tipo de... reação. - desta vez quem estava 'desorientado' era eu.
_ Não, Filipe. Eu sei que é normal, não sou uma criança. - apertei-lhe o nariz. Para provar que não era criança, ela beijou-me rapidamente. Boa prova! - Só não esperava que parasses...- disse e desviou os olhos dos meus. Aquele merdas!
_ Eu tive que parar, meu amor. Não porque não estivesse a ser bom, muito bom, mas porque seria insensato continuar agora. Aqui. Eu não me perdoaria se fizesse isso contigo. - concluí, fazendo-a olhar para mim - Eu sei que não queres falar disso, dele. Acredita, eu também não quero, nem sequer pensar nisso. Mas eu sei que ele não quis parar. E acredita em mim, acredita porque é a mais pura verdade. Eu vou fazer valer cada vez que parar. Mil vezes mais as que não o fizer. - disse, com a testa encostada á dela e segurando o seu rosto entre as minhas mãos - Porque eu te amo.
Disse, porque tinha de o dizer. Já o sabia há algum tempo, sendo sincero acho que sempre o soube. Tinha de o dizer, porque nunca fui muito bom a esconder o que sinto, a verdade.
_ Eu...- ela começou, os seus olhos marejados.
_ Eu sei, meu amor. Já mo disseste, várias vezes. - tranquilizei-a. Outro facto: ela dizia que me amava através de atos ou de palavras, indiretamente. Tinha dado este grande passo antes de mim, agora vejo. Quando me abraçou a chorar no dia em que a encontrei com um hematoma no pulso foi a primeira vez que o fez.
Era isso que tornava tão especial o meu amor por ela.

Meu Querido ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora