Capítulo 22 | Love Language

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Já se passaram duas aulas, ainda não consegui encontrar a Luana e ainda não obtive qualquer resposta dela. Por onde raio ela anda?
Fui ao bar comprar uma água a ver se me acalmava, tais eram os meus nervos para o teste de física, na próxima aula. Sendo sincera não conseguia perceber se o nervosismo se devia ao teste ou ao facto de ficar na mesma sala que o Filipe e ter de encarar aqueles olhos confusos.
_ Obrigada, tenha um bom dia! - agradeci á Sra. Matilde, funcionária do bar. Era das pessoas mais queridas que trabalhavam naquela escola. No caminho para o corredor esbarrei com alguém.
_ Desculpa. Não vi por onde...- quando levantei os olhos apeteceu-me correr dali. - Marina.
A rapariga olhou-me de cima como se tivesse...pena de mim. Franzi o sobrolho e ela sorriu para mim.
_ Ah, sem problemas querida. Acontece a todos. - disse num tom de voz doce. Ela é boa. Em resposta consegui esboçar um sorriso, não tinha nada que conversar com ela. Assim que dei um passo para seguir com a minha vida, ela parou-me. Ao que parece, tínhamos opiniões diferentes. - Então? Já vais?
_ Sim, tenho aula agora. E tu também tens. Teste de física. - respondi seca, era algo óbvio. Não era por ser ela, simplesmente não perderia o meu tempo naquele momento com ninguém que não fosse a Luana ou o Filipe.
_ Claro querida, não esqueceria nada que envolvesse o Filipe, mas a aula é daqui a meia hora. Agora, entre nós, é tão lindo não é? - quando ela perguntou isto eu tive vontade de vomitar. Não merecia ouvir isto.
_ Marina, eu não acredito que isto seja uma conversa muito apropriada, ainda mais sobre um professor. Devemos-lhe respeito.
A rapariga lançou me um olhar divertido.
_ Ai Beatriz, tão inocente. Não precisas de ser assim, não comigo. Vais dizer-me que nunca o imaginaste nu? Nunca te imaginaste a passar as tuas mãos pelo peito dele enquanto ele sussurra o teu nome? - voltou a questionar. - Eu já, várias vezes. E o melhor é que já tive oportunidade de o realizar. - sussurrou esta última parte ao meu ouvido, soltando um risinho depois. Ela sabe de nós. Obriguei-me a respirar fundo antes de responder-lhe.
_ Novamente, Marina... não é apropria...- ela calou-me com o indicador para atender uma chamada. Depois soprou-me um beijo e saiu do bar, deixando-me desorientada.
Abanei a cabeça e segui pelo corredor principal, até ao pátio. Lá, encontrei uma rapariga de cabelo preto encaracolado sentada num dos bancos. Luana.
_ Estás a ignorar-me ou quê? - perguntei antes de deixar cair o corpo ao seu lado.
_ Eu? Ignorar-te? Sabes quantas pessoas me aturam para além de ti? Duas: os meus pais. Que por sinal, devem achar que eu tenho 12 anos para me tirarem o telemóvel por tirar 8 valores no teste de Matemática A. Aquilo é difícil! - disse com voz chorosa, o que me fez ter vontade de rir. É, Matemática nunca foi o forte dela, mas ela conseguia aguentar-se no 10 ou 11 antes.
_ Talvez devesses pensar em estudar em vez de ires a 3 festas por semana. Sinceramente, não sei como tens cabeça.
_ Beatriz! Era suposto seres minha amiga! - ela pôs a mão no peito, dramática como sempre. Eu soltei uma risada fraca mas logo retomei o meu semblante preocupado ao ver o Filipe entrar no edifício. - Ei...o que se passa? Eu conheço essa cara, o que é que te está a preocupar?
_ É o Filipe. Nós quase o fizemos...e depois ele foi muito querido comigo e...
_ Fizeram o quê? - ela perguntou, distraída e eu arregalei os olhos - Ahh, isso. - concluiu, soltando uma gargalhada pela sua lerdeza. - Espera, O QUÊ? Tu e ele?? - perguntou, depois de perceber mesmo o que se tinha passado, agarrada ao meu braço mais excitada que o Filipe há uma semana. Ok, tenho de parar.
_ Isso, querida amiga, queres um megafone? Talvez 4 colunas também, não? - perguntei irónica. Ela sorriu encolhendo os ombros como quem pede desculpa.
_ Ai Bea, não percebo. Devias estar feliz, não, devias estar a dar pulinhos. Pode ser que para a próxima aconteça mesmo, já sabes que há hipóteses para isso. Embora, se acontecer, podes não conseguir dar pulinhos. Podes mal conseguir andar, chèrie. - divagou, fazendo-me querer bater-lhe ali mesmo. - Desculpa, continua.
_ Como eu estava a dizer, quase o fizemos. Mas, ele parou por mim. Disse que não era nada como o Pedro e depois...- calei-me, ainda com alguma dificuldade em proferi-lo em voz alta.
_ Depois?...
_ Depois ele disse que me amava. - ela ficou com a boca entreaberta a olhar para mim. - Mas o maior problema não é esse, Lu. É o facto de eu não o ter dito em retorno.
_ Isso não é uma coisa que se diga atoa, Bea. Se não o disseste, foi porque não o sentias...
_ Mas o problema é precisamente esse! Só Deus sabe o quanto eu o amo. - exaltei-me, os meus olhos começaram a encher-se de lágrimas. - Ele disse que eu já lho tinha dito, mas eu nunca o disse. A única pessoa a quem eu disse estas palavras foi o Pedro, Luana. E tu sabes o quão difícil foi para mim, quanto tempo eu demorei. - ela levou a sua mão ao meu ombro e apertou-o.
_ Sabes, não se diz 'Amo-te' apenas com palavras. Também é possível demonstrá-lo, através de um abraço, por exemplo. Ele deve ter dito isso nesse sentido, meu amor. A tua linguagem amorosa é toque físico, a dele são palavras de afirmação. A minha, por exemplo, é dar dentadas. - disse e deu-me uma no braço. - Vês? Acabei de dizer que te amo.
_ Totó... também te amo. - acabei por ceder. A ela eu consegui dizer, com a maior das facilidades. Á minha mãe também o consigo dizer. Porque raio não consigo dizer-lhe a ele?
_ Olha, se queres um conselho meu, conversa com ele. Eu não tenho dúvidas de que o sentimento dele é verdadeiro, basta observar-vos juntos e ver a forma como ele te olha. De certeza que vai compreender-te.
Levantei-me do banco, decidida a ir falar com ele. Voltei a correr para trás, para abraçar a Luana.
_ Obrigada. Não sei o que faria sem ti.
Recebi um dos seus lindos sorrisos em resposta.

Meu Querido ProfessorWhere stories live. Discover now