66. A Benção de Estácio

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Em algum lugar do Cemitério das Monções Cantantes, localizado no Deserto Ventoso, Relva, Afrody e Elohim, o usuário de individualidade astral da milícia celeste, foram pegos por uma violenta tempestade de areia, que impedia totalmente a locomoção, remodelando as dunas de areia a seu bel prazer, de tal modo que boa parte dos corpos aliados que estavam sobre o chão foram enterrados ali mesmo.

Os sinos das lápides soavam desarmoniosamente em uma melodia avassaladora que perturbava até o mais calmo dos corações, subjugando ainda mais todos dentro da violenta tempestade. Assim como antes, Afrody começou a ouvir a voz de seus amigos suplicando por ajuda, mas dessa vez, não era ele o único a ouvir vozes, sua tia e Elohim também ouviam, não das mesmas pessoas, mas daqueles que elas ansiavam por ver.

A tia do rei começou a ouvir a voz de sua falecida irmã, no mesmo tom de voz que tinha quando ainda era viva, ou melhor, quando não estava possuída por um espírito maligno, assim como está atualmente. A voz a condenava por tudo que havia feito, reprovava todos os cuidados que Relva teve para com seu sobrinho, afirmando notoriamente que sua missão maternal havia falhado.

Elohim, por outro lado, ouvia a voz da família que deixou para trás ao vir para o campo de batalha, sua filha pequena que havia acabado de nascer chorando por sentir falta do pai e a esposa que a segurava nos braços o reprimia dizendo que nunca concordou com o seu trabalho na milícia celeste, que isso o afastava da família e que uma hora ou outra lhe ceifaria a vida.

A mão das bruxas podia ser sentida em cada palavra proferida por aquelas vozes tão familiares, e ao entreabrir um de seus olhos, o rei de Celestian viu duas figuras encapuzadas em sua frente, eram elas, as vis feiticeiras que tramaram essa artimanha maldita, a fim de perturbar os corações daqueles que se opunham a sua vontade maléfica.

Uma delas avançou contra Afrody e proferiu-lhe um soco, enquanto a outra estava logo atrás pronta para fazer o mesmo, mas desta última o rei conseguiu desviar e numa atitude desesperada expelir das têmporas uma pressão telepática que afastou os inimigos e o envolveu em um domo protetor semelhante àqueles feitos por sua mãe, especialmente parecido como quando ela fez para se proteger do rugido dos guardiões elementais, na presença das forças aliadas.

O rei de Celestian precisava sair da tempestade de areia, mas como? Num instante estava com sua tia e Elohim, no outro eles haviam sumido, sem falar no tormento das vozes e no barulho dos sinos que se intensificavam cada vez mais junto com os fortes ventos de areia.

No meio de todo aquele barulho, três vozes se destacavam crescentemente, eram as bruxas, sua presença em tudo aquilo era inegável, sussurrando no ouvido de Afrody para ceifar a própria vida e acabar de uma vez com tudo aquilo, sob a falsa acusação de que aquela guerra e todos os desastres passados, presentes e futuros eram por culpa dele e que tudo acabaria se ele estivesse fora do caminho.

Em uma atitude esperançosa, o rei elevou ambos os braços e juntou as mãos, logo após as afastou lentamente, e do meio delas surgiu uma pequena esfera de luz, que se expandiu rapidamente. Seu brilho era tão forte que ultrapassou até mesmo a cruel tempestade, mas não era suficiente para detê-la, afinal os raios luzentes podem certamente ocupar o mesmo espaço que o ar, mas de alguma forma, poucos instantes depois do fulgor a tempestade cessou.

_ Majestade, Afrody, você está bem? Pode abrir os olhos agora. - Pergunta uma voz familiar.

_ Essa voz... Shiffom! E... aliados? - Diz Afrody surpreso.

_ Não é ele! Não passa de outro tormento das bruxas! Assim como todas essas pessoas junto com ele! - Diz Relva.

_ Sinceramente, não me reconhece mais quando me vê diante dos seus olhos, Relva? Depois não reclame quando te chamarem de velha. - Diz Shiffom.

CelestianWhere stories live. Discover now