Celestian

37. Genes Paternos

Dois dias se passaram desde o fenômeno luminoso que fulgurou no céu de Celestian, e o parlamento de El ainda não havia feito nenhum pronunciamento público a respeito, pois na verdade, nem mesmo eles sabiam com precisão o que aconteceu naquela noite. Antes de começar os procedimentos analíticos em Afrody à pedido de Relva, Castiel encaminhou para a CEL’s um relatório que possibilitou à Shiffom iniciar uma minuciosa investigação sobre o ocorrido e teorizar sobre quais seriam os próximos passos a serem dados pelas bruxas.

_ Conseguiram alguma coisa? – Pergunta Shiffom aos seus subordinados da Sala de controle.

_ Ninguém estranho passou pelas fronteiras nas vinte e quatro horas antecedentes ao incidente no castelo, estamos verificando as imagens das câmeras desde que o Castiel nos entregou o relatório e não notamos nada suspeito. – Diz um dos operantes do computador central.

_ Mas deve haver algo, continuem procurando! – Diz Shiffom, em alto tom de voz.

_ Sim senhor, agora mesmo! – Dizem os membros da CEL’s na sala de controle.

_ Senhor, o Arcanjo Miguel deseja vê-lo. – Diz um supervisor da CEL’s que acaba de entrar na sala.

_ Era só o que me faltava! Deixe-o entrar. – Diz Shiffom, colocando uma das mãos nas têmporas.

Desde a última reunião que teve com o Arcanjo Miguel, que é o membro do Parlamento responsável pelo poder militar de Celestian, o senhor Shiffom passou a evitá-lo ao máximo, pois não gostava das suas constantes investidas contra a Corporação de Espionagem Liberal, tentativas muitas vezes falhas de fazer a CEL’s responder única e exclusivamente à capital dos anjos e aos caprichos dos parlamentares. Mas dessa vez, o semblante do mais egocêntrico Arcanjo estava diferente, e isso foi perceptível assim que ele adentrou à sala.

_ O que você quer aqui, Miguel? – Pergunta Shiffom.

_ Eu soube que o Castiel enviou um relatório à você sobre o campo telepático no dia do ataque ao castelo. – Diz Miguel.

_ É muito bom ver que o parlamento já considera o ocorrido como um atentado contra a vida do Afrody, pois o povo espera o parecer da realeza sobre isso e nós dois sabemos que o rei não está em condições de fazê-lo, ou seja, o pronunciamento público deve ser feito e é de total responsabilidade de vocês, dos Arcanjos! – Diz Shiffom.

_ Sim, nós sabemos. Mas isso não será possível enquanto não soubermos exatamente o que aconteceu. Toda informação que o parlamento tem até o presente momento foi dada pelo próprio Afrody em nossa reunião após a coroação. – Diz Miguel.

_ E você acha que eu, digo, nós da CEL’s estamos fazendo mais progressos? – Pergunta Shiffom.

_ Nós não achamos, nós sabemos que estão! – Diz Miguel.

_ É pretensão sua vir aqui na central de comando exigir que cooperemos com vocês, quando vocês nunca fizeram isso conosco! Sempre trabalhamos independentemente do parlamento de El, pelo bem de Celestian e do mundo! – Diz Shiffom.

_ Eu não estou exigindo nada Shiffom, pelo contrário. Depois da minha grande falha em proteger o castelo desse atentado, eu sou obrigado a reconhecer que sozinhos não chegaremos a lugar nenhum. Por isso convenci os outros membros do parlamento a darem total liberdade à CEL’s para investigar cada canto deste continente e de inclusive realizar interrogatórios se necessário. – Diz Miguel.

_ Bem, devo admitir que isso é deveras surpreendente, principalmente por estar vindo de você. Mas reconheço que apesar de tudo, as intenções do parlamento sempre foram boas. Diga-me, por que veio me falar isso pessoalmente? Conhecendo você como eu conheço, sei que seria de sua preferência comunicar isso indiretamente e evitar essa conversa onde você reconhece a falha da guarda real. – Diz Shiffom.