🎄 51. O Decreto Festivo

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Não importa em qual parte do mundo, as pessoas sempre observaram a imensidão do cosmos assustadas, alguns caindo por terra venerando-o, outros escondendo-se miseravelmente atrás de suas construções passageiras que não passam de um simples grão de ...

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Não importa em qual parte do mundo, as pessoas sempre observaram a imensidão do cosmos assustadas, alguns caindo por terra venerando-o, outros escondendo-se miseravelmente atrás de suas construções passageiras que não passam de um simples grão de areia no vasto deserto do tempo, mas o que todas elas fazem unanimemente é suplicar pela misericórdia das forças astrais que elas não compreendem, e talvez jamais compreenderão completamente, acreditando que sua luz pode de fato mudar o destino de sua espécie.

Há muito tempo, o homem parou de se lembrar do passado, de se preocupar com o futuro e consequentemente perdeu também o sentido de viver o presente, provando que a devastação global causada pela espécie foi também uma depravação moral da mesma. Era uma questão de tempo até que a extinção completa batesse à porta da raça humana, e até mesmo eles já haviam se dado conta disso, de que eram os únicos e verdadeiros culpados de tudo que estava acontecendo.

Diante do fracasso humano, pouco a pouco, uma a uma, as estrelas deixaram de conceder a benção de sua luz ao mundo, até mesmo o sol desistiu de brilhar para ele, excluindo o dia, transformando-o em noite. Sendo os astros entidades cósmicas misteriosas que sempre estiveram e sempre estarão no espaço, sabem perfeitamente os rumos temporais que já haviam sido traçados por aquela inferior forma de vida, já haviam percebido que para a humanidade não havia mais salvação, e de nada adiantaria conceder a eles o vislumbre majestoso de suas luzes, como tanto já haviam feito.

Porém, no planeta Terra, havia uma minoria que apesar de também deixar o passado de lado, ainda se importava muito com o futuro, e por isso acreditavam que no presente ainda havia algo que podia ser feito para mudar a dura realidade, mas que isso já não cabia a eles, mas a um poder superior, o único que ainda não os havia abandonado, uma única estrela que insistia em brilhar, não por todos que vagavam naquele mundo, mas por aquele pequeno grupo que perseverava em seu clamor à ela.

A luz estelar é como um véu que separa este mundo do próximo e a estrela por si só é a ponte que pode os pode unir, cuja missão é conectar passado, presente e futuro, para todas as formas de vida que não podem conceber tais realidades, a fim de garantir e estabilizar as formas de vida que se desenvolvem no decorrer do ciclo temporal do universo, onde a morte é sempre uma passagem para outra vida. A humanidade, por seus atos vis, foi obrigada a conviver com as trevas, o dia virou noite e esta parecia não ter mais fim.

Com o passar do ciclo, a estrela percebeu que o número de seus devotos estava diminuindo e a fé não estava sendo transmitida para as próximas gerações, que tendiam ser cada vez menores. Nunca se ouviu dizer que uma força cósmica como as estrelas tivesse sentimentos, porém essa única luz que brilhava no céu terrestre foi tomada por empatia, e em um ato desesperado de esperança sacrificou o próprio corpo celeste para conceder à humanidade uma última chance de redenção.

Paralelamente a isso, o último devoto das estrelas partia dessa vida para a próxima, e em seu leito, pouco antes de suas pálpebras se fecharem para nunca mais abrirem, ele pôde ver uma estrela cadente no céu, e fez a ela a sua última prece, um apelo por sua espécie, que apesar de simples estava repleto de fé e esperança.

CelestianWhere stories live. Discover now