82. Podridão Faranínfica

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O clone da bruxa Faranegra correu para o lugar que mais lhe era propício para batalhar, uma pequena floresta criada pelas forças aliadas de Lúnia durante o confronto contra os monstros de lama. Chegando lá, se posicionou no coração da floresta, onde seus feitiços e conjurações alcançavam toda a mesma e podiam lhe dar grande vantagem em relação aos seus inimigos iminentes.

Os perseguidores do referido clone eram as pessoas que mais tinham contas a acertar com a vil feiticeira, ninguém menos que a princesa de Lúnia e sua mãe, a Rainha Gênova. Não era o primeiro embate da realeza de Lúnia contra a bruxa, o último foi desastroso, mas agora as coisas seriam diferentes, pois ambas amadureceram consideravelmente desde seu último encontro com a inimiga da natureza.

_ Meu coração foi totalmente preenchido por um sentimento quando percebi que seriam vocês que eu irei matar. Esse sentimento deve ser o que vocês chamam de felicidade! - Diz o clone de Faranegra.

_ Ora, isso sim é uma surpresa, achei que você não tivesse um coração e achei menos ainda que pudesse sentir alguma coisa. - Diz Giovanna.

_ Vejam quem afiou a língua, a princesinha inútil de um continente morto. Com uma língua dessas você pode acabar cortando a própria boca, mas não se preocupe, irei arrancá-la para você! - Diz a bruxa enquanto sorri maldosamente.

_ Primeiro terá que passar por mim, bruxa asquerosa! - Diz Gênova em alta voz.

_ Então foi de você que ela herdou a péssima educação, não me surpreende, uma rainha medíocre só pode ser também uma mãe igualmente medíocre! Juntas vocês formam uma família medíocre, parabéns! - Diz Faranegra.

_ Você não está em posição para falar de uma família, você matou a sua! Sozinha você destruiu toda a boa reputação da família Fara! - Diz Gênova.

_ Reputação que eu mesma construí! Não seja hipócrita! - Diz Faranegra.

_Sua família já era conhecida antes de você nascer, Fara e Luz eram membros do alto escalão em Lúnia, conhecidos por todo o continente! - Diz Gênova.

_ Conhecidos por um escândalo? Faça-me o favor rainha de araque, conheça os seus antes de tirar satisfação comigo! - Responde a bruxa.

_ Sim, por um escândalo, mas também pelo amor que tinham um pelo outro e sobretudo pela nação! Você é fruto desse amor, Faraluz, como você passou de algo tão belo para essa coisa horrível que é hoje? - Pergunta Gênova.

_ Você coloca meus pais em um altar, mas não sabe de toda a história. Sabe porque minha mãe, uma Ninfa foi capaz de corresponder alguém? Eu vou te contar! As ninfas, as castas mulheres encarregadas de proteger a Têmpora das Estações, todas nascem com essa incapacidade de se apaixonar, está em seu código genético, seus corpos não produzem tão bem as substâncias relacionadas às manifestações do amor como a Dopamina, Feniletilamina e a Oxitocina. Esse déficit de sua condição humana impede que amem e também é a causa principal de sua esterilidade, mas existem algumas ressalvas quanto a este último ponto. - Diz Faranegra.

_ Aonde você quer chegar? - Pergunta Giovanna.

_ Já pararam para pensar em como a humanidade é egoísta? Sempre querendo reter tudo para si, sem se importar com as coisas que não lhe pertencem ou que pertencem a outras pessoas, lugares, coisas... como uma flor, que sempre é arrancada por alguém que muito a admira, e logo depois colocada com tantas outras iguais a ela, para formar um buquê. O gesto do presente parece bom, mas a essência é má, pois depois de alguns poucos dias aquelas flores morrem e suas vidas, que poderiam durar meses, são reduzidas em mais da metade do tempo. Tudo pelo capricho de alguém. - Diz Faranegra.

_ Acho que entendi o que ela quis dizer... - Questiona Gênova.

_ Em sua juventude, a mãe da minha mãe gozava de grande beleza, atraía olhares por onde passava, como uma flor. Mas como eu disse, a humanidade é egoísta e mais cedo ou mais tarde por mero capricho resolveria tomar essa flor para si, como se ela não fosse nada! Minha matriarca foi violentada e desse ato imundo nasceu minha mãe, como uma sujeira que cresceu por nove meses até resolver que aquela lixeira era pequena demais para ela. E como todo lixo que existe nesse mundo, ela nasceu diferente das ninfas, ela nasceu igual aos humanos, com uma doença transmissível chamada amor. - Diz a bruxa.

CelestianNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ