🎄 52. Fulgor Natalino

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Três dias se passaram desde o decreto do rei de Celestian, e para alegria do soberano, sua proposta foi aceita por todas as pessoas do continente, desde a grande capital dos anjos até os confins do Vale da Lua. Tudo isso se deve, em parte, ao grande sucesso de seu discurso no dia de sua coroação, que cativou a todos que o escutaram e fizeram até os corações mais endurecidos e críticos demonstrarem certa simpatia pelo filho da tão amada e já falecida Rainha Clérion e seu esposo, o Rei Celsius.

A grande Celestian, que é famosa por suas luzes, tornou-se ainda mais iluminada e já no início do dia, havia quem dissesse que diante de tamanho fulgor logo cedo não haveria sequer sombras na noite vindoura. Portas, ruas e casas, tudo estava perfeitamente decorado para logo mais incentivarem e inspirarem o clamor a ser elevado à primeira estrela, aquela cuja fama a nomeou como guia do povo celestial. Mas não somente a ela, o clamor tendia a se tornar ainda mais célebre pela memória da honorável Estrela Dalva.

No palácio real, Afrody também não mediu esforços para que o lugar estivesse o mais alegre possível, pois era de lá que ele se pronunciaria em um discurso oficial após se ausentar por tantos dias por conta de seu frágil estado de saúde, que não veio à público. Desde o reinado dos falecidos soberanos que o reino não contemplava uma festa de tamanha importância promovida pela própria família real, e isso criava em todos uma enorme comoção pela nostalgia das lembranças e uma grande expectativa acerca da programação preparada diretamente pelo líder político da nação.

Ao longo destes três dias, o rei envolveu todos os funcionários do castelo na preparação do novo feriado e conforme os relatos que o mesmo lhes contava, tudo começava a ser pensado e desenvolvido, para recriar uma tradição sólida e vívida que duraria muitos e muitos anos. Entretanto, sem dúvida alguma, o trabalho mais árduo foi o dos cozinheiros reais, que usaram a gastronomia do continente celestial para estabelecer iguarias que viriam a se tornar típicas desta data, e elevavam os pensamentos de quem quer que observasse seus pratos e mais ainda de quem os provasse.

Para alguns aquilo ainda era estranho, afinal, há algumas semanas o continente estava sendo atacado por bruxas e outros monstros e agora se preparava para uma grande festa, como se ignorando tudo o que havia acontecido. Entretanto, era exatamente essa sensação que o rei queria provocar em seu povo, pois enquanto eles permaneciam alegres, a CEL's não parava nem mesmo por um segundo na monitoração de suas frotas aéreas e marítimas que a pedido de Relva foram enviadas a ilha do Templo dos Mil Degraus para auxiliar no transporte dos tribais e dos animais até o continente de Elementor, onde estariam seguros.

Tudo o quanto podia se lembrar, o rei anotava em um pequeno caderno, com medo de se esquecer até mesmo do menor dos detalhes sobre essa celebração, que ele adquiriu nas lembranças da quarta irmã ancestral. Os preparativos estavam sendo realizados muito rápido, o povo não tinha tempo para se preocupar com outra coisa senão a celebração do Natal, que já contava com uma pequena programação organizada de acordo com as anotações do soberano.

Ao pôr do sol, todas as luzes deviam estar acesas e o povo reunido em frente ao palácio real, onde Afrody faria sua primeira aparição pública desde a sua coroação, seguida de um discurso onde ele incentivaria os festejos. Logo após, cânticos de festa e de grande alegria marcariam a abertura dos portões reais, para que o povo pudesse ingressar nos jardins do castelo, onde seriam recitadas poesias virtuosas acerca da devoção às estrelas, aos espíritos e à irmandade ancestral. Por fim, as preces de cada devoto seriam elevadas aos céus sendo simbolizadas por lanternas flutuantes, preparadas previamente pelas famílias da capital dos anjos.

Além disso, a partir da abertura dos portões, um grande banquete estaria disponível para a degustação de todos, contendo é claro, apenas comidas e bebidas relacionadas à celebração natalina. Foram longos três dias de preparação, e na manhã de Natal, todos foram acordados com o barulho de fogos de artifício que vinham do palácio, marcando o início dos festejos. Após essa feliz alvorada, na tarde do mesmo dia, o rei se retirou para os seus aposentos, onde tentava se lembrar de uma poesia composta pela própria Dalva, na intenção de transcrevê-la e apresentá-la no festival de poesia natalina.

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