73. Conversando com a Lua

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Na fronteira da Terra Rúnica com o deserto ventoso, mãe e filho acertavam seus pontos, de um lado, o portador da luz, do outro, a enviada da escuridão, o garoto da profecia e o fantoche das bruxas. Após ver a vida de Relva, sua tia, e do comandante Shiffom serem ceifadas diante de seus olhos, Afrody gritou tão alto que até mesmo as estruturas dos céus foram abaladas, parecia que a própria natureza ouvia o lamento do rei.

Os céus se fecharam e uma forte chuva começou a cair, lavando da terra o sangue daqueles que ele tanto amava e agora havia perdido, e com eles o último membro vivo de sua família. Algo crescia no coração de Afrody, uma dor tão forte que o impedia de respirar, impedia de agir, impedia de se mover, mesmo que agora a telecinese de Clérion não o prendesse mais.

As lágrimas do rei de Celestian se misturavam com a chuva, e o luto dele era visível para todos, inclusive Miguel, que foi o primeiro a perceber o que havia acontecido no campo de batalha após ouvir os gritos de Relva e logo após de Afrody. O Arcanjo saiu de onde estava e foi às pressas ver com seus próprios olhos a situação em que estava seu rei, sua tia e o comandante da CEL's, seu amigo de longa data.

_ Você é um monstro! Quase tão ruim quanto as bruxas! - Grita Afrody.

_ Oh querido, eu agradeço suas palavras...- Diz Clérion.

_ Cínica! - Diz o rei.

_ Majestade, o que aconteceu aqui? - Pergunta Miguel pousando entre Clérion e Afrody.

Lentamente, Afrody apontou para onde estavam os corpos de Shiffom e Relva, e Miguel pode ver que eles ja não estavam mais neste mundo, já haviam morrido, perfurados pela lâmina da rainha, que ainda estava lá, no mesmo lugar. Tomado pela ira, Afrody usou seu poder telecinético para retirar o florete de lá e o lançou na direção de sua mãe, na intenção de matá-la, mesmo sabendo que isso não aconteceria.

_ Obrigado por devolver minha arma, filhinho. - Diz Clérion interceptando o ataque e pegando o florete com uma das mãos.

_ Afrody eu.. sinto muito... não consigo acreditar no que estou vendo... - Diz Miguel.

_ Eu deveria agradecer minha irmã, agora que a ligação nínfica foi desfeita não preciso me segurar, eu posso matá-lo e... - Diz Clérion até sentir uma ligeira palpitação em seu rosto.

_ O que houve? - Questiona Miguel.

_ Mas o que? Não pode ser! Não pode ser! Aquela maldita! Quando isso aconteceu? Já sei... naquele momento quando correu desesperadamente e passou por mim! Ela é uma falsa, desgraçada! - Diz Clérion.

Quando olhou para o chão, Clérion viu uma seringa, completamente vazia, e em seu braço esquerdo um furo, local por onde Relva aplicou a estranha substância que causava agora estranhas reações no corpo da rainha ressuscitada. A mãe de Afrody estava ficando mais velha, sua pele estava ganhando rugas, suas forças estavam deixando-na, seus cabelos caíam, suas unhas aprodecíam e suas células de todo o corpo estavam morrendo rapidamente.

_ Isso não é possível! O que está acontecendo comigo? Eu não posso morrer, eu sou invencível, eu não posso... - Grita Clérion desesperada.

_ Está acontecendo exatamente como ela disse... - Diz Afrody.

_ Esses efeitos... essa magia... é da... - Dizia Miguel.

_ De uma das bruxas, Faranegra. E não é Magia, Miguel, é ciência! - Diz Afrody.

Desde que Faranegra invadiu Celestian e deixou uma pilha de corpos vítimas de sua magia que sugou toda sua vitalidade, Relva não parou de pesquisar seus efeitos a fim de reproduzí-los em uma poção, até que conseguiu criar um veneno com os mesmos efeitos. A dúvida era se seria tão eficaz em humanos quanto nas plantas, mas Clérion acabava de comprovar que sim, pois ela estava sofrendo o mesmo destino dos anjos mortos pela ninfa das sombras.

CelestianWhere stories live. Discover now