SEM ESCRÚPULOS 😕

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Peguei a minha mala e coloquei sobre a cama, abri o guarda roupa de solteiro e ao poucos fui depositando peça por peça.

Meus pensamentos estavam longe:

"Será que eu vou embora mesmo?
É só fingir que eu não sei de nada!
Mas vou compactuar com uma mentira infame!
Como a Dona Rita se sentiria quando soubesse?
Para onde eu vou ?
Para quem ligar ?"

Dentro do quarto atrás de mim, vendo eu colocar as roupas na mala, estava Stefany.

Eu estava tão longe com os meus pensamentos que nem notei a presença dela.

— Para com isso DESIRÉE!

Parei com as algumas na mão, e olhei para ela sem entender nada.

— O que foi ?

— Para de fingir que eu não existo! O seu desprezo está exagerado. Você não é melhor que eu, esqueceu que o seu professor era casado!

— Nem vi que você estava aí parada igual uma estátua! — falei sem parar de colocar as roupas na mala —  Então vai ser assim? Você vai ficar jogando na minha cara, o que confiei em contar somente para você?

— Não — ela passa a mão no cabelo — Me desculpe, você está certa.

— Eu não sou melhor que você. O Miguel era casado ou é, sei lá, mas, eu me envolvi com ele sem saber desse detalhe da vida dele. Só vim saber quando já era tarde, e ainda fiquei sabendo da pior maneira. O que eu acho errado de você, é o fato dele ser marido da sua mãe — Dei uma pausa, fui até o cama, abri e fechei a mala — Agora uma pergunta que não quer calar, a quanto tempo isso tá acontecendo?

Ela fica calada por um tempo, olhando para o chão.

— O seu silêncio, quer dizer o quê?  que não é de agora que vocês têm esse caso, não é isso?

Ela permanece em silêncio.

— Fala Stefany!

— Conheci o Mauro pelo Facebook, quando eu tinha quase dezesseis. Ficamos um tempo batendo papo pelo messenger, e depois de algum tempo marcamos um encontro para nos vermos pessoalmente, e no mesmo dia a gente teve uma conexão única — Stefany gesticula como a mão — Foi um encontro incrível, ele me levou no parque, conversamos e nos divertimos muito. Passamos a nos encontrar depois que eu saía da escola, ficávamos juntos só por alguns minutos, mas era o bastante para nós amarmos muito. Então um dia matei aula para ficar mais tempo com ele.

Ela falava sem direcionar o olhar para mim. Eu apenas olhava, atenta para tentar entender a merda que ela tinha feito. Ela continuou.

— Não falei para ele que eu havia matado aula, seria uma surpresa. Eu mesma o convites para irmos a um lugar mais reservado, e ressaltei que queria lhe dar uma prova de amor. Ele não me forçou a nada DESIRÉE, quero deixar isso bem claro —Ela me olhou rapidamente — Ele não hesitou, e me levou para o apartamento de um amigo dele, eu sabia que ele me desejava, assim como eu também o desejava muito. Lá, eu me entreguei para ele. Passamos meses nos encontrando escondido, até que ele falou que era melhor a gente parar de nos vermos, porque ele era mais velho, e as pessoas poderiam denunciá-lo  como pedodilo. Então eu tive a ideia de apresentar ele para a minha mãe, e assim ele casar com ela,  ninguém ficaria de olho em nós, e eu e ele poderíamos ficar juntos até eu completar dezoito anos. E assim a gente fez.

Cai sentada na cadeira que estava atrás de mim, sem acreditar em uma palavra do que ela estava me falando.

— Diz pra mim, que ele mandou você contar essa história? Diz pra mim, que você não foi capaz de fazer isso?

— Eu amo ele DESIRÉE, eu sou louca por ele, era o único jeito, se não eu iria perdê-lo — ela fala franzindo a testa e com os olhos marejados.

— Que perdesse! Se ele te amasse mesmo de verdade, jamais aceitaria isso. Como a sua mãe não acordava à noite e não pegava vocês transado? Porque você faz barulho demais.  Eu mesma já vi vocês fudendo, umas e outras vezes.

— Antes dela dormir, ela sempre toma um copo de leite, então ele coloca remédio dentro para ela dormir. O mundo pode desabar que ela não acorda.

— Você está ouvindo o que você está falando! — Falei séria com ela quase indo em cima dela — Você tem noção do quanto esse homem te manipula, ao ponto de você dopar a sua mãe, só para  poder tranzar com ele? Ela vai saber disso agora !— caminhei até a porta, segurei a maçaneta, então ela se leva e diz.

— Se você passar por essa porta e falar alguma coisa para minha mãe, eu ligo agora para sua família e conto tudo. De tira-colo, ainda mando as fotos que tiramos juntas, mostrando a sua barriga — ela fala segurando o celular na mão.

Parei. Fechei a porta.

— Você quer ir embora ? Vá, mas não atrapalhe a minha vida, que eu não atrapalho a sua. Por mim e pelo Mauro, você ficaria, mas, é uma escolha sua partir!

Fiquei calada, fui até o guarda roupa, peguei o restante de peças que ainda tinha, e joguei dentro da mala com raiva, com ódio, por não poder fazer nada. Por estar de mãos atadas, Stefany saiu do quarto e eu caí aos prantos, coloquei o travesseiro no rosto e gritei, gritei por não saber que rumo tomar.

Em meio a angústia, me lembrei do seu Alfredo. Limpei o rosto, peguei a minha bolsa e procurei o cartão que ele havia me entregado.

Disquei o número, e do outro lado, ouvir a voz calma de quem um dia me trouxe paz, enquanto conversava comigo.

— Oi, é seu Alfredo?

— Sim, quem é?

— Não sei se o senhor lembra de mim, mais sou a moça o senhor trouxe a alguns meses, que ia trabalhar no hotel…

— Sim — ele me interrompe— Claro lembro , e aí você está bem? Conseguiu o emprego? — o tom de voz dele era de alguém que estava feliz, coisa que eu não estava.

— O senhor pode vim me buscar no mesmo endereço da outra vez? O senhor se lembra?

— Eu estou velho meu bem, mas ainda tenho boa memória, que horas é pra ir buscar você?

— Seu Alfredo eu quero pra agora? — pelo meu tom.de voz estava nítido que eu estava chorando.

— Já estou indo!

Pela mudança no tom de voz do seu Alfredo, notei que ele percebeu que eu não estava bem.

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𝕺 𝖘𝖊𝖌𝖗𝖊𝖉𝖔 𝖉𝖊 𝕯𝖊𝖘𝖎𝖗𝖊́𝖊 (Livro 1 )🔞Onde as histórias ganham vida. Descobre agora