Prólogo

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16 anos atrás

O céu se desmanchava em uma forte tempestade na Floresta das Lamentações, o vento forte balançando os galhos das grandes árvores e causando um ruído maquiavélico. Enfrentando a tempestade, Elizabeth Starlight corria pela Floresta com sua filha no colo. A lama espirrava contra seu vestido à cada pisar no chão, manchando o tecido e tornando-o sutilmente mais pesado.

Cada raio rasgava o céu como uma lâmina incandescente, iluminando a floresta por um breve instante antes de mergulhá-la novamente na escuridão.

Desesperada, ela olhava para trás à casa passo, temendo estar sendo seguida pela Ordem. Seu marido, Varianth, havia ficado para trás para despista-los.

A chuva gelada chicoteava suas peles expostas, enquanto Elizabeth sentia o medo apertar seu coração. Evangeline tremia em seus braços, clamando por conforto na escuridão da tempestade.

— Mamãe, estou com frio. — Elizabeth apertou Evangeline contra o peito, o coração batendo frenético. A cada passo, o medo se intensificava, apertando sua garganta como uma garra invisível.

Outro raio cortou os céus quando Elizabeth avistou a grande mansão que procurava, escondida entre densas sombras. A mulher bateu desesperadamente na imponente porta de Carvalho escuro com um corvo entalhado na madeira, chamando pelo elfo do qual procurava.

— Naevran, abra a porta! — Berrava entre o choro. — Naevran, por favor! — Após implorar, a grandiosa porta abriu.

Elizabeth correu para dentro, encharcando o chão do casarão assombrado, do qual as paredes de pedra cinzenta sussurravam maldições.

— Mamãe, não gosto daqui. — Evangeline choramingou no colo da mãe, pressionando seu pequeno rostinho contra o pescoço da mulher.

Elizabeth acariciou o macio cabelo branco como neve da menina, que era idêntico ao seu próprio cabelo.

— Tudo ficará bem, querida. — Ela sussurrou, olhando ao redor.

As paredes, maciças e impenetráveis, ostentavam entalhes intricados que contavam histórias de tempos sombrios. Janelas altas e estreitas, guarnecidas por vitrais desbotados, permitiam apenas a entrada de uma luz lúgubre e fantasmagórica.

Diante delas, uma escadaria grandiosa se desenrolava, coberta por um tapete escarlate que, outrora suntuoso, agora revelava vestígios de decadência. Lustres de cristal deslumbrantes balançavam levemente, lançando sombras dançantes pelas paredes adornadas com tapeçarias envelhecidas.

— O que faz em minha casa, princesa? — A voz de Naevran ressoou das sombras, envolta em um manto de autoridade fria que fez Elizabeth estremecer involuntariamente. Sua voz era gélida e cortante, como o vento da noite.

Elizabeth ignorou o tom hostil de Naevran. A urgência da situação a consumia.

Os olhos violeta de Elizabeth encontraram os dele, gelados e inescrutáveis, enquanto ele descia as escadas com uma presença sinistra.

— Por favor, Naevran. Eu imploro que nos salve. A Ordem dos feiticeiros nos encontrou, agora sabem sobre minha filha. Eles vieram de Silverglade, acho que já mataram Varianth. — Elizabeth disse, sua voz vacilando com a dor que lhe atravessava a alma.

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