Capítulo 19 - No Eco das Palavras Cruéis

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Capítulo especial do ponto de vista de Naevran e Evangeline

Evangeline

Enquanto cavalgavam pelo estreito vale entre as majestosas montanhas de Dhunadar, o silêncio entre Evangeline e Naevran era quase tangível. O ar ao redor parecia pesado, carregado com a tensão resultante da briga da noite anterior, como uma espessa névoa que envolvia suas palavras e gestos.

Evangeline mantinha seu olhar fixo adiante, os dedos cerrados com firmeza nas rédeas do cavalo. Cada passo do animal ecoava no vale, acompanhado pelo ranger suave das sela e o farfalhar das folhas das árvores que margeavam o caminho. Ela se sentia consumida pela culpa e pelo remorso por ter deixado escapar palavras tão cruéis noite anterior, desejando que Naevran encontrasse a morte, assim como todos os elfos.

Mas ela ainda se lembra vividamente da maneira como Naevran a deixou furiosa na noite anterior, ao restringir sua liberdade e tentar controlar seu destino com suas ameaças e palavras ásperas. Cada lembrança desse momento faz com que sua indignação ressurja, alimentando o fogo que queima dentro dela.

Evangeline suspira pesadamente. Ela sabia que precisava enfrentar Naevran e buscar uma reconciliação, mesmo que a simples ideia a deixasse desconfortável.

— Naevran... — Começou ela, sua voz vacilante pelo esforço de conter as emoções que fervilhavam dentro dela. — Eu... sinto muito por ontem à noite. Eu estava com raiva, —Continuou ela, a voz mais firme agora, embora ainda carregada de remorso. — mas isso não justifica as coisas horríveis que eu disse. Eu... eu não deveria ter desejado coisas tão terríveis para você. — Ela sabia que precisava ser honesta consigo mesma e com Naevran, mesmo que isso significasse admitir que ainda estava com raiva dele.

Naevran olha para Evangeline com um ar de indiferença, como se as palavras dela não o afetassem.

— É reconfortante saber que deseja a morte de alguém que acabou de salvar sua vida. Parece que a gratidão não é uma virtude que você valoriza muito. — Evangeline se sente um soco no estômago ao ouvir o tom sarcástico de Naevran.

Ela se arrepende instantaneamente de ter aberto a boca, percebendo que suas palavras só alimentaram ainda mais o fogo da discórdia entre eles.

— Você pode pensar o que quiser de mim, Naevran. — Ela responde com uma voz firme, embora seu coração se ressinta com a frieza que ele fala com ela. — E eu agradeço por ter salvado a minha vida naquela noite. — Ela acrescentou.

Naevran permanece imóvel, seus olhos fixos em Evangeline como se estivesse tentando ler sua alma. Por um instante, ela se pergunta se ele está procurando por alguma fraqueza que possa explorar, ou talvez apenas avaliando o impacto de suas palavras sobre ela.

Finalmente, ele suspira, um som carregado de resignação e cansaço.

— Talvez eu devesse começar a cobrar por salvar vidas. Poderia ser uma mudança bem-vinda da minha ocupação usual de... bem, você sabe, tirar vidas. — Seu tom é mais suave agora, menos cortante, mas ainda assim permeado pela distância que ele mantém entre eles.

Evangeline se sente um pouco de alívio ao perceber que suas palavras parecem ter penetrado na armadura de indiferença de Naevran, mesmo que apenas um pouco. Ela sabia que não seria fácil abrir caminho através das muralhas que ele erguera ao redor de si mesmo, mas estava determinada a tentar.

Evangeline solta uma risada suave, sacudindo a cabeça com um sorriso leve.

— Sabe, até que você é bom nisso. — Ela começa dizendo. — Em salvar vidas. — A jovem oferece um olhar de reconhecimento, tentando amenizar a tensão entre eles com um toque de humor.

Lendas de amor e maldiçõesWhere stories live. Discover now