Capítulo 9 - Livros e ossos

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Após o jantar naquela noite, Evangeline descobriu mais sobre seus novos amigos.

Morgana era uma talentosa estilista. Era ela quem costurava roupas para todos na mansão, inclusive as roupas que a jovem usava. Kate era a chef de cozinha, responsável por preparar as refeições de todos ali. Raskë era o espião e mestre em armas, responsável por garantir a segurança da mansão. E Sukry, como já sabia, era o curandeiro barra jardineiro.

E por falar no jardim, era ali que Evangeline se encontrava no momento.

Uma semana havia se passado desde que ela se refugiara ali. Até então, os motivos de Naevran mante-la ali eram um mistério.

Evangeline tentou perguntar para os novos companheiros da mansão o que o elfo poderia querer com ela, mas todos se esquivavam dos seus questionamentos e diziam que Naevran raramente compartilhava suas motivações.

Mas foi tempo o bastante para ela descobrir algumas outras coisas, como o que levou alguns deles até ali, por exemplo.

Morgana fez um acordo com Naevran que envolvia ele garantir que suas peças de roupas fossem vendidas e procuradas por toda Serenovia, o que garantiria o sustento da família da jovem mulher que passava por maus bocados. Em troca, ela deveria ser sua costureira e estilista particular, além de metade do lucro das vendas irem para ele.

Quanto à Kate e Raskë, seus motivos ainda eram desconhecidos. Mas pelo o que pôde compreender, a dívida de nenhum deles era eterna. Eventualmente Naevran os libertaria do acordo e poderiam retornar às suas vidas anteriores.

E por falar nele, Evangeline não o vira muito nos últimos dois dias.

— Sukry, se me permite perguntar... por que está aqui? — A jovem perguntou, ajudando-o a retirar as ervas daninhas do canteiro das margaridas.

O curandeiro suspirou, parando um pouco e se sentando no chão. Evangeline estava ao lado dele ajoelhada.

— Fui o segundo a chegar, se quer saber. Depois de Raskë. A história é bem curta, na verdade. Há dez anos minha irmã contraiu uma doença rara e incurável. — Ao tocar no assunto, Evangeline notou o pesar e a tensão em sua voz. — Naquela época minha magia era outra, uma que não me ajudava em nada até então. Eu soube por boatos que ao leste da Floresta das Lamentações havia um local onde se fazia acordos. Fui até lá e pedi ao Corvo que trocasse minha magia. Por ela ter se manifestado recentemente, foi possível fazer a transição. Então eu retornei à Silverglade e consegui curar a pirralha. — Um sorriso travesso surgiu em seus lábios, seguida de um brilho de saudade nos olhos.

Evangeline começou a fazer as contas em sua mente.

Raskë parecia ser um homem jovem, na casa dos 28 anos talvez. Se há 10 anos, quando Sukry chegou, ele já estava na mansão, o que o trouxe até ali, sendo tão jovem?

De qualquer forma, aquele não era o momento de perguntar sobre o misterioso espião.

— Admiro sua determinação em ajuda-lá. Poucos iriam tão longe. Imagino que isso deva ter custado caro. — Sukry deu de ombros.

— No início foi difícil deixar minha família para trás, mas com o tempo me acostumei. Naevran me trouxe até aqui, onde anos se passaram comigo aprimorando minha nova magia na tentativa de cura-lo. Mas isso nunca aconteceu. — Evangeline franziu o cenho, interessada em saber mais detalhes disso.

— Como assim cura-lo? — Elfos nunca ficavam doentes, era impossível que Naevran também estivesse.

Sukry olhou ao redor, certificando-se que ninguém ouviria o que ele diria a seguir.

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