Capítulo 14 - No Limiar da Escuridão

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No dia seguinte, Evangeline reuniu suas amigas para compartilhar o que havia acontecido.

— Seguindo essa linha de raciocínio de que vocês estão ligados, Naevran tem um fator de cura acelerado. Isso quer dizer que você se cura mais rápido agora? — Morgana questionou, enquanto observava a paisagem pela janela na sala de estar, os raios de sol dançando em seu rosto.

— Não tenho certeza. Sukry me curou do corte no braço ontem. Não tive tempo de ver como o ferimento ia cicatrizar sem a magia de cura. — Evangeline explicou, acomodada em uma poltrona, com um livro entre as mãos, os dedos acariciando as páginas como se buscasse conforto ali.

— Apenas você é afetada com isso? Caso você morrer ou se ferir, o mesmo não acontecerá com ele? — Evangeline assentiu.

— Sim, apenas o que acontece com ele será refletido em mim, não o inverso. — Ela suspirou, frustrada.

— E é possível romper essa ligação? — Kate indagou, apoiando-se no sofá, os olhos fixos em Evangeline.

— Sukry disse que havia uma possibilidade, mas eu estava tão exausta que, quando toda aquela dor no corpo sumiu, apaguei antes dele continuar. — Evangeline esticou-se para pegar um cookie da tigela na mesa de centro, sua expressão cansada denotando a preocupação que ainda pairava em sua mente.

— Você está em maus lençóis, Evangeline. Naevran leva uma vida perigosa e se a cada ferimento que ele sofre você também sentir, estará condenada a viver sangrando até que isso acabe. — Morgana disse, aproximando-se e também pegando um biscoito, sua voz carregada de preocupação.

— Ele deve estar feliz com essa situação. — Evangeline resmungou, a frustração transparecendo em sua voz. — Com a minha vida ligada à dele, serei obrigada a ajudá-lo a quebrar sua maldição inicial. Agora ele me tem em suas malditas mãos. — Morgana e Kate trocaram olhares carregados de compreensão e empatia, reconhecendo a gravidade da situação.

— Se fosse assim, ele não estaria tão preocupado em romper essa ligação. — Kate comentou tirando um suspiro de Evangeline, o peso do destino iminente pairando sobre ela.

Elas tinham razão, ele realmente parecia determinado em acabar com isso, pensou ela.

E falando no Diabo, um instante depois, Naevran surgiu na porta. Sua expressão não era nada amigável; ele estava mais sério que nunca, como se tivesse visto um fantasma.

— Vocês duas, fora. — Ordenou, com tom de voz áspero e autoritário, seus olhos faiscando com uma intensidade que fez as mulheres se apressarem em obedecer.

Evangeline se pôs de pé, observando o elfo com cautela. Havia uma aura pesada em torno dele, uma perturbação sombria. Ele adentrou a sala de estar, se aproximando mais da jovem.

— Há um local sagrado, uma clareira na Floresta das Lamentações, onde a energia da terra é mais forte. Lá, podemos realizar um ritual que, com sorte, nos dará a chance de romper o laço que nos une. Mas pra isso, antes precisaremos encontrar um Amuleto de Rompimento. — Evangeline franziu o cenho, desconfiada.

— Achei que estaria mais empolgado com a ideia de acabar com isso. — Naevran suspirou pesadamente, tenso.

— Digamos que esse ritual não será nem um pouco... agradável. — Uma pontada de medo crescente tomou Evangeline.

— O que quer dizer com "nem um pouco agradável"? — Ela questionou, uma sensação de apreensão se instalando em seu âmago.

— Você precisará morrer. — Isso tirou um engasgo dela, que desencadeou uma pequena tosse desesperada e assustada. — Mas pra isso você precisa estar viva até lá, então, por favor, evite mais engasgos. — Apesar do tom irônico, não havia humor em suas palavras.

Lendas de amor e maldiçõesWhere stories live. Discover now