Capítulo 18 - O Peso dos Segredos

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Evangeline

Naevran e Evangeline cavalgavam pelas estradas de Silverglade, com os campos abertos estendendo-se ao seu redor como um tapete verde ondulante. O sol poente tingia o horizonte com tons dourados, criando sombras longas que se esticavam sobre a paisagem. As colinas se erguiam suavemente à distância, suas silhuetas recortadas contra o céu alaranjado.

Eles chegaram à uma pequena cidade no fim da tarde. As ruas estavam tranquilas, iluminadas pelos últimos raios de sol que se filtravam entre as nuvens no horizonte.

Naevran guiou os cavalos até um modesto mercadinho na rua principal da cidade, enquanto Evangeline observava as fachadas das casas de madeira com curiosidade. Ela se manteve ao lado dos animais enquanto ele adentrava na estalagem, desaparecendo pela porta entreaberta.

Enquanto esperava do lado de fora, Evangeline absorvia os sons e cheiros da cidadezinha. O vento suave carregava consigo o aroma de grama fresca e flores silvestres, misturado com o cheiro reconfortante de comida que vinha das janelas abertas das casas próximas. Ela observava as pessoas que passavam pela rua, alguns cumprimentando-a com sorrisos simpáticos, outros seguindo seu caminho com pressa.

Seus olhos percorreram as ruas tranquilas até avistarem um lugar peculiar no final da rua. Uma construção antiga, com uma porta de madeira maciça e janelas cerradas, destacava-se entre os prédios comuns ao seu redor.

Uma placa oxidada pendia acima da entrada, balançando levemente com a brisa noturna. Nela, estava escrito em letras desgastadas: "Arcanum Antiquum". A pintura descascada e as inscrições misteriosas ao redor da placa adicionavam um ar de intriga ao local. Havia um cartaz na vidraçaria da janela, anunciando poder revelar segredos de alguém, se fosse levado um objeto pertencente àquele do qual desejava saber algum segredo.

Evangeline lembrou-se da faca que Naevran lhe dera após o ataque no vilarejo anterior, para que ela pudesse se defender sozinha caso fosse preciso. Ela sentiu uma atração irresistível pelo lugar, um desejo ardente de desvendar os mistérios que há muito tempo a atormentavam. Ela se perguntou se poderia encontrar respostas lá dentro, se o lugar misterioso poderia revelar algo sobre Naevran, sobre sua própria mãe ou sobre o destino que os unira.

No entanto, antes que pudesse tomar uma decisão, a porta se abriu e Naevran emergiu do estabelecimento, carregando uma sacola de mantimentos. Seus olhos se encontraram, e Evangeline sentiu um calafrio percorrer sua espinha, como se ele pudesse ler seus pensamentos e desaprovar sua curiosidade.

Mas o elfo não disse nada, apenas tomou os corcéis pelas rédeas e ordenou que Evangeline viesse para o seu lado enquanto seguia por uma rua paralela, rumo à uma estalagem onde passariam aquela noite.

O clima entre eles estava tenso e carregado de silêncio. Evangeline caminhava ao lado do elfo, mas sentia como se houvesse uma distância invisível entre eles, maior do que o habitual. Naevran parecia mais distante do que o normal, perdido em seus próprios pensamentos.

O coração de Evangeline batia mais rápido do que antes, e ela se sentia nervosa na presença de Naevran. A lembrança da selvageria com que o elfo havia matado o intruso a assombrava. A maneira como ele se transformara em uma criatura de fúria fria e mortal diante de seus olhos a deixara apreensiva, despertando um medo que ela não ousara admitir antes.

Evangeline lançava olhares furtivos na direção de Naevran, tentando decifrar o que se passava por trás da máscara de impassividade do elfo. No entanto, ela se via incapaz de penetrar nas sombras que envolviam sua mente, deixando-a com uma sensação de desconforto e desconfiança.

Com passos pesados, eles adentraram o interior da estalagem, o ambiente acolhedor contrastando com a tensão que pairava entre eles.

Naevran conduziu Evangeline até o quarto que haviam alugado para a noite. O aposento era simples, como aquele no vilarejo onde tudo aconteceu, com uma pequena mesa ao lado e uma janela que permitia a entrada de uma suave luz da lua. Com exceção de que esse havia uma pequena sala de banho anexada. Naevran dirigiu-se silenciosamente até ela, trancando a porta atrás de si. Ainda havia resquícios de sangue seco manchando suas vestes e suas feições.

Lendas de amor e maldiçõesWhere stories live. Discover now