Capítulo 10 - Flores e discussões

24 5 0
                                    

No jardim, Evangeline riu de si mesma após o que havia acontecido na biblioteca, uma risada suave que se misturava ao sussurro do vento.

— Céus, eu sou um desastre. — Murmurou para si mesma, sua voz uma melodia discreta que se perdia na sinfonia da natureza ao seu redor. Ela se aproximou do pequeno chafariz no meio das flores, onde a água dançava em reflexos brilhantes sob os raios solares.

Uma borboleta azul, com asas delicadamente adornadas com padrões intrincados, pairava sobre a superfície da água, suas asas batendo com uma leveza que parecia desafiar a gravidade. Evangeline estendeu a mão com cautela, como se temesse que um movimento brusco pudesse assustar a criatura alada. Quando a borboleta pousou nas costas de seus dedos, um sorriso extasiado curvou seus lábios, os olhos violeta brilhando com o encanto do momento.

As patinhas minúsculas da borboleta faziam cócegas em sua pele, um arrepio de excitação percorrendo sua espinha. Com um movimento gracioso, a borboleta alçou voo novamente, suas asas azuis refletindo os tons cintilantes do jardim ao redor. Evangeline a seguiu com o olhar, seu coração batendo um pouco mais rápido ao perceber a presença de Naevran próximo à cerejeira, sua figura esbelta destacando-se contra o tronco sombreado.

Mesmo não se esforçando nem um pouco, até naquela posição simples ele era encantador. Cada movimento seu, cada cerrar de olhos e cada curvar de lábios era absolutamente sensual.

— Oi. — Ela disse baixinho, sua voz um murmúrio suave que se perdia na tranquilidade do jardim. — Me desculpe pela confusão que causei. — Pediu, uma pitada de vergonha tingindo suas palavras.

Naevran permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse perdido em seus próprios pensamentos. Então, sem uma palavra, ele iniciou uma caminhada pelo jardim, movendo-se com uma graça felina que era ao mesmo tempo fascinante e enigmática.

Evangeline o acompanhou com o olhar, observando-o enquanto ele parava diante do canteiro das tulipas. As flores desabrochavam em uma sinfonia de cores vibrantes, seus botões delicados se abrindo para receber os beijos do sol. Evangeline se aproximou dele, mantendo uma distância respeitosa que parecia ser tanto uma barreira quanto uma ponte entre eles.

— São minhas favoritas. — Ela comentou timidamente, seus olhos violeta brilhando com uma paixão silenciosa pela beleza efêmera das flores.

Por um segundo o elfo parece surpreso, mas não menciona nada sobre o assunto. Ele olha as belas flores com uma tristeza lampejada em sua expressão.

— Por quê? — Sua pergunta a pega de surpresa.

Não é comum vê-lo interessado em conversar, muito menos em fazer uma pergunta tão sincera sobre algo relacionado a jovem. Evangeline se aproxima dele, ficando do outro lado do canteiro, a uma distância de um metro e meio os dividindo.

— Elas representam a primavera, onde coisas novas e belas florescem. Quando uma tulipa desabrocha, dias lindos estão por vir. Talvez também seja a delicadeza delas mesmo em meio a climas gélidos que me faz refletir que podemos florescer mesmo diante de ventos cortantes. — O elfo presta atenção em cada palavra, refletindo sobre elas enquanto volta a olhar as flores.

— É uma perspectiva interessante. — Ele murmurou, desviando o olhar das tulipas para observar Evangeline com uma intensidade que fez seu coração acelerar.

Ele então desviou sua atenção até o canteiro de rosas negras, plantadas em vasos separados, postos sobre uma mesa de madeira. Naevran caminhou até elas e Evangeline se aproximou, parando ao seu lado.

Observando-o, ela não consegue evitar pensar que essas rosas a lembram Naevran. A rosa
negra podia refletir o modo como ele se fechava para o mundo exterior, mantendo uma fachada de frieza e distância. Assim como ela, ele carregava uma beleza única e intrigante, mas ao mesmo tempo era espinhoso e difícil de alcançar.

Lendas de amor e maldiçõesWhere stories live. Discover now