Capítulo 8 - Solidão à dois

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Nos arredores da sala de jantar da mansão, os detalhes arquitetônicos se destacavam em meio à majestosa grandiosidade do ambiente. As grandes janelas em arco estavam abertas, permitindo que a brisa noturna adentrasse o ambiente. Grandes pilares de pedra maciça sustentavam o teto abobadado, cujas vigas de madeira escura exibiam intrincados entalhes.

A mesa de jantar era o centro das atenções, feita de carvalho maciço e adornada com entalhes intricados. Sobre ela, um banquete digno de realeza estava disposto: grandes travessas de prata carregavam assados suculentos, aves douradas e caças selvagens, enquanto bandejas de frutas frescas e coloridas acrescentavam um toque de frescor ao ambiente.

Candelabros de ferro forjado pendiam do teto alto, lançando luz sobre a cena, criando sombras dançantes nas paredes. O aroma tentador de especiarias e ervas enchia o ar.

A conversa de todos à mesa cessou quando viram seu mestre, com o rosto impassível e firme como o de um imperador. Sukry acenou brevemente para Evangeline, sozinho ao lado direito da mesa, na cadeira do meio. Ela sorriu ao ver seu rosto familiar.

A grande mesa tinha oito lugares, mas apenas quatro estavam preenchidos. Do outro lado da mesa, estava uma jovem mulher de cabelos ruivos como fogo e com o rosto pincelado de sardas que a olhava curiosa. O lugar ao lado dela estava sentada outra mulher, de pele escura, longo cabelo castanho ondulado e belos olhos dourados como ouro, vestindo um pomposo vestido prateado, cheio de babados e ornamentos. Na ponta sul da mesa sentava-se um homem que que assim como Sukry, parecia beirar os 28 anos, de cabelo escuro e olhos negros como a meia noite. Ele a olhava analiticamente com a expressão atenta.

O Corvo cerrou os olhos, lançando um olhar indagador alternado entre Evangeline e o curandeiro.

— Suponho que já tenham se conhecido. — Seu tom de voz era desconfiado.

— Sukry me apresentou à mansão mais cedo. — A jovem explicou, tensa por todos estarem olhando pra ela.

— Que prestativo, não é mesmo? — Naevran respondeu lançando um olhar um tanto ameaçador para o curandeiro, que deu de ombros com um sorriso travesso.

— Por que não para de assustar nossa hóspede e a deixa se sentar, Naevran? — A mulher de olhos dourados disse, tirando um suspiro irritado do elfo.

— Essa é Morgana. — O elfo começou a apresenta-los. — Sentada ao lado dela está Katerina. — Kate sorriu animada e acenou. — Aquele na ponta é Raskë. — Todos a olhavam com interesse, exceto Raskë que a olhava com receio.

Em erguida Naevran voltou o olhar à Evangeline, forçou um sorriso e apontou para a mesa, dando-a a liberdade de tomar um lugar à mesa.

Ela optou por sentar-se ao lado do curandeiro, na primeira cadeira da fileira à direita. Naevran sentou-se na ponta, é claro, próximo à ela.

— Diga-nos, de onde você é? — Perguntou Morgana, com os braços postos em cima da mesa.

A jovem sorriu timidamente antes de responder.

— Do vilarejo Leste, e você? — Ela mudou de posição, encostando as costas na cadeira.

— Sou de Serenovia também, mas nasci na capital. Suponho que seu vilarejo fique próximo ao Poço, certo? — Evangeline assentiu.

Ao ouvi-la se referir ao reino como se estivessem à parte dele fez Evangeline se perguntar onde, exatamente, se localizava a mansão. Ela sabia que estava na Floresta das Lamentações, mas a floresta era quase tão grande quanto o território dos reinos ao redor.

— Você tem olhos únicos! De onde eles vem? Você é uma feiticeira? — A mulher ruiva perguntou, chamando sua atenção.

— Uma pergunta de cada vez, Katerina! — Morgana a repreendeu, o que tirou um sorriso envergonhado dela.

Lendas de amor e maldiçõesWhere stories live. Discover now