Capítulo 13 - Entrelaçados

16 4 0
                                    

Os pensamentos de Evangeline se embolavam desordenadamente em sua mente, como um novelo prestes a desfazer-se.

Naevran, por sua vez, parecia compartilhar do mesmo nível de estresse. Ele entrelaçou os dedos, levando as mãos atrás da cabeça enquanto soltava um suspiro exasperado, virando-se de costas.

— Como você consegue causar tanto estrago? — ele murmurou, a frustração impregnando cada palavra.

— Por que alguém deixaria uma faca dessas por aí, sem nenhum aviso do que ela realmente faz? — Evangeline rebateu, sua voz carregada de indignação.

Naevran abaixou as mãos, apertando-as ao lado do corpo até que seus nós se tornassem brancos. Era como se estivesse contendo-se para não arrancar seu coração do peito ali mesmo.

— A maldição só afeta aqueles que desconhecem sua existência. — Ele avançou na direção dela, um olhar ameaçador nos olhos. — E onde deixo minhas armas não é da sua conta. — Evangeline engoliu em seco, recuando um passo.

O sol já começava a cair, o tempo escorrendo rapidamente entre seus dedos.

— E o que você pretende fazer a respeito? Me matar? — provocou ela, fixando-o com um olhar feroz, embora seu coração martelasse no peito.

Nunca deixe seus inimigos perceberem o medo que eles lhe causam, era o que seu tio Kordak sempre dizia.

Naevran pressionou os lábios, franzindo o nariz. Então, uma de suas mãos segurou-a pelo pescoço, puxando-a para perto com força, obrigando-a a encará-lo nos olhos.

— Há inúmeras formas de fazer alguém sofrer sem precisar mover um dedo, Evangeline. — Sua voz soou como uma sentença, seu olhar penetrante. — Eu tomaria cuidado com as palavras se fosse você. — Evangeline debatia-se, tentando afastá-lo.

— Vá para o inferno! Me solte! Eu preciso ir antes que... — ela se interrompeu, percebendo ter dito demais ao ver os olhos curiosos de Naevran.

— Por que estava fugindo, Evangeline? — ele exigiu, a voz impaciente enquanto a libertava de seu aperto.

Evangeline hesitou por um momento, percebendo o beco sem saída em que se encontrava. Se quisesse salvar seus tios, precisaria agir sozinha. Mas Naevran jamais permitiria isso.

Ela fechou os olhos com força, as mãos pressionando o rosto, soltando um grito frustrado. Sentia que a qualquer momento poderia desmoronar. Por um breve instante, uma expressão de preocupação aflorou nos olhos de Naevran, seu semblante menos ameaçador do que o habitual. Isso normalmente indicava um certo grau de apreensão.

Ou talvez estivesse prestes a fazer algum comentário sarcástico. Evangeline ainda não sabia ao certo como interpretar as emoções dele. Afinal, ele não era muito expressivo.

Evangeline suspirou, ponderando suas opções.

Independentemente do que dissesse ou deixasse de dizer, Naevran não permitiria que ela partisse sozinha, arriscando sua vida e consequentemente os planos dele. Não havia outra escolha senão dizer a verdade e torcer para que seus tios sobrevivessem ao processo.

— Mais cedo, tive uma espécie de visão enquanto lia um livro. Na visão, alguém falava comigo enquanto eu via a imagem dos meus tios sendo torturados, dizendo que eu deveria voltar para casa sozinha se não quisesse que eles morressem. Tenho dois dias para estar lá. — resumiu Evangeline, dando alguns passos em círculos, os braços cruzados.

Ela lançou um olhar breve a Naevran. Ele permaneceu em silêncio, observando-a com seriedade e cautela.

— Reconheceu a voz? — indagou ele.

Lendas de amor e maldiçõesOù les histoires vivent. Découvrez maintenant