Parado diante dela, com seu cabelo negro desalinhado, Evangeline o encarava com uma mistura de fascínio e temor. Ela nunca esperava encontrá-lo sem sua máscara, revelando um rosto que misturava beleza e perigo de uma forma perturbadora em sua pele suavemente morena.
— Você... — Sua voz saiu num sussurro, quase perdendo-se na imensidão da floresta ao redor.
O homem, agora sem disfarces, sorriu de leve, como se apreciasse a admiração nos olhos da jovem.
— Eu. — Sua resposta foi simples, carregada de uma presunção quase insolente.
A tensão entre eles era palpável, como se estivessem em lados opostos de um abismo prestes a desabar.
Evangeline afastou-se dele, dando um passo para trás para poder desvendar seu rosto com mais clareza, sem a máscara que escondia parte de sua identidade.
E céus, ele tinha uma beleza simplesmente... devastadora.
Seus olhos percorreram cada linha do rosto do homem corvo, capturando cada detalhe, desde os cabelos negros que brilhavam como a escuridão entre as estrelas até a cicatriz que marcava sua pele de maneira sinistra, cortando seu olho esquerdo.
A linha de sua mandíbula era proeminente e quase tão afiada quanto uma lâmina, que poderia muito bem cortar diamantes. Seu nariz era reto e aristocrático, o que lhe dava uma beleza além de etérea, elegante.
Ele tinha uma beleza que refletia as sombras da noite, mas que continha o brilho das estrelas.
Ela percebeu que, apesar da beleza etérea, havia algo de assustador naquela figura, algo que atraía e repelia ao mesmo tempo.
Ele permaneceu imóvel, observando-a com uma intensidade penetrante que a fez estremecer por dentro.
Naquele momento, vendo-o sem máscaras, a garota teve a estranha sensação de que já o conhecia, antes mesmo de encontra-lo no solstício.
Evangeline engoliu em seco. Ela sentia medo do homem diante dela, com toda certeza. Uma aura de perigo claro e eminente o rodeava. Mas essa emoção acendia algo dentro dela.
— Nos encontramos de novo. — Ela continuou, seus olhos fixos nos dele.
Ele apenas deu de ombros, como se encontrar-se com ela fosse algo inevitável, uma peça predestinada no tabuleiro do destino.
— Parece que é um hábito seu andar sozinha pela floresta. — Evangeline sorriu.
— E parece que é um hábito seu me encontrar. — Um sorriso misterioso brincou nos lábios dele.
Um silêncio carregado de significado pairou entre eles, como se ambos soubessem que aquele encontro era mais do que uma simples coincidência.
— Você é aquele dos quais as almas desesperadas procuram por pactos? — Evangeline perguntou, sua voz carregada de curiosidade e um leve temor.
O homem corvo estreitou os olhos, avaliando-a com uma expressão indecifrável.
— Você está desesperada? — Sua pergunta foi direta, fazendo-a se sentir exposta e vulnerável.
Evangeline engoliu em seco, lutando para manter a compostura diante da intensidade do olhar do homem corvo.
— Não vim atrás de pactos, apenas busco respostas para algumas perguntas. — Sua voz saiu firme, mas ela sabia que havia uma nota de hesitação em suas palavras.
O Corvo, com um sorriso enigmático, brincava com ela:
— Informações são tão valiosas quanto tesouros, senão mais. O que está disposta a oferecer em troca? — Sua voz era suave, mas havia um subtom de ameaça implícita em suas palavras.
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Lendas de amor e maldições
FantasyEm um reino onde a magia é vigiada, Evangeline Starlight carrega o fardo de uma linhagem perseguida. Seus cabelos brancos e olhos violetas a distinguem como diferente, alimentando sussurros e olhares desconfiados. Atormentada por dúvidas sobre sua o...