Capítulo 37 - Entre a Joia e o Mar

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À medida que avançavam pelo leito do rio serpenteante que cortava as falésias, o som das águas tumultuadas ecoava ao redor deles, criando uma melodia constante e reconfortante. As paredes de pedra maciça pareciam abraçá-los, enquanto a água salpicava seus rostos e os envolvia em uma névoa refrescante.

Finalmente, chegaram à base da grande queda d'água que escondia a entrada das cavernas subterrâneas. A cortina de água caía com um rugido ensurdecedor, envolvendo-os em um véu translúcido que distorcia a visão e enchia o ar com um aroma fresco e revigorante.

Com passos cautelosos, os três se aproximaram da base da cascata, sentindo a força da água batendo contra seus corpos. Evangeline levantou o capuz para proteger o rosto das gotas que dançavam no ar, enquanto Raskë ajustava sua postura, preparado para qualquer coisa que pudesse acontecer.

Naevran liderava o grupo, seu olhar penetrante sondando a cortina de água que ocultava a entrada das cavernas. Ele permaneceu em silêncio por um momento, sua expressão séria e concentrada enquanto estudava a escuridão à frente.

Naevran passou as mãos pelas paredes da entrada da caverna, sua expressão se tornando cada vez mais frustrada e irritada à medida que sentia a textura áspera sob seus dedos. Ele recuou, os olhos estreitos de desgosto enquanto fitava as paredes escuras da caverna.

— Obsidiana...— murmurou ele, sua voz carregada de desânimo. — Esta caverna está revestida de obsidiana. — Evangeline e Raskë trocaram olhares preocupados, compreendendo a gravidade da situação.

A obsidiana era conhecida por sua capacidade de anular a magia dos elfos, enfraquecendo seus poderes de forma significativa. Era uma pedra temida entre sua espécie, um símbolo de fraqueza e vulnerabilidade.

— Com este revestimento de obsidiana, meus poderes serão reduzidos a quase nada dentro desta caverna. Estamos em desvantagem aqui. — Naevran explicou brevemente a situação, seu tom de voz refletindo sua frustração e preocupação.

Evangeline engoliu em seco, sentindo o peso da situação se abater sobre ela. Eles estavam prestes a entrar em um ambiente hostil e perigoso, onde sua capacidade de se defender seria severamente comprometida.

— Qual o plano, mestre? — Raskë indagou, sempre pronto à obedecer.

O elfo suspirou, olhando para Evangeline.

— Você fica aqui esperando enquanto eu e Raskë entramos lá dentro e procuramos o artefato. — Imediatamente Evangeline cruzou os braços, a expressão descontente.

— Eu sei me cuidar sozinha, Naevran. — Ela esbravejou.

— Sei que você é forte, coelhinha. Mas esta é uma situação diferente. Não posso arriscar sua segurança. Se algo der errado lá dentro, não poderei protegê-la. Seria uma distração desnecessária e colocaria todos nós em perigo. — Evangeline franze o cenho, sentindo a frustração borbulhar dentro dela.

Ela quer protestar e argumentar que pode se defender sozinha, mas uma parte dela entende a lógica por trás das palavras de Naevran. Mas é inevitável sentir-se desconfortável com aquilo.

Relutante, ela acena com a cabeça, num suspiro de rendição. Ela sabe que está agindo com o melhor interesse do grupo em mente.

— Tudo bem, eu espero aqui. Mas não demorem. Não quero ter que precisar usar minha adaga em nenhum perseguidor. — Seu tom carrega um toque de advertência, mas Naevran assente silenciosamente, agradecendo sua compreensão.

Com um último olhar de preocupação, ele se vira e lidera Raskë para dentro da caverna, deixando Evangeline sozinha na entrada enquanto observa os dois adentrando na escuridão com suas tochas.

Lendas de amor e maldiçõesWhere stories live. Discover now