Capítulo 11 - Vilania do desespero

18 4 0
                                    

Dois dias se arrastaram, pesados com o fardo das revelações e a incerteza do futuro. Evangeline mergulhava nas profundezas de sua mente, tentando desvendar os enigmas que a rodeavam, mas cada resposta só lhe lançava mais perguntas.

No cerne de seu turbilhão mental, uma questão persistia: qual era o papel dela nessa teia de mistérios?

Evangeline ocupou seus dias seguintes em uma busca incansável pelo artefato necessário para desvendar os segredos do Arco do Tesouro feérico, mas seus esforços foram em vão. Ela optou por manter suas investigações em segredo, evitando levantar suspeitas sobre seu interesse pela vida de Naevran.

Seria ele realmente o príncipe dos elfos, ou isso não passava de uma fantasia criada pela mente da jovem?

As lendas contavam sobre um príncipe feérico que se apaixonou por uma humana. No entanto, Evangeline não conseguia conciliar essa imagem com a figura fria e distante de Naevran, que parecia nutrir um profundo desprezo pela raça humana.

Nenhum livro mencionava o nome do filho do rei e da rainha feéricos, o que só aumentava o mistério. Onde ele estava durante o roubo do Arco e a tragédia que se seguiu? Ela se sentia como em um labirinto, onde cada porta aberta revelava apenas mais um corredor escuro à sua frente. Cada resposta conquistada apenas desencadeava uma nova cascata de perguntas.

Já fazia quase dez dias desde sua fuga do vilarejo, impulsionada pelo desejo de descobrir o paradeiro de seus pais desaparecidos. No entanto, apesar de todos os seus esforços, ela mal avançara um passo em direção a essa meta. Evangeline passou os últimos dias imersa em atividades triviais na mansão, buscando se familiarizar com sua nova realidade. Até mesmo Raskë, o guardião cauteloso e esquivo, parecia se abrir um pouco na presença dela.

— Você passa o tempo todo cozinhando aqui? — Evangeline indagou a Kate, observando-a preparar cookies na cozinha da mansão.

Com seu cabelo ruivo preso em um rabo de cavalo e o rosto salpicado de farinha, Kate deu de ombros, batendo as mãos sujas.

— Eu gosto disso, para ser honesta. Sempre tive uma queda pela culinária. E a vida aqui na mansão é... interessante, para dizer o mínimo. — Um brilho apaixonado iluminou seu olhar.

Evangeline franziu o cenho, observando-a com uma desconfiança travessa. Havia momentos em que flagrava Kate e Raskë trocando olhares furtivos ou conversando em cantos isolados. Ela gostaria de questionar sua amiga sobre isso, mas sentia que ainda não havia construído intimidade suficiente para tal. Se mantinham segredos um do outro, talvez houvesse um motivo para isso.

— Há quanto tempo você está aqui? — A ruiva ponderou por um momento.

— Três anos. Fui a última a chegar. — Evangeline se perguntou o que a levou até ali.

— Imagino que também tenha feito algum acordo com Naevran. — Kate suspirou, torcendo os lábios.

— Na verdade, não. Estou pagando por uma dívida que não é minha. — Evangeline arqueou as sobrancelhas, surpresa e curiosa.

Antes que Kate pudesse explicar mais, Morgana adentrou a cozinha. Como sempre, estava impecavelmente vestida.

— Kate, estou faminta. — Reclamou, dirigindo-se ao balcão central da cozinha. — Oi, Eve, como vai hoje? — Cumprimentou, parecendo um pouco cansada.

— Bem. Foi um dia agitado? — Perguntou Evangeline, notando a expressão fatigada de Morgana.

— Estava desenhando alguns modelos de vestidos bufantes para a esposa de um Conde de Serenovia. Acho que você a conhece, Kate. Seu nome é Beatrice Conway. — A ruiva assentiu.

Lendas de amor e maldiçõesWhere stories live. Discover now